Dilma deve parar de cair nas pesquisas, diz O Globo; Bolsa cai quase 2%

Jornalista Ricardo Noblat diz que presidente deve mostrar posição estável na próxima pesquisa eleitoral Ibope; Petrobras cai mais de 3%

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de virar para queda na metade da tarde, o Ibovespa intensificou suas perdas nos instantes finais do pregão desta terça-feira (20) e fechou em queda de 1,85%, a 52.366 pontos, com rumores de que a presidente Dilma Rousseff deve começar a parar de cair na corrida eleitoral a partir da próxima pesquisa Ibope, com divulgação marcada para essa semana. Também contribuíram para o dia negativo o discurso do líder do Federal Reserve de Nova York, além de temores com a China. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,34 bilhões.

Segundo informações divulgadas pelo blog do jornalista Ricardo Noblat, do portal O Globo, a próxima rodada de pesquisas deve mostrar uma estabilidade de Dilma na disputa pela presidência, após suas sucessivas perdas no campo eleitoral. Para Noblat, a possível constatação pode ser encarada como um reflexo das recentes propagandas do PT nos veículos de comunicação, entrevistas concedidas pela presidente, além de inúmeras viagens a estados e a reaparição do ex-presidente Lula ao seu lado.

Para o analista da XP Investimentos, William Alves, os rumores têm total relação com o aumento das perdas do benchmark da Bovespa, que chegou a subir 0,92% na máxima do intraday. Como possível evidência do efeito da notícia, vale destacar o movimento apresentado pelas ações das estatais Petrobras (PETR3, R$ 16,24, -3,51%; PETR4, R$ 17,30, -3,57%) e Eletrobras (ELET3, R$ 6,93, -3,08%; ELET6, R$ 9,73, -3,28%), que, após chegarem a subir mais de 2%, viraram para perdas superiores a 3%. Acompanhando o pessimismo, o Ibovespa registrou um “mergulho” de cerca de 1500 pontos (ou 2,80%) desde sua máxima de 53.842 pontos – registrada no começo da tarde -, e a mínima do intraday, de 52.312 – a poucos instantes do fim da sessão.

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O analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, é mais cauteloso. Apesar de ver bastante sentido na hipótese, ele também lembra da fala do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, como um importante ingrediente a acentuar o mau humor do mercado nas bolsas mundiais. Nesta tarde, Dudley sinalizou que elevações na taxa de juros local podem ocorrer antes que o esperado pelo mercado. “Juros em alta lá resultam em queda dos mercados”, concluiu.

No entanto, Galdi ressalta o histórico dos discursos da atual presidente do Fed, a “dovish” Janet Yellen, como fatores a arrefecerem os efeitos do pronunciamento de Dudley. O retorspecto da maior liderança da autoridade monetária americana aponta para uma maior cautela na elevação dos juros na maior economia, o que indica um cenário ainda improvável para as mudanças interpretados pelo mercado na fala de Dudley. “É possível que existam esses rumores eleitorais. Na bolsa, queda de Dilma indica alta, enquanto a alta dela aponta queda”, observou.

Notícias da China também no radar
A China ganhou espaço mais uma vez no noticiário internacional. Após apresentar dados ruins e derrubar as ações da Vale (VALE3, R$ 28,86, -2,07%; VALE5, R$ 26,03, -2,29%) na véspera, destaque para a fala do gabinete do governo, aprovou planos detalhados a serem executados em 2014 para avançar com reformas econômicas, ressaltando a determinação de Pequim para fomentar um crescimento mais sustentável.

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Pequim permitirá que governos locais dependam mais da venda de títulos municipais para seu financiamento, e vai diminuir gradualmente a dependência deles de veículos de financiamento de governos locais para recursos, segundo um comunicado publicado nesta terça-feira no site do governo. Em meio ao noticiário agitado para o gigante asiático, a sessão foi de volatilidade também para as ações de mineração e siderurgia: após abrirem em alta, os papéis da Vale perderam forças, movimento acompanhado pelas ações de CSN (CSNA3, R$ 8,70, -4,40%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,16, -4,34%).

Em meio ao noticiário que inspirou maior cautela e pessimismo dos investidores, apenas 5 das 72 ações do Ibovespa terminaram o dia em alta, sendo que apenas os papéis da BR Properties (BRPR3, R$ 17,85, +4,02%) registraram altas superiores a 1%. Ajudou na disparada dos ativos a notícia de que a empresa pode fechar um negócio bilionário com o empresário Michael Klein.

Segundo uma publicação da Istoé Dinheiro, o executivo está em negociações avançadas para adquirir 28 lojas da companhia e que estão alugadas para a varejista C&A. De acordo com a notícia, o valor do negócio está próximo de R$ 1 bilhão, de acordo com fontes anônimas citadas pela Istoé. São quase 100 mi metros quadrados de área bruta locável e que geram uma receita de R$ 100 milhões por ano para a empresa.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MMXM3 MMX MINER ON 2,53 -8,33 -39,76 7,52M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 8,70 -4,40 -39,50 50,71M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,16 -4,34 -42,58 73,62M
 AEDU3 ANHANGUERA ON 15,84 -4,29 +6,33 59,86M
 FIBR3 FIBRIA ON 20,10 -4,06 -27,31 25,07M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRPR3 BR PROPERT ON 17,85 +4,02 -1,18 57,49M
 EMBR3 EMBRAER ON 18,75 +0,70 -0,13 66,51M
 CMIG4 CEMIG PN 16,15 +0,62 +28,80 92,84M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,65 +0,61 -8,84 33,16M
 CSAN3 COSAN ON 37,00 +0,27 -5,60 36,42M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,30 -3,57 962,35M 584,11M 50.367 
 VALE5 VALE PNA 26,03 -2,29 423,38M 438,26M 29.490 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,24 -3,51 388,27M 180,82M 35.336 
 BBAS3 BRASIL ON ED 23,73 -0,33 349,53M 149,44M 19.804 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,88 -1,80 345,72M 243,49M 21.724 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 36,68 -1,77 331,67M 355,97M 24.517 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,30 -1,15 169,84M 211,45M 29.093 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 28,53 -0,94 154,20M 118,98M 16.450 
 GGBR4 GERDAU PN 13,76 -1,64 148,24M 69,59M 20.362 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 11,58 -1,35 139,07M 105,78M 22.629 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Wall Street e dólar
Nos Estados Unidos, os três principais índices acionários fecharam em quedas entre 0,64% para o S&P 500 e de 0,83% para o Dow Jones. Por lá o dia de perdas após duas altas seguidas reflete também as estimativas abaixo do esperado das empresas do setor varejista, além dos números frustrantes da fabricante de máquinas e motores Caterpillar.

Já o dólar, em sua tendência natural em dias de perdas, teve um dia de valorização ante o real, após cair na véspera. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,37%, cotada a R$ 2,2170 na venda.

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Outros destaques
Os principais índices acionários asiáticos encerraram o pregão desta data em alta, apesar dos acontecimentos na Tailândia. Já na Europa, os índices do continente fecharam em queda, com investidores à espera de um afrouxamento na política monetária da zona do euro pelo BCE (Banco Central Europeu).

Apesar do dia positivo na Ásia, o mercado seguiu atento após o exército da Tailândia decretar a lei marcial no país depois de seis meses de protestos contra o governo. A declaração da lei tem como objetivo restaurar a paz e a ordem e não constitui um golpe, disse à Reuters o vice-porta-voz do Exército, coronel Winthai Suvari.

Na Europa, investidores aguardam que o BCE anuncie uma nova política monetária na zona do euro para combater o risco de deflação no continente. À espera de um posicionamento da instituição, as ações no continente abriram em leve queda nesta terça-feira. Dados econômicos divulgados no Reino Unido, mostraram que os preços ao consumidor subiram 1,8% em abril, em relação ao mesmo período do ano passado, e ficou acima das expectativas.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.