Congresso dos EUA pode reduzir poder do Fed; banco pede independência

Presidentes dos Feds regionais falam que mudanças podem prejudicar decisões, ao colocar o banco sob o controle político

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SÃO PAULO – Em meio às discussões sobre transparência e controle das empresas, outro debate é colocado nos Estados Unidos, mas desta vez a respeito da autonomia de um órgão público: o Fed (Federal Reserve), Banco Central norte-americano.

Os presidentes dos Feds regionais têm se manifestado para protestar contra a ideia do Congresso dos Estados Unidos de reduzir a atuação do órgão. Entre as propostas dos legisladores, está a escolha dos membros que compõem o Fed – o que poderia dar um maior controle político sobre a autoridade monetária.

O presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, por exemplo, defendeu no último dia 29 que a estrutura do Banco Central deve ser preservada, enquanto o presidente do Fed de Kansas City, Thomas Hoenig, promove um livro sobre a independência da autoridade monetária.

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Limitação de poder

Porém, para o presidente do comitê bancário do Senado norte-americano, Christopher Dodd, e seu companheiro Barney Frank, a forma como é feita a seleção dos presidentes atualmente é parte da vergonha da crise financeira. Isso porque este membros não são escolhidos pelo Congresso e são parcialmente nomeados por bancos.

Eles comentam ainda que o Fed falhou na supervisão dos bancos, depois que a crise financeira irrompeu, fazendo com que os contribuintes fossem expostos às perdas com a ajuda à AIG e a outras instituições.

Reação

Por outro lado, os presidentes dos Feds regionais afirmam que medidas desse nível colocariam em risco a independência do sistema monetário e poderiam dar ao Congresso influência suficiente para intervir nas estratégias de política monetária do Banco Central, que visam conter a inflação e expandir o crédito.

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“A ameaça à autonomia do Fed parece ser a pior que eu já vi em toda a minha vida”, afirmou Lyle Gramley, ex-diretor do Fed. “Se o congresso interferir na habilidade do Banco Central de fazer o que precisa, isto poderia ter um grande efeito negativo na economia e na inflação”, conclui.

Escolha

O Fed é composto por sete diretores comandados por Ben Bernanke e 12 bancos representando diferentes regiões.

Enquanto os diretores são nomeados pelo presidente e ratificados pelos senadores, quem determina os presidentes dos Feds regionais são conselhos privados. Ainda assim, a escolha precisa ser confirmada pela diretoria do Fed.