Dólar só sai da casa dos R$ 2,00 caso Itália ou Espanha entrem em colapso

Com melhora nas crises internacionais e com BC brasileiro atuando, moeda norte-americana não deve apresentar grandes mudanças frente ao real

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Nessa mesma época do ano passado, o dólar comercial encerrava um forte rali de alta, que passou de R$ 1,61 no dia 2 de setembro de 2011, para 30 dias depois passar a valer R$ 1,88 – alta de 16,36%. Em maio deste ano, a moeda norte-americana voltou a apresentar algumas sequências de altas a passou do patamar de R$ 2,00 – o que não era visto desde julho de 2009. Porém após atingir valores acima de R$ 2,00, a divisa parou de apresentar grandes oscilações, sendo que há três meses ela raramente foi vista fora das bandas entre R$ 2,00 e R$ 2,05.

O atual cenário de leve melhora na crise europeia e de programas de estímulos econômicos às principais economias do mundo colabora para uma tendência de queda para o dólar. Contudo, o Banco Central brasileiro tem mantido a predileção pelo patamar de R$ 2,00, intervendo no mercado sempre que a taxa de câmbio se aproxima dessa faixa. A pergunta que fica no ar: qual será o futuro do dólar?

Para Reginaldo Galhardo, diretor de câmbio da Treviso Corretora, o próprio mercado já tem mostrado um certo conforto com as cotações atuais do dólar. “O mercado não se interessa por um dólar mais alto, já que não tem força para mantê-lo nesse patamar, assim como não tem interesse em baixar as cotações, já que isso significaria uma nova intervenção do Banco Central”, afirma Galhardo.

Continua depois da publicidade

Um dos fatores que poderia surpreender e gerar um rali para a divisa seria um colapso nas economias de Espanha ou Itália, que seguem bastante fragéis, aponta o diretor de câmbio. O analista disse que caso ocorra algo desse tipo, o mercado buscaria se proteger em investimentos mais seguros, como sempre ocorre, o que poderia gerar um novo rali na moeda norte-americana.

Equilíbrio
Nos últimos meses, o cenário tem sido de desvalorização para a moeda norte-americana em todo o mundo, já que a Europa tem apresentado melhoras em relação à crise. Além disso, diversos governos têm tomado ações para ajudar suas economias, como é o caso dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve anunciou este mês o terceiro Quantitative Easing, plano que pretende injetar US$ 40 bilhões por mês no país.

No Brasil, essa tendência de queda é amenizada pela própria postura do governo brasileiro. Tanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quanto a presidente Dilma Rousseff têm feito discursos defendendo o dólar a um patamar acima de R$ 2,00, com o ministro chegando a criticar os EUA e seu pacote de estímulos. Nas últimas semanas, o Banco Central tem realizado diversos leilões de swap cambial reverso – que equivale a uma compra futura de dólares – fazendo com que a moeda se mantenha no patamar desejado.

Continua depois da publicidade

De acordo com Galhardo, o mercado se encontra “engessado”, por isso essa movimentação fraca nos últimos meses. Ele ainda afirma que esse cenário não deve variar muito pelo menos até o final deste ano, defendendo que o dólar comercial não irá fechar abaixo de R$ 2,00 em 2012.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.