Calero diz à PF que Temer o “enquadrou” para encontrar saída para pedido de Geddel

O empreendimento La Vue Ladeira da Barra, em Salvador, está no centro da mais recente crise envolvendo o Palácio do Planalto

Paula Barra

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SÃO PAULO – O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente da República, Michel Temer, o “enquadrou” no intuito de encontrar uma saída para a obra de interesse do ministro de Secretaria de Governo, Geddel Vieira de Lima, segundo informações da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (24). 

À PF, Calero disse que foi convocado por Temer para comparecer ao Palácio do Planalto na última quinta-feira (17) e que o presidente teria dito que a decisão do Iphan  (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) havia criado “dificuldades operacionais” em seu gabinete, dado que Geddel encontrava-se bastante irritado, e pediu que ele construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU (Advocacia-Geral da União), porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução.

Em seguida, Calero afirma que Temer encarava com normalidade a pressão de Geddel, articulador político do governo, e que teria dito ao final da conversa “política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão”. 

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Calero pediu demissão do cargo de ministro na última sexta-feira (18), citando como principal motivo para sua saída a pressão que sofreu do titular da Secretaria do Governo para liberar o empreendimento imobiliário de alto luxo La Vue Ladeira da Barra, situado em Salvador, que está agora no centro da recente crise envolvendo o Palácio do Planalto. 

A obra foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao Ministério da Cultura. Calero foi substituído pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP). 

O porta-voz do Palácio do Planalto fez um pronunciamento e disse que Temer defendeu apenas uma “saída técnica”, ao pedir que o caso fosse levado à AGU.