Em dia de Copom, Haddad destaca juros altos e dados de inflação positivos

Durante entrevista, ministro também diz que governo "tem feito sua parte" e espera que Lula complete os 4 anos de mandato com a inflação dentro do teto das metas estabelecidas

Marcos Mortari

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante entrevista (Foto: Diogo Zacarias)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), destacou, nesta quarta-feira (8), que os últimos indicadores de inflação têm se comportado “muito bem”, ao mesmo tempo em que a taxa de juros no Brasil continua sendo uma das mais elevadas do mundo. As declarações foram dadas durante o programa “Bom dia, Ministro”, da rede estatal EBC, e ocorrem horas antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciar o novo patamar para a a Selic (atualmente a 10,75% ao ano).

Durante a entrevista, Haddad disse não saber se o Copom irá cortar a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, conforme indicava o último comunicado oficial da autarquia, ou se esfriará o ritmo, como apostam agentes do mercado financeiro.

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“Tem essa discussão sobre o corte − se respeita o comunicado anterior, que fazia uma referência a um corte de 0,5 [ponto percentual] no dia de hoje, ou se vai haver uma alteração justificada”, afirmou o ministro, reforçando que não sabe qual será a decisão da autoridade monetária.

“O que sei é que a taxa de juros continua uma das mais elevadas do mundo e que a inflação de março e a prévia de abril se comportaram muito bem. A inflação de março foi 0,16% e, no IPCA-15, a expectativa do mercado era 0,29% e foi de 0,21%”, disse.

Haddad ainda destacou que o governo “tem feito sua parte” e que espera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) complete os quatro anos de mandato com a inflação dentro do teto das metas estabelecidas.

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Na entrevista, o ministro buscou reforçar o compromisso de Lula no combate à inflação − “Ele sabe o que a inflação significa na vida das pessoas” − e fez considerações sobre a preocupação do presidente com a alta do preço do arroz.

Ontem (7), Lula indicou a possibilidade de o país importar o produto caso seja necessário, em razão da catástrofe climática enfrentada pelo Rio Grande do Sul. Haddad, no entanto ponderou: “para importar, o preço fora precisa estar mais baixo do que o preço dentro, senão você vai importar e o preço vai subir”.

Haddad sugeriu, ainda, a adoção de mecanismos que estimulem a diversificação da produção na próxima edição do Plano Safra. “Se todos os estados ampliarem um pouco o cardápio de culturas, o Brasil é tão grande que, se acontecer um problema em um estado, a produção dos outros compensa”, afirmou.

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“As culturas têm que ser diversificadas pelo país, respeitando o solo, o clima. (…) Tem que haver o respeito ao bioma, mas alguma diversificação nós vamos ter que induzir, justamente para não ficar prisioneiro. Porque nem sempre a importação resolve”, completou.

Durante a conversa, o ministro também voltou a destacar que este é o primeiro governo que tem que conviver com um presidente de Banco Central indicado pela administração anterior e que isso “não é simples”. O economista Roberto Campos Neto tem mandato à frente da autarquia até 31 de dezembro.

(com Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.