CPI da Pandemia: ex-presidente da Pfizer no Brasil presta depoimento à comissão; acompanhe

Carlos Murillo é a sexta testemunha a ser ouvida pelos senadores; executivo deve detalhar contatos com governo para a aquisição de vacinas contra a Covid-19

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia recebe, nesta quinta-feira (13), o ex-presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo. O executivo esteve à frente da representação brasileira da farmacêutica quando foram iniciadas as tratativas com o governo federal à respeito da aquisição de vacinas contra o novo coronavírus. Acompanhe a sessão ao vivo pelo vídeo acima.

Carlos Murillo, hoje gerente-geral da Pfizer na América Latina, é a sexta testemunha ouvida pelos senadores. Antes, a comissão recebeu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o atual ministro Marcelo Queiroga, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, e o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten.

Ontem (12), a sessão que marcou o depoimento de Wajngarten foi tumultuada, com direito a pedido de prisão do depoente por suposto falso testemunho sendo avaliado por membros da CPI.

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Durante o depoimento, Wajngarten confirmou que o contato da Pfizer com autoridades brasileiras sobre o imunizante se deu em 12 de setembro, por meio de carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com cópia ao vice-presidente Hamilton Mourão, aos ministros Eduardo Pazuello (à época, Saúde), Walter Braga Netto (à época, Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia) e ao embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster.

De acordo com o ex-secretário, em quase dois meses, não houve resposta por parte das autoridades brasileiras à tentativa de contato. Ele disse aos senadores que, ciente disso, enviou e-mail aos representantes da farmacêutica norte-americana em 9 de novembro. No mesmo dia, Carlos Murillo teria entrado em contato.

Wajngarten, no entanto, afirmou nunca ter participou das tratativas sobre a aquisição do imunizante. Segundo ele, a proposta inicial abordava inicialmente “irrisórias” 500 mil doses, e não as 70 milhões mencionadas por reportagem da revista Veja.

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Com o depoimento de Carlos Murillo hoje à CPI, os senadores esperam ter detalhes das negociações entre o governo e a Pfizer, o que pode dar novas indicações sobre a conduta de autoridades brasileiras na aquisição de imunizantes contra a Covid-19.

Membros da comissão acreditam que, se o governo tivesse aderido à proposta da Pfizer já em setembro, muitas vidas poderiam ter sido salvas pela vacinação antecipada no País.

Confira os principais pontos do depoimento em tempo real:

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10h48: Carlos Murillo conta sobre os pilares que nortearam a atuação da Pfizer para o desenvolvimento de um imunizante contra a Covid-19. Após a apresentação de uma vacina com eficácia comprovada, a farmacêutica tem se dedicado a ampliar a produção no menor tempo possível. Segundo o executivo, a companhia espera produzir 3 bilhões de doses de seu imunizante em 2021 – o que seria suficiente para atender 1,5 bilhão de pessoas. No início do ano, a previsão era de 1,3 bilhão de doses.

10h52: O representante da Pfizer afirma que o primeiro contrato com o governo brasileiro para a aquisição de vacinas contra o novo coronavírus foi celebrado em 19 de março de 2021, com a entrega de 100 milhões de doses, sendo 13,5 milhões no segundo trimestre (hoje a companhia estima ser capaz de entregar 15,5 milhões) e 86 milhões no terceiro. Segundo o executivo, Pfizer e governo estão nas fases finais da assinatura de mais um contrato envolvendo outras 100 milhões de doses para o quarto trimestre.

10h58: Antes de iniciar as perguntas, o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), lembrou da sessão de ontem, com o ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten. “Ficou inequivocamente comprovado que o ex-secretário mentiu a esta CPI e cometeu crime de falso testemunho”, disse.

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O parlamentar também citou o bate-boca que teve com Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). “Quero dizer a esses pregadores do ódio que a minha resposta a todos esses ataques é este número aqui (o senador aponta para placa que indica as 428.256 vítimas da Covid-19 no país). Tirei meu nome e coloquei esse número para que não haja dúvidas sobre o motivo pelo qual estamos aqui investigando: se houve genocídio, se não houve genocídio; se houve, quem é o responsável ou quem são os responsáveis”, afirmou.

“Estamos aqui em respeito a essas vítimas e a resposta que poderemos dar, da melhor forma, é com o aprofundamento dessa investigação. Eu quero dizer às famílias dessas vítimas, aos mais de 15 milhões de sequelados da Covid no Brasil que, haja o que houver, intimidações todos os dias, não haverá problemas. Hoje mesmo, o presidente da República foi a Alagoas inaugurar obras estaduais em uma evidente provocação a esta comissão parlamentar de inquérito. A resposta a essas ofensas é aprofundar as investigações”, complementou.

11h00: Carlos Murillo diz que a Pfizer começou a fazer contatos com países do mundo inteiro nos meses de maio e junho de 2020 e que não foram oferecidas condições favorecidas a governos específicos. Quanto à estratégia de preços, os valores negociados diferem em três níveis, a depender da renda dos países (desenvolvidos pagam mais, subdesenvolvidos pagam menos). Segundo o executivo, os contratos até o momento firmados estão sendo cumpridos sem atrasos.

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11h06: Murillo diz que as primeiras reuniões com autoridades brasileiras sobre a vacina contra a Covid-19 ocorreram em maio do ano passado. As tratativas foram centralizadas principalmente com o Ministério da Saúde. Na pasta, foi citado o nome do ex-secretário-executivo Elcio Franco, que ocupou o cargo durante a gestão do general Eduardo Pazuello. Também houve tratativas com o Ministério da Economia, especialmente na figura de Paulo Guedes. Parlamentares foram citados, caso dos presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

11h07: A indicação de que houve tratativas antes de setembro difere da versão de Wajngarten. Por outro lado, o executivo corrobora com a fala do ex-secretário ao dizer que ele não participou das negociações para aquisição do imunizante por parte do governo brasileiro.

11h15: Carlos Murillo apresenta uma linha do tempo das tratativas com o governo:

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-Maio e junho/2020: Conversas iniciais para compartilhamento de informações sobre o status de desenvolvimento da potencial vacina.

-Julho/2020: A Pfizer apresentou ao Ministério da Saúde uma expressão de interesse. Nela, a farmacêutica resumia o processo de tratativas em todos os países do mundo. Houve novas reuniões com representantes da pasta em agosto.

-6 de agosto/2020: O Ministério da Saúde manifestou possível interesse na aquisição da vacina da Pfizer.

-14 de agosto/2020: A Pfizer ofereceu sua primeira proposta vinculante. Eram duas ofertas com as mesmas condições e preços. Segundo o executivo, a diferença era o quantitativo: uma envolvia a compra de 30 milhões de doses, enquanto a outra, 70 milhões. “Essa oferta tinha possível cronograma de entrega durante o fim de 2020 e 2021”, disse.

A proposta de 30 milhões de doses totais envolvia remessa de 500 mil doses no fim de 2020; 1,5 milhão no primeiro trimestre; 5 milhões no segundo trimestre; 14 milhões no terceiro trimestre; e 9 milhões no quarto trimestre.

A proposta de 70 milhões de doses totais envolvia remessa de 500 mil doses no fim de 2020; 1,5 milhão no primeiro trimestre; 5 milhões no segundo trimestre; 33 milhões no terceiro trimestre; e 30 milhões no quarto trimestre.

-18 de agosto/2020: A companhia refez a oferta com o mesmo número de doses, mas com possibilidade de entrega “quantitativo adicional” no final de 2020.

A proposta de 30 milhões de doses totais envolvia remessa de 1,5 milhão doses no fim de 2020; 1,5 milhão no primeiro trimestre; 5 milhões no segundo trimestre; 14 milhões no terceiro trimestre; e 8 milhões no quarto trimestre.

A proposta de 70 milhões de doses totais envolvia remessa de 1,5 milhão doses no fim de 2020; 1,5 milhão no primeiro trimestre; 5 milhões no segundo trimestre; 33 milhões no terceiro trimestre; e 29 milhões no quarto trimestre.

-26 de agosto/2020: Foi feita uma terceira oferta, com os mesmos quantitativos gerais.

A proposta de 30 milhões de doses totais envolvia remessa de 1,5 milhão doses no fim de 2020; 2,5 milhão no primeiro trimestre; 8 milhões no segundo trimestre; 10 milhões no terceiro trimestre; e 8 milhões no quarto trimestre.

A proposta de 70 milhões de doses totais envolvia remessa de 1,5 milhão doses no fim de 2020; 3 milhões no primeiro trimestre; 14 milhões no segundo trimestre; 26,5 milhões no terceiro trimestre; e 25 milhões no quarto trimestre.

-11 de novembro/2020: A Pfizer deixou de apresentar a oferta por 30 milhões de doses. Apenas havia oferta por 70 milhões de doses. Desta vez, seriam entregues 2 milhões no primeiro trimestre de 2021; 6,5 milhões no segundo trimestre; 32 milhões no terceiro trimestre; e 29,5 milhões no quarto trimestre.

-24 de novembro/2020: A mesma oferta foi refeita, com mudanças em condições para execução do contrato. Segundo o executivo, os ajustes estavam relacionados à necessidade de haver registro sanitário aprovado pela Anvisa.

-15 de fevereiro/2021: Foi feita oferta de 100 milhões de doses, que considerava o envio de 8,7 milhões de doses no segundo trimestre; 32 milhões no terceiro trimestre; e 59 milhões no quarto trimestre.

-8 de março/2021: Foi feita oferta de 100 milhões de doses, que considerava o envio de 14 milhões de doses no segundo trimestre; e 86 milhões no terceiro trimestre. Este foi o contrato assinado com o governo brasileiro.

-23 de abril/2021: Uma oferta por 100 milhões de doses adicionais foi feita, considerando 30 milhões no terceiro trimestre e o restante até o fim do ano. Este é o segundo contrato, em etapa final de discussão nesta semana.

Seguindo a política de preços adotada pela Pfizer, variável de acordo com a renda do país, o valor por dose ofertado ao Brasil foi de US$ 10,00.

11h26: Questionado se o Ministério da Saúde ignorou tentativas de contato com a Pfizer, Carlos Murillo disse que a oferta de agosto tinha validade de 15 dias. “Passados esses 15 dias, o governo nem aceitou, nem rejeitou a oferta. (…) Não tivemos resposta positiva, nem negativa”, afirmou.

11h33: O executivo afirmou que, depois das ofertas de agosto, o CEO da Pfizer, Albert Bourla, enviou comunicação a autoridades brasileiras indicando interesse em chegar a um acordo e que a companhia havia feito as propostas ao governo as propostas mencionadas.

A carta foi dirigida ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com cópia ao vice-presidente Hamilton Mourão, aos ministros Eduardo Pazuello (à época, Saúde), Walter Braga Netto (à época, Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia) e ao embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster.

11h50: Carlos Murillo diz que havia preocupação por parte do Ministério da Saúde com as condições de armazenamento específicas da vacina desenvolvida pela Pfizer. Também foram apresentadas condições como o registro sanitário concedido pela Anvisa e autorização legislativa para atender a condições contratuais negociadas. Segundo o executivo, o imbróglio se arrastou pelos meses de novembro, dezembro e janeiro.

11h55: Renan cita depoimento de Pazuello ao Senado Federal em que o então ministro afirmou que a Pfizer ofertou 6 milhões de doses da vacina com entrega apenas em 2021 e questiona se Murillo confirma a informação. O representante da companhia mantém sua fala anterior, que indicava oferta de 70 milhões de doses do imunizante.

12h00: O relator questiona quando Carlos Murillo esteve confiante da assinatura do contrato com o governo brasileiro. “O momento que eu estive confiante da assinatura de contrato foi em 19 de março deste ano [quando o contrato foi celebrado]. Não podemos estar confiantes de fechamento de acordo até ter o acordo firmado”, respondeu a testemunha.

12h11: Renan cita afirmação do então ministro Pazuello, que disse que a Pfizer tinha exigências contratuais “leoninas” que impediam assinatura do contrato, inclusive por falta de amparo legal. “Nós não concordamos com esse posicionamento”, afirmou o executivo.

“As condições que a Pfizer procurou para o Brasil são exatamente as mesmas condições que a Pfizer negociou e assinou, neste momento, com mais de 110 países no mundo”, disse.

“Do ponto de vista da nossa consistência internacional, dada a situação da pandemia e dado nosso processo de desenvolvimento da vacina, essas foram as condições negociadas e aceitas pelos 110 países que hoje a Pfizer tem assinado contrato”, concluiu.

12h19: Questionado sobre quantas doses teriam sido entregues ao Brasil até hoje se o país tivesse aceito a primeira oferta contratual. Segundo o executivo, a proposta envolvia um quantitativo de 18,5 milhões para o período (4 milhões a mais do que o previsto no contrato firmado pelo governo), mas fez uma ressalva: “Eu não posso afirmar que essas teriam sido as quantidades entregues”.

Murillo diz que não há diferenças relevantes entre o contrato proposto no ano passado e o firmado em março de 2021, excetuando o cronograma de entrega das doses.

12h31: “O posicionamento oficial da Pfizer é continuar oferecendo nossa vacina através dos governos no mundo. A companhia ainda não tem fornecido a vacina para entes privados, desconheço quando isso poderia acontecer”, afirmou o executivo.

12h42: Questionado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) sobre as chamadas “cláusulas leoninas” no contrato, Murillo negou que tenha havido maiores exigências de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. O parlamentar citou como exemplo a apresentação de garantias de bens estatais, como prédios, embaixadas e bases militares.

“Nesta pandemia, a Pfizer correu risco sem precedentes em uma situação sem precedentes, que requeria que todo mundo colaborasse com esse processo. Por isso que a Pfizer exigiu a todos os países as mesmas condições que exigiu ao Brasil. A referência às embaixadas é informação incorreta, distorcida”, respondeu o executivo.

12h49: Carlos Murillo confirmou que conversou por telefone com Wajngarten e o ministro Paulo Guedes (Economia) em novembro. A ligação foi mencionada pelo ex-chefe da Secom em depoimento ontem (12) à CPI.

12h50: O senador Humberto Costa disse que o depoimento do representante da Pfizer deixa clara “a negligência, o desleixo e a falta de interesse” do governo em prover vacinas à população o mais rápido possível. “Se analisarmos as diversas propostas feitas pela Pfizer, várias tinham como garantia 1,5 milhão de doses ainda em 2020. O Brasil começou a vacinar no final de janeiro com a vacina do Butantan”, disse.

“Isso é a demonstração cabal da incompetência que esse governo tem para enfrentar essa pandemia e os outros problemas do país”, concluiu.

13h05: Questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre tratativas com diversas autoridades brasileiras, o executivo respondeu: “Não tivemos negociação paralela com o senhor Wajngarten. A Pfizer procurou diferentes autoridades governamentais durante o processo para assegurar que ele caminhasse”.

“Entendemos que um processo muito complexo como este e um governo com o do Brasil tem muitas partes. Então, ter essa pessoa que tinha relacionamento com o Ministério da Economia consideramos que era importante para continuar avançando com as negociações”, complementou.

13h08: Perguntado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) sobre o momento em que a Pfizer verificou haver segurança jurídica para a celebração do contrato, Murillo afirmou que isso ocorreu com a sanção do projeto de lei 14.123, em março deste ano. O texto ofereceu uma solução legislativa para que gestores pudessem fechar contrato com laboratórios que impõem condições mais exigentes em contratos.

Na avaliação do parlamentar, que integra a chamada “tropa de choque” do governo no colegiado, afirmações de que o contrato poderia ter sido celebrado antes do que ocorreu são descabidas, já que o acerto dependeu de ajuste na legislação vigente. “Há uma tentativa de construir uma narrativa mentirosa”, afirmou.

13h19: O senador Ciro Nogueira (PP-PI) perguntou se o executivo acredita que o país teria conseguido iniciar a vacinação em 2020, considerando as necessidades de aprovação do órgão sanitário norte-americano FDA (Food and Drug Administration) e da Anvisa. “O que posso afirmar é o que estava comunicado na oferta, que incluía esta quantitativo (1,5 milhão de doses). Eu não posso afirmar que teria acontecido isso, porque precisamente o contrato dependia de outras condições”, disse.

13h22: Carlos Murillo pediu a palavra para dar os detalhes solicitados acerca de reunião que a diretora jurídica da Pfizer teve com Wajngarten em 7 de dezembro. O executivo leu comunicado oficial que diz que a conversa tratou dos entraves legais envolvendo as propostas para aquisição de vacinas.

A nota diz que, “após aproximadamente 1 hora de reunião, Fabio [Wajngarten] recebe uma ligação, sai da sala e retorna à reunião. Minutos depois entra na sala de reunião Felipe Garcia Martins, da assessoria internacional da Presidência da República, e Carlos Bolsonaro”. Vale lembrar que, em depoimento ontem, Wajngarten disse que interagiu “muito poucas vezes” com o vereador.

13h26: A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembra que o Brasil fez compras de algumas vacinas sem mesmo haver a autorização em caráter emergencial pela Anvisa, como nos casos do imunizante de Oxford/AstraZeneca e a Covaxin.

“É muito bom lembrar que as condições legais estabelecidas na medida provisória do governo brasileiro para se ter acesso, por exemplo, a essa compra só foram mandadas pelo Presidente da República exatamente no dia 21 de março de 2021. Ou seja, quanto ao que a Pfizer lá atrás colocou como condição, como critérios para que o contrato fosse estabelecido, em vez de o governo iniciar o seu lado e, portanto, as suas condições para isso no ano passado, nós só tivemos neste ano”, afirmou.

13h31: A parlamentar questionou o executivo se ele acredita ter havido negligência por parte do governo brasileiro no processo de aquisição de vacinas junto à Pfizer. “Eu não posso fazer essa afirmação. Eu não conheço os processos internos do governo do Brasil para poder fazer essa afirmação”, respondeu.

Questionado sobre como foi o processo com outros governos, Murillo disse que “outros países começaram no mesmo tempo que nós e assinaram um acordo de compra antecipada antes que o Brasil”.

Indagado pela senadora, o executivo confirmou que, de maio a novembro, representantes da Pfizer não foram recebidos por Pazuello ou Guedes e as interações estavam sendo conduzidas com as equipes técnicas das pastas.

13h54: O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) questionou sobre os principais gargalos para o aumento da produção de vacinas contra a Covid-19 pela Pfizer. “O gargalo é a capacidade de produção mesmo. É um processo muito complexo, que requer muitos insumos. A vacina da Pfizer requer 280 insumos para ser manufaturada”, respondeu o depoente.

14h10: Carlos Murillo informou que, em dezembro do ano passado, três países da América Latina já iniciavam a vacinação de seus cidadãos com o imunizante da Pfizer: Chile, México e Costa Rica.

14h14: Em resposta a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, o executivo descreveu reunião realizada em 7 de agosto com membros do governo. Segundo Murillo, havia um interesse em direcionar as tratativas para um acordo que envolvesse transferência de tecnologia, como ocorrera com o imunizante de Oxford/AstraZeneca.

14h26: Carlos Murillo conta que, em novembro, o governo passou a cogitar a possibilidade de apresentar ao Congresso Nacional iniciativa legislativa para viabilizar a celebração de acordo com a Pfizer.

Randolfe lembra que uma medida provisória foi editada pelo governo sobre o assunto em dezembro – porém, mesmo com pareceres favoráveis da consultoria jurídica, o dispositivo específico ficou de fora do texto. O parlamentar conta que apresentou emenda incluindo o trecho, mas que é rejeitada por orientação do governo na Câmara dos Deputados. A modificação legislativa somente teria ocorrido um mês depois em outra peça legislativa.

“Nós estamos falando de novembro, dezembro, janeiro, três meses. Repito a pergunta: quantas vidas poderiam ter sido salvas? Não é que não teve a discussão! Teve a discussão! Deliberadamente, o Presidente da República não incluiu na medida provisória, não incluiu! Pior, teve uma emenda que, por orientação do Governo, foi rejeitada!”, disse o senador.

14h41: O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) lembra fala do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que indicou que a exigência de registro sanitário ou autorização para emprego emergencial se dá para o uso da vacina, não para a compra.

“Portanto, é fato que todos, ou quase todos, os contratos firmados pelo governo federal foram com vacinas que não tinham ainda esse registro na Anvisa. Assim se deu, por exemplo, a adesão ao consórcio Covax, em 24/09/2020, em que você não tinha autorização da Anvisa e você não sabia nem qual era a vacina que seria entregue”, afirmou.

15h00: O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) disse que há registros de atraso na distribuição de vacinas da Pfizer na Espanha, França, Itália e Áustria. Questionado em outras ocasiões sobre possível processo na Itália, Carlos Murillo afirmou não ter conhecimento.

15h16: “V. Sa. considera razoável que, num estado de calamidade pública de pandemia, de certa forma, sejam naturais atrasos por questões de força maior?”, questionou o líder do governo na casa legislativa, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

“O momento que estamos vivendo, certamente, é uma situação extrema, que vai requerer muito esforço para poder cumprir todos os cronogramas”, respondeu o representante da farmacêutica.

15h21: Questionado sobre a reunião de 7 de dezembro entre a diretoria jurídica da Pfizer e Wajngarten no Palácio do Planalto, o executivo leu mensagem que recebeu de sua equipe sobre o encontro:

“Após aproximadamente uma hora de reunião, Fabio recebe uma ligação, sai da sala e retorna para a reunião. Minutos depois, entram na sala de reunião Filipe Garcia Martins, Assessoria Internacional da Presidência da República; Carlos Bolsonaro. Fabio explicou a Filipe Garcia Martins e a Carlos Bolsonaro os esclarecimentos prestados pela Pfizer até então na reunião. Carlos ficou brevemente na reunião e saiu da sala. Filipe Garcia Martins ainda permaneceu na reunião. A reunião foi encerrada logo na sequência, e as representantes da Pfizer saíram do Palácio do Planalto”.

15h27: Questionado pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA) se a Pfizer ofereceu ao governo brasileiro alguma opção de seguro para mitigar os custos decorrentes de eventuais efeitos colaterais em massa, Carlos Murillo respondeu: “Precisamente por conta do do processo acelerado, dada a urgência e a necessidade de contar com vacinas, temos tido um processo que, realmente, é um avanço da ciência. Esse avanço cria riscos potenciais tanto para a companhia quanto para os potenciais vacinados. No dia de hoje, a vacina da Pfizer tem sido aplicada em cerca de 490 milhões de pessoas e, afortunadamente, os eventos adversos reportados continuam sendo muito em linha com o que foi mostrado no estudo clínico. Por conta dessa situação tão especial, a Pfizer tem procurado, em seus contratos com todos os países, da mesma forma como foi feito com o Brasil, a isenção de responsabilidade. Isso tem permitido avançar e que uma companhia como a nossa esteja focada em fazer acessível a sua vacina a mais pacientes no mundo”.

15h49: O senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria, perguntou sobre como era feita antecipada da vacina. “Nos outros países, foi feito desta forma: nós assinamos o contrato de compra antecipada, que estava condicionado à emissão da autoridade regulatória. Mas já fomos avançando. Quando a autorização de uso emergencial aconteceu, nós já estávamos em condição de oferecer a vacina”, respondeu o executivo.

15h52: A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) perguntou a Carlos Murillo sobre as entregas até o momento efetuadas de doses da vacina da Pfizer ao Brasil. “A Pfizer tem assinado com o governo do Brasil um primeiro contrato, da data de 19 de março por um total de 100 milhões de doses, com entregas estimadas no segundo trimestre de 2021, de 13,5 milhões e 86,5 milhões, o terceiro trimestre de 2021.
No dia de hoje, nós estimamos que, no segundo trimestre de 2021, vamos conseguir entregar 15,5 milhões da vacina”, disse.

“O primeiro milhão de doses chegou no Brasil em 30 de abril. Na semana passada chegaram, aproximadamente, 600 mil vacinas. Esta semana chegaram, aproximadamente também, 600 mil vacinas e a expectativa é que, a cada semana, vamos estar recebendo vacinas para completar esta estimativa de 15,5 milhões até o mês de junho”, complementou.

16h00: Completa a lista de inscrições para indagações ao depoente, a sessão é encerrada. Obrigado por acompanhar a transmissão pelo InfoMoney!

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