Datafolha: maioria crê que juros estão acima do normal e Lula age bem ao pressionar Banco Central

Entre os que responderam que Selic está alta, 55% consideram que taxa está muito acima do normal

Luís Filipe Pereira Marcos Mortari

Edifício Sede Caixa Econômica Federal e Banco Central em Brasília

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Um dos principais focos de atrito político nos primeiros meses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o atual patamar da taxa básica de juros (a Selic, atualmente fixada em 13,75% ao ano) é visto pela maioria dos brasileiros como mais alto do que deveria ser.

Segundo pesquisa Datafolha, realizada nos dias 29 e 30 de março, a visão defendida por diversos integrantes do governo é compartilhada por 71% dos eleitores. No sentido oposto, 17% consideram adequado o nível atual da Selic e outros 5%, mais baixo do que deveria.

Entre os que acham que a taxa de juros está acima do normal, 55% responderam que ela está muito mais alta e 16% enxergam que a taxa está um pouco mais alta do que deveria.

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O levantamento mostra, ainda, que 80% dos eleitores dizem considerar que Lula está agindo corretamente ao pressionar o Banco Central a reduzir os juros no país. Para 16%, ele age mal, enquanto 5% não souberam responder.

Entre os que dizem concordar com Lula, o maior apoio para o presidente está entre os brasileiros que recebem até dois salários mínimos (85%) e também nas respostas dos entrevistados com até o Ensino Fundamental concluído (84%).

A discussão sobre o tema tem colocado membros do governo e a autoridade monetária, personificada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, em lados opostos. Há dez dias, logo após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de mais uma vez manter o patamar em 13,75%, Lula disse que “quem tem que cuidar de Campos Neto é o Senado”, indicando que o chefe do BC deveria prestar esclarecimentos nas comissões temáticas da casa legislativa.

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A expectativa é que Campos Neto compareça à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal em uma data a ser marcada depois do feriado da Semana Santa.

Na ata da última reunião, o Copom mencionou o quadro de índices inflacionários resilientes, em patamares superiores às metas estabelecidas, nas principais economias globais e a postura de cautela de autoridades monetárias em países emergentes.

No plano doméstico, o comitê sublinhou que a “componentes mais sensíveis ao ciclo econômico (…) mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”. Além disso, destacou a deterioração de expectativas de inflação registrada no relatório Focus e seus efeitos no combate à alta dos preços no presente momento da economia.

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O Copom também indicou que o compromisso do Ministério da Fazenda em executar um pacote fiscal “atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo”, mas enfatizou que “atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo”, embora tenha reconhecido que o movimento pode “pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas”.

A pesquisa Datafolha ouviu 2.028 pessoas com idade acima dos 16 anos, em 126 municípios, em todas as regiões do país, nos dias 29 e 30 de março. A margem máxima de erro é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, considerando o total da amostra.