FHC quis “pegar carona” nas manifestações ao pedir renúncia, avalia Dilma

Ontem, pelo Facebook, o ex-presidente afirmou que os protestos mostram que o governo é "ilegítimo" e sem "base moral" e seria um gesto de grandeza se Dilma renunciasse; presidente afirmou ainda que fala é contraditória

Lara Rizério

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SÃO PAULO – De acordo com relatos obtidos pela Folha de S. Paulo, a avaliação da presidente Dilma Rousseff é de que Fernando Henrique Cardoso quis “pegar carona” nas manifestações que ocorreram no domingo (16). 

Para ela, os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP), que foram às ruas pela primeira vez, foram tentar tirar “proveito das manifestações”. FHC quis se posicionar e não ficar para trás. Segundo um assessor da presidente, o tucano “morde e assopra”. 

Ontem, em sua página no Facebook, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu se pronunciar e mostrou uma boa mudança em seu discurso. Segundo ele, os protestos mostram que o governo é “ilegítimo” e sem “base moral” e seria um gesto de grandeza se Dilma renunciasse. “O mais significativo das demonstrações, como as de ontem [domingo], é a persistência do sentimento popular de que o governo, embora legal, é ilegítimo. Falta-lhe a base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo“, afirmou.

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Para Dilma, a fala de FHC foi contraditória comparada ao tom mais moderado do ex-presidente em ocasiões anteriores. 

A fala de FHC ecoou entre os petistas: o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), questionou se o ex-presidente estaria “girando bem” e afirmou que FHC está indo por um caminho “golpista”. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que esperava-se de FHC uma posição de estadista. “No entanto, ao invés disso, ele age como líder de torcida”. Costa ainda classificou a declaração como um grave equívoco”, “demonstração de ressentimento e inveja” que revela uma “pequenez política” por parte do ex-presidente.

Após as críticas de FHC, ele se reuniu com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para que eles “alinhem” o discurso. De acordo com relatos feitos pelo mesmo jornal o tucano fez análise do cenário político e disse que o partido deveria falar a mesma língua ao discutir as alternativas para que o País saia da crise. Há duas semanas, aliados de Aécio defenderam a renúncia da presidente e do vice-presidente Michel Temer e a convocação de novas eleições. Já Alckmin tem manifestado cautela sobre a possibilidade de afastamento da presidente. 

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Logo após o encontro, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) afirmou nesta segunda-feira (17) que há motivos suficientes para a Câmara dos Deputados analisar um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A seu ver, a prática de crime de responsabilidade pela presidente da República deve fundamentar o pedido de impeachment, que ainda precisa do apoio de 342 deputados federais. Segundo o senador paulista, as condições jurídicas para o afastamento da presidente existem e processo só não ocorre devido ao apoio do PMDB ao governo.


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.