Focando em setores cíclicos, Santander atualiza carteira recomendada

Otimismo com o mercado interno leva banco a aumentar a exposição aos setores cíclicos domésticos em seu portfólio

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – Com otimismo frente aos setores cíclicos domésticos, o Santander divulgou novas estratégias de investimento, aumentando a exposição aos setores de imóveis para aluguel e mineração. As alterações foram feitas após a análise de indicadores divulgados recentemente, medidas adotadas pelo governo e expectativas com as eleições presidenciais.

A corretora acredita que os setores cíclicos domésticos devam passar por um período de desempenho acima do Ibovespa até o final do ano. “O catalisador para um desempenho superior deve ser a retomada de tração da economia brasileira até o final do ano”, avaliaram os analistas do Santander Marcelo Audi e Leonardo Milane.

Cenário interno favorável
Se em maio acreditava-se que o aperto monetário e as eleições poderiam levar a uma desaceleração econômica mais forte que o desejado em 2011, agora os analistas esperam que nenhum destes fatores ocorra. O aperto mais brando do que o esperado gera um risco positivo de momento econômico mais forte, por mais tempo. “Isso pode adiar nossa recomendação para migrar dos cíclicos domésticos para os defensivos domésticos, que prevíamos para o primeiro trimestre de 2011”.

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Dessa forma, os analistas mantêm uma forte exposição aos ciclos domésticos, em detrimento a uma postura defensiva, ao passo que mantêm uma atitude discreta com relação aos cíclicos globais. “Os cíclicos domésticos estão em uma avaliação cada vez mais cara, porém num momento forte; os cíclicos globais têm avaliação atrativa, mas momento fraco”, explicam Audi e Milane.

Os indicadores relacionados à demanda sustentam tal tese do banco. O desemprego a um novo piso histórico de 6,7% em agosto deste ano, a massa salarial real a níveis similares aos observados no período pré-crise, assim como o ritmo de crescimento da folha de pagamentos e as taxas de juros de crédito ao consumidor em um piso recorde sinalizam um cenário doméstico favorável.

Mudanças na alocação da carteira

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Setor  Peso Acima/Abaixo
da Média Atual
Ação
Imóveis para aluguel 4,5% BR Properties ON
Construtoras 4,5% MRV ON e PDG Realty ON
Instituições financeiras 4,5% Banco do Brasil ON, Cielo ON
e BM&FBovespa ON
Mineração 4,5% Vale PNA
Aeroespacial e transporte 4,5% GOL PN e CCR ON
Industriais 2,0% Iochpe Maxion ON e Randon PN
Varejo 2,0% Lojas Renner ON
Petróleo, Gás e Petroquímicos 0,0% Petrobras ON
Siderurgia -6,4% CSN ON

A seguir, veja as justificativas para as alterações na carteira:

Imóveis para Aluguel: os papéis da BR Properties (BRPR3) foram acrescentados à carteira, uma vez que os analistas acreditam existir fortes catalisadores no curto prazo, tais como aquisições, novos contratos de aluguel, compressão da cap rate e reprecificação da carteira. Por outro lado, as ações da BRMalls (BRML3) foram removidas devido ao resultado positivo desde sua inclusão no portfólio.

Construtoras: a corretora retirou a Cyrela (CYRE3) da carteira, com a justificativa de resultados piores que o esperado no primeiro e no segundo trimestres do ano, além de afirmar que a empresa não deverá apresentar melhora no curto prazo.

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Instituições financeiras: as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) foram trocadas pelas do Banco do Brasil (BBAS3), sob a desconfiança de que estas são negociadas com um desconto exagerado, em comparação aos seus pares. Os analistas afirmam que tal desconto não se justifica, uma vez que o banco trabalha com um ROE (Return On Equity) e com um crescimento de crédito similares aos seus concorrentes.

Enquanto isso, as ações do BicBanco (BICB3) foram retiradas do portfólio, com um retorno positivo desde a inclusão na carteira.

Varejo: os papéis da Hering (LHER4) foram excluídos da estratégia de investimento, devido ao “desempenho extraordinário da ação” desde 19 de maio, quando foi incluída na recomendação do Santander.

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Saúde: do mesmo modo, as ações da Amil (AMIL3) deixaram a carteira do banco por superar fortemente o Ibovespa e, consequentemente, tornar-se menos atrativa.