De olho em 2 pontos para eleições, Verde Asset alerta: haverá forte volatilidade em 2018

Verde acredita que a reforma da previdência não vai passar e, com esse consenso formado, mercado deverá se concentrar em outros temas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em relatório de gestão de novembro, a Verde Asset, de Luis Stuhlberger, destacou que as discussões no último mês no Brasil têm sido dominadas por dois temas em especial – e até certo ponto interligados. Em primeiro lugar, está a possível aprovação da Reforma da Previdência, ainda que numa versão mais diluída que a discutida até maio e, em segundo lugar, o cenário eleitoral para 2018 – notadamente sobre as candidaturas à presidência. 

A visão dos gestores da Verde Asset é de que o governo não tem os 308 votos necessários na Câmara, e, portanto, a probabilidade de passagem é baixa. Assim, parece que, depois de uma fase de maior otimismo, os mercados convergiram para tal visão. “Existe sim uma assimetria positiva caso a reforma passe nas próximas semanas. Mas é também o caso que a reforma tem baixo efeito no curto prazo, logo uma vez consenso que a reforma não deve passar, os mercados devem virar suas atenções para outros temas”, apontam.

Desta forma, o tema eleições deve dominar as análises e projeções. A Verde Asset aponta que o governo parece tentar construir a narrativa que a passagem da reforma levaria a uma candidatura presidencial forte vinda de dentro da atual coalizão de poder. Contudo, não parece fácil construir tal narrativa, segundo a gestora.

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Enquanto isso, a Verde comenta que as duas candidaturas com maior intenção de votos nas pesquisas atuais, seja à esquerda ou direita – ou seja, Lula ou Jair Bolsonaro – não têm endereçado bem as dúvidas sobre que políticas econômicas vão seguir. Enquanto isso, pelo centro o PSDB se mantém em autofagia desde a eclosão do escândalo da JBS. 

Neste cenário, avaliando que ainda é cedo para fazer uma análise mais detida sobre o próximo presidente, a Verde destaca dois pontos que vem tentando entender: i) quais são os fatores que a população deve priorizar com seu voto e; (ii) quem são os candidatos mais próximos de atender tais demandas.

“Este trabalho tem nos levado a acreditar que candidaturas associadas com agendas puramente econômicas, e com o perfil político hoje no poder, tendem a ter dificuldade em ser vitoriosas. Tal conclusão nos leva a acreditar que veremos volatilidade importante ao longo do próximo ano”, avalia a Verde Asset. 

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Vale destacar que, na última semana, Luis Stuhlberger afirmou em evento na Sohn Conference que uma eventual vitória de Lula nas eleições pode representar uma grande oportunidade de compra no Brasil, considerando principalmente a perspectiva de forte queda do mercado (bolsa a 50 mil pontos) caso aumente as chances do petista se consagrar vencedor. Além disso, para o gestor, Lula não será tão radical como prega na campanha. Isso guia a estratégia dele no momento: a Verde Asset tem uma visão positiva para o Brasil, mas não está completamente alocada no mercado nacional, justamente por prever um movimento de forte volatilidade com as eleições, o chamado “wild market”.  

No relatório, os gestores avaliam ainda ser importante também considerar os fundamentos econômicos, que continuam numa “trajetória razoável”. Dentre os pontos para justificar isso, estão: a inflação segue baixa (e na margem surpreendeu pra baixo no último mês), os fluxos cambiais estão em equilíbrio (e não há perigos latentes de curto prazo para a moeda) e o crescimento está em progressão lenta e gradual, embora sem o mesmo impulso do 2º e 3º trimestres vindo do FGTS.

Com esse cenário, eles apontam que o cenário parece bom para manter as alocações atuais do fundo, focadas na parte intermediária da curva de juros reais (cuja inclinação embute muito prêmio de risco), no mercado acionário e também no câmbio, onde a Verde recentemente montou uma pequena posição vendida no dólar. Em novembro, a Verde Asset ressaltou que teve um mês difícil, com perdas em boa parte da exposição ao Brasil do fundo, com o posicionamento em juros reais, em bolsa e câmbio sendo perdedoras no mês, assim como o livro de moedas global viu perdas no mês. Do lado positivo, o fundo obteve ganhos no livro de ações global, que novamente se beneficiou da força dos mercados globais. No mês, a Verde teve um desempenho negativo de 0,43% ante um desempenho positivo de 0,57% do CDI. No acumulado do ano, a alta acumulada é de 4,60% para a Verde ante 9,36% do CDI. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.