Governo Temer tenta acelerar afastamento definitivo de Dilma e abafar novas eleições

Com a inexistência de apoio expressivo, mas a continuidade de repúdio significativo, crescem as preocupações sobre a capacidade de o peemedebista conduzir reformas no país

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A fragilidade da economia e a pressão por reformas estruturais urgentes, as delações e o cerco de investigações a caciques do PMDB, e a baixa popularidade ameaçam a governabilidade e, no limite, a sobrevivência de Michel Temer no comando do país. Com o cenário de ampla fragilidade política dos mais diversos atores, crescem as especulações na imprensa sobre a possibilidade de novas eleições apresentarem-se como solução ao impasse. É o que conta a jornalista Eliane Cantanhêde em sua coluna desta sexta-feira (27) para o jornal O Estado de S. Paulo.

O processo de impeachment motivado por razões econômicas e o desejo de estancar os avanços da Operação Lava Jato do lado dos parlamentares que tornaram possível o afastamento de Dilma Rousseff não levam os grupos da população que apoiaram a troca de governo a dar suporte a Michel Temer. Com a inexistência de apoio expressivo, mas a continuidade de repúdio significativo, crescem as preocupações sobre a capacidade de o peemedebista conduzir reformas no país, sobretudo levando-se em consideração os escorregões recentes.

Em meio a um cenário tão volátil, os planos de quem ascendeu ao poder são de pôr para votação o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff o quanto antes, evitando-se, assim, a possibilidade de retorno da petista. A ideia é que o julgamento do impeachment se dê am agosto, antes mesmo das Olimpíadas e do início oficial da campanha para as eleições municipais. Entre os que defendem a volta de Dilma, a leitura mais aceita é que ela prepare terreno para que novas eleições sejam convocadas — processo que precisará de forte participação do ex-presidente Lula, um dos nomes com mais expressão para o pleito.

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Corroborando com a tese apresentada pela jornalista do Estadão, basta observar o placar da admissibilidade do processo no Senado: 55 a 22. Trata-se de magem folgada para o afastamento de Dilma, mas muito apertada para seu impeachment de fato. Caso perca apoio de dois parlamentares, Temer pode ver seus planos ruírem de vez.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.