CPI quer esclarecer se denúncias de espionagem comprometem leilão de petróleo

"Nós queremos que a Petrobras e a ANP possam de fato manifestar à população brasileira se estão seguros ou não para a condução desse leilão", disse relator

Reuters

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BRASÍLIA – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada no Senado para investigar as denúncias de espionagem dos Estados Unidos no Brasil quer ouvir a Petrobras (PETR3, PETR4) e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), além de diversos ministros, para avaliar se o leilão da área de petróleo de Libra, marcado para outubro, está comprometido pelas suspeitas de violação.

Integrantes da comissão aprovaram nesta terça-feira (10) requerimentos para audiências com a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, e os ministros das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo; da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Defesa, Celso Amorim; e das Comunicações, Paulo Bernardo, além do titular do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito.

“Nós queremos que a Petrobras, nós queremos que a Agência Nacional de Petróleo possam de fato manifestar à população brasileira se estão seguros ou não para a condução desse leilão”, disse o relator da CPI, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

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“Nós estamos convidando para que possam, já nos próximos dias, estar presentes aqui na comissão parlamentar… para que eles possam nos dar segurança de que essa concorrência poderá seguir sem qualquer prejuízo à igualdade de competição entre todos aqueles que vão participar do leilão do campo de Libra”, acrescentou.

As denúncias de que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) espionou a Petrobras foram divulgadas no domingo pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, que, na semana passada, já havia veiculado alegações de que a agência do governo norte-americano havia espionado comunicações privadas da presidente Dilma Rousseff.

A CPI deve ouvir ainda, em sessão prevista para a próxima semana, o jornalista responsável pelas reportagens que denunciaram as violações de dados, o norte-americano Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian. O companheiro de Greenwald, David Miranda, detido no mês passado no aeroporto de Londres por 9 horas sob legislação anti-terrorista do país, também será ouvido pela comissão.

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Miranda transportava documentos fornecidos por uma jornalista que mora em Berlim para Greenwald. O brasileiro foi liberado sem acusações, mas teve confiscados seu computador, telefone, um disco rígido e cartões de memória.

Greenwald, que mora no Rio de Janeiro, fez as denúncias baseado em documentos vazados pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden, acusado de espionagem pela Justiça norte-americana e que está em asilo temporário na Rússia.

Em nota divulgada na segunda-feira, Dilma afirmou que, se confirmadas, as denúncias de espionagem na Petrobras mostrariam que os interesses da vigilância realizada pelos EUA sobre o Brasil são econômicos e estratégicos, e não o de garantir a segurança norte-americana.

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Ainda na segunda a Petrobras também divulgou nota em que afirma dispor de sistemas altamente qualificados e permanentemente atualizados para proteger a Rede Interna de Computadores (RIC), mas reconheceu que pode ter tido dados de sua rede acessados.