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SÃO PAULO – O governo deu sinais de preocupação com uma possível repetição da onda de manifestações populares que se alastrou pelo país há quase cinco anos com a atual paralisação dos caminhoneiros, que acaba de entrar em sua segunda semana. Essa é a leitura que faz analista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, autor do Mapa Político, conteúdo semanal de análise disponível na Loja de Relatórios do InfoMoney. O especialista esteve no programa Conexão Brasília da última sexta-feira (assista a íntegra pelo vídeo acima).
“Os desdobramentos foram em cadeias, em diferentes partes do território nacional. Por qualquer critério que a gente julgue, foi um movimento de impacto político muito relevante, e aí o fantasma de 2013 apareceu. Em um ano eleitoral, de novo uma potencial onda de manifestações poderia arranhar ainda mais o governo em um momento em que ele já é muito frágil”, afirmou durante o programa.
O especialista chama atenção para uma descoordenação da base aliada em função da aproximação do calendário eleitoral e o baixíssimo nível de popularidade do presidente Michel Temer. “Os líderes do Congresso não querem dar suporte a um governo que é mal avaliado em um ano eleitoral. Há um oportunismo por boa parte das ações destes líderes tentando, de alguma maneira, ou minimizar o estrago decorrente desta imagem ou eventualmente conseguir sinalizar alguma bandeira pensando no discurso eleitoral”, diagnosticou.
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Para Cortez, o atual contexto político faz com que antigas preocupações do mercado voltem a ganhar força. A fragilidade do atual governo instiga investidores a voltarem a dar peso ainda maior ao risco de deterioração fiscal. “Mesmo a política econômica, que parecia protegida das incertezas políticas, está sob risco, sobretudo nas duas pernas principais que o governo sinalizava ao mercado e aos agentes econômicos que eram pilares centrais de sua administração: a fiscal e a regulatória. O mercado tinha comprado que estava protegido, mas isso passa a entrar no jogo”.
No caso específico da nova rodada de concessões aos caminhoneiros para tentar pôr fim à greve, o que se observa é maior gasto do governo com subsídios, o que naturalmente retroalimenta a preocupação fiscal, gerando desconfiança dos agentes econômicos. A tendência é de maior volatilidade cambial durante o período eleitoral com a inclusão de mais este fator de instabilidade. Enquanto os pré-candidatos ainda se preparam para a corrida, nota-se maior questionamento em torno da atual gestão da Petrobras pela classe política — não apenas opositores, mas membros da base aliada até pouco tempo atrás.
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“A crise agora ataca talvez o único pilar que poderia legitimar um projeto presidencial de dentro da base do governo, sobretudo do MDB, que é a questão da normalização econômica. Todo esse conflito com relação ao combustível nos remonta ao passado, à escassez, à luta por bens, à greve paralisando o país. Não é o tipo de agenda de quem quer vender continuidade”, observou o analista político. Nesse sentido, pode crescer ainda mais a dificuldade para candidatos pró-reformas econômicas ortodoxas no xadrez eleitoral.
Na avaliação de Cortez, episódios como este da greve dos caminhoneiros amplia o potencial eleitoral de discursos populistas à direita e à esquerda, o que pode elevar o ambiente de riscos para o mercado.
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