Deputados e senadores da oposição pedem impeachment de Temer após depoimento de Calero

A oposição argumenta que a pressão exercida por Temer para que Calero encontrasse uma saída para o pedido de Geddel, conforme consta no depoimento do ex-ministro à PF, indica crime de responsabilidade

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após depoimento do ex-ministro Marcelo Calero, deputados e senadores da oposição começaram a defender um pedido de impeachment do presidente da República, Michel Temer, segundo informações da Folha de S. Paulo.

A oposição argumenta que a pressão que Temer teria feito para que Calero encontrasse uma saída para obra de interesse do ministro de Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, indica crime de responsabilidade. 

Logo após a revelação do depoimento de Calero à Polícia Federal, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que Temer usou a Presidência para defender interesses privados e que ele teria que responder processo por crime de responsabilidade para ser julgado pelo Congresso. O petista se reuniu nesta noite com a assessoria jurídica do PT e disse que a intenção é protocolar um pedido de impeachment nos próximos dias. 

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também defendeu que a situação é motivo para impeachment. “Se isso não for razão para impeachment, nada mais é”, disse. A senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) disse que se trata de crime de responsabilidade. 

Já na Câmara dos Deputados, a oposição estuda coletar assinaturas para abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e também deve apresentar novos requerimentos para que Calero vá à Casa prestar esclarecimentos. 

Afonso Florence, líder do PT na Câmara, disse à Bloomberg por telefone que a denúncia é muito grave e pode ensejar pedido de impeachment. O PT vai pedir acesso à denúncia e analisar com juristas, comentou. Segundo ele, a base de Temer não é tão sólida para barrar investigação se houve provas. 

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Conforme revelou a Folha nesta noite, Calero disse, em depoimento à PF, que foi convocado por Temer para comparecer ao Palácio do Planalto na última quinta-feira (17) e que o presidente teria dito que a decisão do Iphan  (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) havia criado “dificuldades operacionais” em seu gabinete, dado que Geddel encontrava-se bastante irritado. Temer, então, teria pedido que Calero construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU (Advocacia-Geral da União), porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução.

Em seguida, o ex-ministro afirma que Temer encarava com normalidade a pressão de Geddel, articulador político do governo, e que teria dito ao final da conversa “política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão”.