Cunha desdiz Temer e afirma que presidente discutiu indicações à Petrobras; veja mais 3 “revelações”

Em seu primeiro depoimento a Sérgio Moto, ex-deputado diz que versão do presidente está "equivocada"

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em seu primeiro depoimento prestado ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) disse, na última terça-feira (7), que o presidente Michel Temer se equivocou em resposta enviada por ele em que participa como testemunha arrolada pelo ex-parlamentar e aliado.

A uma das 41 perguntas que o ex-depurado fez, o presidente afirmou que não houve reunião no Palácio do Planalto, em 2007, com o então ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, para se tratar de nomeações na Petrobras. Mas, no interrogatório, Cunha voltou a defender a narrativa e disse que a versão de Temer estava “equivocada”.

“Ele participou, sim, desta reunião e foi ele quem comunicou a todos nós o que tinha acontecido na reunião. Porque não era só o cargo da Petrobras, eram outras várias discussões que existiam entre o PMDB”, afirmou. “Essa reunião era justamente pelo desconforto que existia com as nomeações do PT de Graça Foster para a Diretoria de Gás e José Eduardo Dutra para a presidência da BR Distribuidora terem sido feitas sem as nomeações do PMDB”.

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Ainda segundo Cunha, havia um hábito semanal de reuniões dele com Temer e outros coordenadores do PMDB para “debater e combinar toda situação política”. “Tudo era reportado, sabíamos de tudo e de todos”, disse.

Recursos no exterior
Ao juiz federal, o ex-deputado também manteve a versão de que os recursos por ele controlados no exterior foram ganhos com o comércio de carne enlatada na África. “Trabalhei muitos anos com comércio exterior. Fazia muitas vendas no exterior”, disse. “Eu não tenho patrimônio de agora, desde que entrei na vida pública. Já tinha patrimônio em 1988, 1987”.

O ex-deputado negou que tenha contas no exterior e que tenha mentido em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras da Câmara dos Deputados. Em março de 2015, Cunha afirmou que não possuía conta bancária no exterior. “Falei a verdade, conforme a pergunta que me foi feita. Não minto. Não tenho conta no exterior. Se eu dissesse que tinha conta, estaria mentindo. Porque a conta é do trust [tipo de negócio em que terceiros passam a administrar os bens do contratante]. Se alguém tivesse me questionado da forma correta, eu iria responder”, disse.

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Cunha disse que tinha essas contas no exterior “há 30 anos, praticamente” e que optou pelos trusts por condiserá-los “a melhor forma de administração”. Ele alega que tal mecanismo era usado como uma “aplicação” e os valores só eram usados para consumo e viagens ao exterior. “Há vários momentos nessa situação. Em todas usava como se fosse uma caderneta de poupança”, declarou.

Em setembro de 2015, o Ministério Público da Suíça informou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que foram encontradas contas naquele país em nome do então presidente da Câmara dos Deputados, cargo ocupado por Cunha, e de familiares dele. Após a identificação das contas, os valores foram bloqueados pelas autoridades suíças.

De acordo com a denúncia, Cunha teria recebido R$ 5 milhões em propina em um contrato para a compra de um campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Ele está preso preventivamente desde o dia 19 de outubro. Segundo o MPF, a prisão preventiva se justifica porque há evidências de que Cunha tem contas no exterior que ainda não foram identificadas, o que poderia colocar as investigações em risco.

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Impunidade aos estrangeiros
Além das queixas acerca do tratamento recebido na prisão onde está detido, os riscos que os presos da operação Lava Jato correm nos presídios em que estão mantidos e das alegações de um problema de saúde, o peemedebista também afirmou que é alvo de um processo político e que os corruptores internacionais têm sido poupados.

“Gostaria também de dizer que estamos com um processo político aqui e que empresas estrangeiras, queria protestar, são poupadas de responsabilização e empresas brasileiras pagam bilhões no exterior além da perda de mercado”, afirmou. “Falo como a autoridade que foi responsável pelo impeachment da ex-presidente da República para defender a legalidade do nosso país. Não é a minha prisão que vai me impedir de elencar minhas opiniões”.

(com Agência Brasil)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.