Fernando Baiano seria o “detentor de segredos” da campanha de Dilma citado por Youssef

Operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Soares Falcão, o Fernando Baiano, é o suposto "novo delator" citado pelo doleiro Alberto Youssef que esclarecerá a doação de R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff em 2010

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Soares Falcão, o Fernando Baiano, é o suposto “novo delator” citado pelo doleiro Alberto Youssef que esclarecerá a doação de R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff em 2010, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.

Youssef fez a afirmação em acareação na CPI da Petrobras na última terça-feira, em que ficou frente a frente com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Costa reafirmou que o doleiro o procurou na campanha de 2010 alegando que recebeu pedido do ex-ministro Antonio Palocci para repassar R$ 2 milhões para a campanha da candidata do PT. Já Youssef afirmou: “vou me reservar ao silêncio, porque existe uma investigação nesse assunto do Palocci e logo vai ser revelado”, disse o doleiro. 

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“Eu não conheço o Palocci, não conheço o assessor, nem o irmão e ninguém fez pedido a mim para que eu arrebanhasse recurso para a campanha da Dilma de 2010″, afirmou Youssef. ”Tem outro réu colaborador que está falando. Eu não fiz esse repasse. Assim que essa colaboração for divulgada, vocês vão saber quem pediu e quem repassou os recursos.”

Segundo o jornal, Baiano é o “detentor dos segredos” que Youssef menciona sem citar o nome, mas a defesa do operador do PMDB não foi localizada para comentar o caso. Baiano negocia desde o mês passado um acordo de colaboração premiada com a Lava Jato.

Na semana passada, Fernando Baiano foi condenado a 12 anos, três meses e dez dias de reclusão, mais multa pelo juiz Sergio Moro por corrupção e lavagem de dinheiro em uma das ações penais decorrentes da Operação Lava Jato.

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De acordo com a sentença, apesar de o rastreamento feito pela força-tarefa da Lava Jato não ter sido integral, ficou comprovada a movimentação de fluxo financeiro no exterior de valores da empresa Samsung, contratada pela Petrobras para fornecimento dos navios-sondas, para Júlio Camargo, que repassou parte do dinheiro para Fernando Baiano e Nestor Cerveró.

“Rigorosamente, o MPF identificou indícios que relacionam Fernando Soares diretamente a pelo menos outra conta no exterior, beneficiária de repasses da Piemonte Investments, de Júlio Camargo. Com efeito, nos extratos da conta Piemonte podem ser identificadas três transferências nos valores de US$ 150.000, US$ 110.000 e US$ 59.113 em favor de conta no exterior em nome de Iberbras Intregracion de Negocios Y Tecnologia S/A. Ocorre que, em relatório de visitas à Petrobras, por Fernando Soares, ele se identificou, em mais de uma dezena delas, como “representante da empresa Iberbras, o que é indicativo de sua ligação também com a referida conta”, disse Moro na sentença.

Também foram comprovados, segundo a sentença, 34 operações entre Júlio Camargo e Fernando Baiano, no valor total de US$ 14.317.083. “Do que foi possível rastrear no exterior, descobriu-se que pelo menos duas das contas beneficiárias são ligadas a Fernando Soares. De uma delas é ele o beneficiário final, de outra, o representante [Three Lions Energy e Iberbrás, respectivamente] e ainda há um sucessivo repasse da conta controlada por Fernando Soares para a conta que tem por beneficiário final Nestor Cuñat Cerveró.”

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.