Com PIB fraco, governo aposta que controle da inflação será notícia boa em 2013

Graduada fonte do governo diz que queda da inflação se manterá e que crescimento será mais alto que o de 2012, apesar do cenário internacional

Reuters

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BRASÍLIA – Acuado por sinais fracos da atividade econômica e pela recente onda de protestos vista no país, o governo sofre com a falta de mensagens positivas capazes de reanimar o setor produtivo. Por isso, baterá na tecla de que a queda dos preços será a boa notícia do ano.

Isso mesmo com expectativas de que a inflação, mesmo cedendo, ficará elevada neste ano.

“A inflação voltou a cair e isso se manterá. Não teremos crescimento alto, mas será maior que o de 2012, com a economia mundial rateando e com a China desacelerando”, disse à Reuters uma graduada fonte do governo, dando o tom do discurso oficial após um semestre de resultados fracos.

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Neste ano, segundo projeção de economistas consultados na pesquisa Focus, do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 2,31 por cento, melhor que o 0,9 por cento de 2012, mas bem abaixo dos 3 por cento que o governo almeja.

No Ministério da Fazenda, a avaliação é de que as melhores notícias estarão relacionadas ao comportamento dos preços, e não ao nível de atividade. O raciocínio é de que a inflação sob controle é condição para o crescimento.

“A política monetária está ativa no combate à inflação e a política fiscal está sendo manobrada para ser neutra ou levemente contracionista”, comentou uma fonte da Fazenda, sob condição de anonimato.

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A pasta chefiada por Guido Mantega tem informações de que a inflação de julho será bem menor que a de junho, que ficou em 0,26 por cento pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza as metas do governo.

Apesar da desaceleração em junho, no acumulado em 12 meses o IPCA ficou em 6,70 por cento, acima dos 6,50 por cento do teto da meta do governo –de 4,5 por cento com margem de dois pontos percentuais.

Nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a inflação em julho ficará próxima de zero, assegurando que a alta dos preços ficará dentro da meta em 2013.

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Pesquisa Reuters publicada mais cedo mostrou que o IPCA-15, prévia da inflação oficial, deve ter subido 0,11 por cento em julho, com o acumulado em 12 meses chegando a 6,43 por cento.

Oficialmente, o BC prevê que o IPCA fechará o ano em 6 por cento, acima dos 5,84 por cento de 2012, segundo o último Relatório de Inflação da autoridade monetária.

O mesmo documento do BC –do fim de junho– considerava um juro básico em 8 por cento ao ano. Mas na semana passada o BC elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 8,5 por cento, e indicou que continuará com o ciclo de aperto monetário para domar a inflação.

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No boletim Focus, a previsão é que o IPCA encerrará 2013 em 5,80 por cento.

Atividade fraca
No front da atividade, a equipe econômica dispõe de dados mostrando mais um ano de baixo crescimento. Mantega, segundo uma das fontes, avalia que a expansão do PIB ficará em torno de 2,5 por cento. Mas, a fim de manter o otimismo, vai apostar em 3 por cento no decreto de programação orçamentária que será divulgado até segunda-feira.

Na sexta-feira passada, o BC divulgou mais um dado frustrante, informando que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), espécie de sinalizador do PIB, recuou 1,4 por cento em maio ante abril.

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Para o professor José Márcio Camargo, do Departamento de Economia da PUC do Rio de Janeiro, o emprego –um alicerce importante da economia– também dá sinais de perda de fôlego.

“As empresas, que estavam retendo mão de obra para não ter custos com demissão, deixaram de acreditar na melhora da economia e começaram a dispensar trabalhadores, com isso a taxa de desemprego de 2013 deverá ser maior que a de 2012”, disse.

Em maio, último dado disponível, a taxa de desemprego mostrou resistência ao se manter em 5,8 por cento pelo terceiro mês seguido.

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Concessões de infraestrutura
O governo se agarra aos leilões de infraestrutura previstos para este semestre para recuperar a confiança. Mas mesmo entre alguns técnicos do governo, o efeito dessas licitações é visto com ceticismo.

“O governo retirou todos os coelhos da cartola e não há mais espaço para novos estímulos”, avaliou uma fonte da área econômica em referência à série de medidas, como as desonerações fiscais, que não ajudaram a aquecer a atividade.

De acordo com essa fonte, os leilões de concessão de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos terão efeito limitado sobre a confiança dos empresários, porque após as licitações haverá uma fase de elaboração de projetos e assinatura dos contratos. Com isso, a tendência é que esses programas saiam do papel apenas na virada de 2014 para 2015.

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