Em nota, Michel Temer reconhece que não se pode contingenciar fundo partidário

Esclarecimento vem um dia depois do vice-presidente da República afirmar que poderia haver contingenciamento dos recursos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O vice-presidente da República Michel Temer voltou atrás e, um dia após dizer que pode haver um contingenciamento dos recursos do fundo partidário – que praticamente triplicou entre 2014 e 2015 -, divulgou nota afirmando que o contingenciamento não é possível. 

A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2015 impede que os recursos do Fundo Partidário sejam alvo de contingenciamento orçamentária e está entre as 65 despesas listadas que não podem ser contingenciadas. 

“Ao tomar ciência de que não é possível o contingenciamento dos recursos do Fundo Partidário, por limitações legais, o vice- presidente Michel Temer esclarece que buscou contribuir com o debate sobre as medidas para a redução de despesas em benefício do ajuste fiscal”, disse o vice-presidente em nota

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Ao Valor Pro, serviço em tempo real do Valor Econômico, Temer afirmou que não dá para fazer o contingenciamento, mas que o PMDB abrirá mão de uma parte do acréscimo que irá receber. 

O aumento da verba do fundo partidário, que passou de R$ 289 milhões para R$ 867 milhões e que foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff sem vetos gerou polêmica dentro e fora do governo. 

Pressionada, a presidente sancionou um valor do fundo três vezes maior do que o do ano passado. Contudo, parte do recurso deve ser contigenciado. As definições sobre isso ocorrerão após análise do comportamento da arrecadação e das votações sobre o plano de ajuste fiscal do governo federal no Congresso.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) criticou a presidente Dilma ao avaliar o aumento do Fundo Partidário, ao dizer que ela escolheu a “pior solução” ao sancionar o aumento ao mesmo tempo em que indica que irá bloquear parte desses recursos. 

“A presidenta fez o que havia de pior. Ela sancionou um aumento incompatível com o ajuste (fiscal) e disse desde logo que vai contingenciar. Ou seja, fez as duas coisas ao mesmo tempo e errou exatamente dos dois lados. Ela sem dúvida nenhuma escolheu a pior solução. Ela deveria ter vetado como muitos pediram. Aquilo foi aprovado no meio do Orçamento sem que houvesse debate suficiente”, disse Renan.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.