CPI ou eleições: por que a Petrobras não para de subir na Bovespa?

Pedido de CPI para investigar compra da refinaria Pasadena, em 2006, e especulações sobre pesquisa eleitoral do Ibope estão no radar do mercado

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3; PETR4), que vivia dias de moribundo na Bovespa em 2014, parece ter encontrado sua salvação. Se ontem as ações disparavam por conta de rumores sobre uma pesquisa eleitoral do Ibope, hoje sobem com o pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a compra da refinaria de Pasadena, em 2006. Afinal, qual dos dois eventos pesa mais sobre a ação? Uma mudança na disputa presidencial ou a expectativa de que essa CPI “limpe” os números da empresa? 

Segundo o analista Henrique Kleine, da Magliano, mais do que a pesquisa eleitoral, que traz a esperança de mudança de governo e, consequentemente, a diminuição da intervenção na empresa, está o fato de que hoje a oposição pediu CPI da Petrobras sobre a compra da refinaria de Pasadena em 2006 pela empresa. Isso porque o “erro” da presidente Dilma Rousseff com a aprovação da compra da refinaria de Pasadena há 8 anos – que provocou prejuízo de US$ 1 billhão – por mais que tenha sido um duro golpe na empresa – pode ter aberto caminho para que finalmente a empresa “limpe a casa”.

Na véspera, puxaram os papéis rumores de que uma pesquisa do Ibope – que seria revelada naquela noite – mostraria a perda das sobras da presidente Dilma Rousseff ante seus possíveis opositores na corrida eleitoral. Tendo em vista a forte aversão dos investidores a algumas medidas intervencionistas do governo, o naufrágio petista nas urnas neste ano poderia representar um maior otimismo do mercado na economia do País. A divulgação da pesquisa, que estava registrada no site do TSE não ocorreu. Procurada pelo InfoMoney, a assessoria de imprensa do Ibope informou, no início da tarde, que o levantamento seria divulgado pelas empresas que encomendaram a pesquisa no início da noite no site do Estadão, na Globonews e na TV Globo. Após o colunista Lauro Jardim, da revista Veja, publicar que o levantamento só seria divulgado na noite de quinta-feira porque não estava pronto, o InfoMoney voltou no final da tarde a entrar em contato com a assessoria do Ibope, que confirmou que não apenas o estudo já havia sido concluído como também que já tinha sido repassado para a Globo e para o Estadão. Pela segunda vez, o Ibope também confirmou que a pesquisa seria tornada pública na quarta-feira.

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Bruno Madruga, assessor de investimentos da Monte Bravo Investimentos, também compartilha a opinião de que a CPI tem maior peso para a arrancada das ações da empresa. “Além do preço da ação estar depreciado, tem a situação de uma grande investigação dentro da empresa. Os investidores estrangeiros veem isso com bons olhos, já que tem alguma coisa sendo feita para melhorar a empresa”, comentou.

Com isso, depois ter caído 25% no ano e atingido o pior patamar desde 2005, as ações da Petrobras voltam a disparam nos últimos pregões. Em dois dias, os papéis da petrolífera disparam mais de 7%. Enquanto as ações ordinárias registram ganhos de 9,30% no período, as preferenciais avançam 7,63%. “Um suspiro para quem estava no fundo do poço”, disse Kleine. 

Segundo ele, houve um choque no mercado com essas duas questões e agora os investidores correm atrás da empresa. Era a “oportunidade” que o mercado esperava para comprar os papéis, que já estavam bem descontados na Bolsa, disse. “A Petrobras estava jogada na lama. Quando a presidente assume que houve fraude, o mercado vira comprador. Pior que está não fica”, comentou. 

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Compras investigadas
Conforme revelou ontem o Estadão, Dilma aprovou a compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006, quando era chefe Civil do governo Lula e presidente do conselho da Petrobras – que foi, posteriormente, confirmado por Dilma. O negócio custou R$ 1,18 bilhão aos cofres da estatal. Em resposta, nesta quinta-feira, o senador e pré-candidato à presidência da República, Aécio Neves (PSDB), pediu CPI para investigar o episódio e disse que os partidos de oposição se reunirão na terça-feira (25), em Brasília, com o objetivo de discutir estratégias que tornem viável a comissão. 

Além disso, nesta tarde, saiu mais uma notícia sobre a empresa. A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou pedido que solicita a abertura de auditoria pelo TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a operação de compra de 50% de participação em duas usinas de biodiesel. Uma delas fica em Marialva, no Paraná, e outra em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. As duas foram adquiridas pela Petrobras Biocombustível, que gastou, ao todo, cerca de R$ 255 milhões. O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), autor do pedido aprovado pela Comissão, levanta suspeitas nos custos das duas operações, alegando a possibilidade de gasto acima do normal.  

Uma das usinas adquiridas fica em Marialva, no Paraná, e outra em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Segundo argumentação feita pelo deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), existe a possibilidade de gastos acima do normal, citando como a usina de Marialva. De acordo com o deputado, 100% dela foi comprada pela Indústria e Comércio de Biodiesel Sul (BSBios) por um total de R$ 37 milhões em setembro de 2009; dois meses depois, a Petrobras Biocombustíveis pagou R$ 55 milhões por apenas metade.

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