Guedes diz que só vacinação em massa pode sustentar retomada da economia

Ministro defende vacinação “voluntária”, obrigação de o governo disponibilizar o imunizante gratuitamente e direito de cidadão decidir se vacinar ou não

Marcos Mortari

O ministro Paulo Guedes (Economia) em coletiva de imprensa realizada remotamente (Foto: Edu Andrade/Ascom/ME)

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SÃO PAULO – O ministro Paulo Guedes (Economia) reafirmou, nesta sexta-feira (18), a percepção de que a atividade econômica brasileira está em recuperação após os impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus, mas salientou que a etapa mais importante da luta contra a covid-19 ainda não foi vencida e se inicia com a vacinação em massa da população.

“O capítulo mais importante dessa luta, [que] não foi vencida, não está encerrada, vem agora, que é a vacinação em massa. São mais R$ 20 bilhões com a medida provisória que foi assinada agora para a vacinação em massa dos brasileiros”, disse em coletiva de imprensa com o balanço dos trabalhos em 2020. O evento foi realizado remotamente.

Durante sua exposição inicial, Guedes defendeu a importância da conciliação entre preocupações com saúde e economia. O ministro argumentou que não haverá retomada sustentável da atividade sem o retorno seguro aos trabalhos ‒ o que dependeria de vacinas.

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“Para voltar a voar, ele [o Brasil] precisa bater as duas asas simultaneamente. Você precisa bater a asa da recuperação econômica, que está a caminho, e ao mesmo tempo a asa da saúde, da vacinação em massa”, afirmou.

“Só é possível sustentar essa recuperação econômica, esse desafio que vem à frente, que é transformar uma recuperação cíclica com base em consumo em uma retomada do crescimento sustentável com base nos investimentos… isso só será possível à medida que tenhamos esse retorno seguro ao trabalho, e esse retorno seguro ao trabalho exige a vacinação em massa da população brasileira”, complementou.

Guedes defendeu a vacinação “voluntária” da população, a obrigação de o governo federal em disponibilizar o imunizante gratuitamente e o direito de o cidadão decidir se vacinar ou não e qual imunizante tomar.

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“É uma vacinação voluntária, e o que o governo tem que fazer é disponibilizar todas as vacinas para a população de forma voluntária e gratuita, e não onerosa. Qualquer brasileiro pode escolher a vacina que ele quer tomar… não paga pela vacina e escolhe a vacina se quiser tomar. Essa vacinação não onerosa, gratuita, de forma voluntária, para os brasileiros é exatamente o que nós precisamos para que a asa da saúde bata ao mesmo tempo que a asa da recuperação econômica”, frisou.

Ontem (17), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a vacinação contra Covid-19 poderá ser obrigatória. Pelo entendimento da maioria dos ministros, a União, os Estados e municípios podem decretar medidas indiretas para estimular a imunização, como a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, mas não podem determinar a vacinação compulsória da população.

A decisão foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O Supremo, com todo respeito, tomou uma medida antecipada. Nem vacina tem. Não vai ter para todo mundo”, afirmou em live transmitida pelas redes sociais na última quinta-feira.

Segunda onda

Guedes classificou a reaproximação das mil mortes diárias pela doença como “assustadora”, mas disse que o governo federal ainda avalia se o aumento representa um repique ou se de fato poderia configurar uma segunda onda. “Estamos analisando agora se é um repique ou uma segunda onda”, disse.

“Se fosse uma segunda onda, com uma versão diferente do vírus ou alguma coisa que não estamos compreendendo, seria muito mais grave. Estamos observando isso”, complementou.

O ministro voltou a defender que a doença não pode servir como “desculpa” para a “irresponsabilidade fiscal”, mas afirmou que “se houver um revigoramento da pandemia e uma segunda onda claramente indicada”, o governo terá que agir. Segundo ele, este diagnóstico de momento epidemiológico virá exclusivamente do Ministério da Saúde.

“Havendo isso, evidentemente, temos que ter uma ação tão fulminante e decisiva como houve na primeira vez. Agora, nós não podemos… A relação dívida/PIB deu um salto enorme. Nós gastamos bastante, como se fosse uma guerra. Se você pega o oxigênio e usa todo de uma vez só, depois falta”, pontuou.

“Hoje, o plano A é: a doença cedendo e a economia voltando, o programa termina no dia 31 de dezembro, o Brasil está de volta às reformas estruturantes e de volta à normalidade. Se não for essa a realidade, vamos ter que pensar como fazemos. Mas sabemos o que fazer e aprendemos bastante durante esse período. Vamos fazer o que deu certo melhor e não vamos fazer o que não funcionou tão bem”, disse.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.