Galípolo é favorito para suceder Campos Neto no BC, mas analistas avaliam timing

Campos Neto tem mandato até 31 de dezembro, mas 27% dos especialistas consultados acreditam que Lula pode antecipar anúncio para o terceiro trimestre; outros 73% esperam notícia a partir de outubro

Marcos Mortari

O economista Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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Primeiro indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a diretoria do Banco Central em seu terceiro mandato, o economista Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, é visto como favorito para suceder a Roberto Campos Neto no comando da autarquia.

É o que mostra a 55ª edição do Barômetro do Poder, levantamento mensal feito pelo InfoMoney com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na política nacional.

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Segundo o levantamento, realizado entre 25 e 30 de abril, 91% dos participantes que responderam ao questionamento apostam no nome de Galípolo como futuro presidente do BC. Outros 9% mencionaram Paulo Picchetti, que tomou posse como diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos no início do ano.

Os especialistas, no entanto, apresentam divergência maior quanto ao momento em que Lula comunicará o sucessor de Campos Neto, que tem mandato no comando do Banco Central até 31 de dezembro deste ano. Para a maioria (73%), a indicação deverá ser feita a partir de outubro. Outros 27% apostam em uma antecipação do anúncio para o terceiro trimestre.

“A cada [reunião do] Copom (Comitê de Política Monetária), ficará mais claro que Galípolo é o escolhido de Lula para o [comando do] BC. O anúncio, provavelmente em outubro, irá apenas confirmar as expectativas”, afirmou um analista.

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O processo sucessório de Roberto Campos Neto, no cargo desde fevereiro de 2019, é acompanhado com atenção por agentes econômicos – sobretudo em meio às apostas de manutenção dos juros em patamar elevado pelo Federal Reserve, nos Estados Unidos, por mais tempo e diante das preocupações com riscos fiscais no Brasil.

O nome de Galípolo é considerado mais “dovish” do que de Campos Neto pelo mercado financeiro − o que pode se traduzir em uma política monetária mais frouxa para os dois últimos anos do terceiro mandato de Lula.

O Barômetro do Poder também ouviu analistas políticos sobre as relações entre Lula e o BC da recente reversão de expectativas do mercado e de acenos de integrantes do BC sobre possíveis mudanças na política monetária. A maioria dos especialistas (75%) acredita em poucas alterações no ambiente atual para os próximos 6 meses, ao passo que 25% esperam uma piora.

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“O mercado por vezes é passional e exagera na dose de previsões quando se depara com situações de ajuste de horizonte. No caso da projeção da Selic, ficaram ‘emocionados’ com a mudança na meta fiscal dos próximos anos. A inflação dentro da meta, no entanto, se mostra resiliente, e o Banco Central deve concluir o ano fixando os juros em 9% a.a.”, disse um analista.

Metodologia

Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 8 consultorias políticas – Ágora Assuntos Políticos; Control Risks; Eurasia Group; MCM Consultores; Medley Global Advisors; Prospectiva Consultoria; Tendências Consultoria Integrada; e Warren Rena – e 4 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); Rogério Schmitt (Espaço Democrático) e Thomas Traumann (Traumann Consultoria).

Os questionários são aplicados de forma eletrônica. Conforme combinado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo mantido o anonimato das respostas.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.