Copom e PIB dos EUA definem o tom do mercado na semana que vem

"Embora as expectativas sejam que os juros sejam mantidos, os olhos se voltam para o comunicado do Banco Central", recomendou o economista-chefe da Azimut Wealth , Paulo Gomes

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Foi uma semana para ser lembrada no mercado brasileiro. Em quatro dias sem quedas, o Ibovespa acumulou ganhos de 3,48% – sua melhor semana de alta desde o início de outubro, mesmo com um dia a menos por conta do feriado desta sexta-feira (Consciência Negra). Com isso, o índice voltou ao patamar dos 48 mil pontos, em seu melhor fechamento em mais de um mês.

Assim como a política tem levado os investidores ao pessimismo, em meio às dificuldades de o governo em conquistar uma base minimamente consistente a ponto de aprovar medidas de ajuste fiscal, foi ela que trouxe uma injeção de apetite por riscos na veia dos players da Bolsa. O êxito no desarme das chamadas pautas-bomba, no controle da greve dos caminhoneiros, na aprovação da meta fiscal de 2015 na Comissão Mista de Orçamento mostraram força do governo Dilma Rousseff, apesar de a fragilidade que as votações apertadas mostraram.

O economista-chefe da Azimut Brazil Wealth Management, Paulo Gomes, lembra que as vitórias no parlamento foram suficientes para que o mercado praticamente ignorasse os indicadores ruins divulgados ao longo da semana.”O fator político voltou a mexer com os mercados. O governo conseguiu bons resultados no Congresso com a manutenção dos vetos”, argumentou. Também figurou no radar dos investidores as derrotas recentes do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem perdido forças na casa. O peemedebista é visto como uma representação da instabilidade política para o governo. Portanto, menos influência a ele pode representar, em um cálculo político mais generalista, maior controle do Planalto.

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No sentido oposto, porém, três indicadores resumem o cenário preocupante no campo econômico: o IBC-Br marcou desaceleração, o desemprego cresceu e a inflação do IPCA-15 superou os dois dígitos pela primeira vez no acumulado de 12 meses. Entretanto, a leitura que prevaleceu entre os investidores na semana que se iniciou em 16 de novembro foi: um governo com maior controle sobre sua base no Legislativo seria capaz de começar a mudar os números decepcionantes colhidos na economia. A essa altura, é importante ter os pés no chão e pensar que nada passou de uma semana positiva, que precisará ser continuada para que os resultados desejados pelo mercado sejam alcançados.

Na semana que vem, mais indicadores podem mexer com o humor de quem tem se aventurado a fazer operações financeiras em terras tupiniquins. Na lista, Paulo Gomes dá grande destaque à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e o posterior comunicado enviado pelo Banco Central. “Embora as expectativas sejam que os juros sejam mantidos, os olhos se voltam para o comunicado. Ele pode apresentar alguma alteração, tendo em vista a manutenção do crescimento da inflação”, afirmou. A evolução dos preços em dois dígitos, apresentada pelo IPCA-15 desta semana, pode pressionar o BC a começar a pensar em novas altas de juros em breve, apesar de a Selic já estar na marca dos 14,25% ao ano.

No exterior, as atenções se voltam para o PIB (Produto Interno Bruto), índices de confiança e dados inflacionários nos Estados Unidos. As expectativas são de uma aceleração econômica na casa dos 2% no terceiro trimestre em relação ao período anterior e de maior proximidade do núcleo dos preços à meta do Federal Reserve. Os indicadores na maior economia do mundo convergem para as expectativas do mercado de que os juros americanos deverão começar a subir em dezembro deste ano. Já na Europa, olhos para os dados do PMI – o mercado projeta queda tanto para serviços como para indústria – e de confiança na economia.

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A seguir, os destaques da agenda econômica semanal:

Reunião do Copom (Brasil)
Reunião do Comitê de Política Monetária para decidir o novo patamar da taxa básica de juros da economia. Hoje, a Selic está fixada em 14,25% ao ano. A expectativa dos economistas é que os juros se mantenham nesse patamar, mas que o comunicado do comitê dê pistas sobre possíveis altas em 2016. São dois dias de reunião, sendo que a decisão é comunicada na noite da quarta-feira (25).

IGP-M (Brasil)
As prévias do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) são divulgadas mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas. Cada variação é comparada com a respectiva parcial no mês anterior. Na próxima sexta-feira (27), às 8h (horário de Brasília), serão apresentados os dados prévios dos preços referentes a novembro. O mercado espera uma elevação na casa dos 1,4% para o indicador.

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Pnad Contínua (Brasil)
Produz informações contínuas sobre a inserção da população no mercado de trabalho e suas características, tais como idade, sexo e nível de instrução, permitindo, ainda, o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País através da produção de dados anuais sobre trabalho infantil, outras formas de trabalho e outros temas permanentes da pesquisa, como migração, fecundidade etc. A Pnad Contínua investiga 211 344 domicílios particulares permanentes em aproximadamente 16 000 setores censitários, distribuídos em cerca de 3 500 municípios. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua será divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística às 9h da terça-feira (24). 

PIB (EUA)
GDP (Gross Domestic Product) é a sigla em inglês para Produto Interno Bruto. Ele é calculado pelo Departamento de Comércio norte-americano. O PIB mede todos os bens e serviços produzidos na economia em determinado período. Ele é formado por cinco componentes: consumo, investimento, gastos governamentais, nível de estoque e saldo de comércio exterior. O consumo representa quase 2/3 do PIB norte-americano, e é um dos componentes menos voláteis. O indicador será divulgado na terça-feira (24), às 11h30 (horário de Brasília) – uma hora antes da abertura das bolsas americanas.

PMIs (zona do Euro)
Para completar a lista de indicadores importantes na semana que vem, destaque para o Purchasing Managers Index da indústria e de serviços da zona do Euro, medidos pela Markit. Os dados preliminares de novembro serão apresentados na segunda-feira (23), às 7h (horário de Brasília). As expectativas dos especialistas são de queda, após o indicador composto marcar 53,9 em outubro. Vale lembrar que resultados superiores a 50 pontos indicam aceleração, ao passo que números mais baixo refletem contração.

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Para ver a agenda completa da semana que vem, clique aqui.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.