Eleição com pouco tempo para mudança preocupa mercado

Embora as campanhas dos partidos tragam a possibilidade de mudanças nas pesquisas, o tempo até a eleição de 7 de outubro é muito curto, diz o ex-diretor do BC Tony Volpon

Bloomberg

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(Bloomberg) — A pouco mais de um mês do primeiro turno, a eleição presidencial entra na fase decisiva da propaganda em rádio e TV com um cenário indefinido que preocupa os investidores. Nenhum dos candidatos centristas e pró-reformas aparece bem nas pesquisas.

O quadro mais provável, segundo as pesquisas eleitorais, continua sendo o de um segundo turno entre o direitista Jair Bolsonaro (PSL), que agrada parte do mercado, mas gera dúvidas sobre seu apoio no Congresso, e algum nome de esquerda ou centro-esquerda.

Embora as campanhas dos partidos tragam a possibilidade de mudanças nas pesquisas, o tempo até a eleição de 7 de outubro é muito curto, diz o ex-diretor do BC Tony Volpon, economista-chefe do UBS. Em 2010, quando Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu transferir votos para sua ex-ministra Dilma Rousseff, então desconhecida da maior parte da população, as pesquisas já mostravam, nesta altura da campanha, um quadro definido.

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No meio de agosto daquele ano, a petista já liderava com 41% no Datafolha, enquanto na eleição deste ano, no cenário sem Lula, o líder é Bolsonaro, muito à frente do petista Fernando Haddad, potencial candidato do PT após o TSE barrar o nome do ex-presidente.

O tempo escasso é um desafio para o candidato preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), que conta com o horário eleitoral para tirar votos de Bolsonaro, com quem disputa o eleitorado conservador. Um dos obstáculos para Alckmin é a fragmentação no centro, diz Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria. Para ele, além do tucano, disputam uma mesma faixa do eleitorado Henrique Meirelles, João Amoedo, Álvaro Dias e ainda Marina Silva e Ciro Gomes, representando a centro-esquerda. “São todos candidatos que tentam conquistar o mesmo eleitor indefinido.”

Para Cortez, o cenário mais provável ainda é o de que um nome do PT, provavelmente Haddad, chegue ao segundo turno como representante da esquerda. Bolsonaro tende a representar a direita. “Há muita incerteza quanto ao quadro eleitoral e os nomes mais polarizadores apresentam maiores chances.”

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Embora as pesquisas ainda não atestem a transferência de votos para Haddad, Cortez avalia que a expectativa de que isso aconteça aumentou recentemente no mercado após pesquisas mostrarem aumento do apoio a Lula, que teve 37% no Ibope e 39% no Datafolha mais recente. “Como as pesquisas mostraram um crescimento da candidatura Lula, este bom desempenho aumentou o potencial de transferência”, disse o analista.

Volpon avalia que, após as eleições, é muito provável que o estresse do mercado diminua, porque será do interesse de qualquer presidente eleito adotar um entendimento com o setor privado. “O candidato precisa do eleitor para se eleger antes da eleição, mas para governar ele precisa do mercado todo o dia.”

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