Brasil precisa definir caminho a seguir para liderar transição energética, diz ministro

Em Nova York, Jader Filho diz que Brasil deverá aproveitar seu potencial e conduzir outros países no debate sobre combustíveis alternativos

Luís Filipe Pereira

Brasília (DF), 06/09/2023, O ministro das Cidades, Jader Barbalho FIlho, durante assinatura de acordo de cooperação técnica, para fortalecer políticas públicas de prevenção de riscos e desastres. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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O ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), defendeu, na tarde desta segunda-feira (18), que o governo realize uma discussão aprofundada sobre qual modelo deverá ser seguido no âmbito da transição energética, nos próximos anos, e, assim, facilitar a implementação de políticas públicas no setor. A declaração ocorreu durante painel sobre desenvolvimento sustentável na Bolsa de Valores de Nova York.

“Não tem um caminho de volta. Quando você coloca na ponta do lápis, você conversa com prefeitos, governadores e empresários, por exemplo, a questão do transporte público. Você tem um modelo econômico que precisa que fique redondo, para que possa haver investimentos. A questão não é para onde nós vamos, e sim quais são os caminhos para que a gente alcance nosso objetivo”, afirmou.

Enviado ao Legislativo pelo governo federal, o PL do Combustível do Futuro apresenta um movimento inicial ao estabelecer diretrizes para a descarbonização da matriz energética pelo estímulo à produção de combustíveis renováveis para o transporte aéreo e terrestre, como o combustível sustentável de aviação (SAF na sigla em inglês) e o diesel verde.

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Segundo Jader Filho, o Ministério das Cidades já tem direcionado atenção para a instalação de painéis solares em unidades do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, e garantir que eles seja utilizados para a geração de energia dos empreendimentos.

Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), que também participou do encontro desta segunda, o Brasil deve aproveitar seu potencial para liderar o processo de descarbonização do planeta por meio da produção de hidrogênio verde. Ao citar investimentos recentes em linhas de transmissão para conectar Roraima ao sistema nacional de energia, o ministro afirmou que, internamente, há segurança jurídica e estabilidade política para atrair investidores estrangeiros e garantir um bom ambiente de negócios.

[Vamos] criar instrumentos para que a gente possa ampliar as fontes limpas e renováveis, que nós acreditamos que o Brasil, além de ter sua Amazônia como pulmão do planeta, será também o país de descarbonização do planeta através do hidrogênio verde. Sem dúvida nenhuma, nós estamos com estados extremamente preparados, em especial os estados litorâneos, e aí eu incluo nosso Espírito Santo, Nordeste, Brasileiro, para poder ser grandes hubs, inclusive, de exportação de energia limpa e renovável através do hidrogênio verde. É evidente que nós queremos e privilegiaremos as cadeias nacionais da indústria para poder gerar oportunidade dentro do Brasil”, afirmou.

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Segundo a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, nenhum país considerado potência econômica possui recursos energéticos semelhantes ao Brasil, o que coloca o país numa posição de privilégio em comparação com outras nações. Ao citar o possibilidade de produzir ônibus elétricos em larga escala, ela reforçou que o banco poderá apoiar a reindustrialização do país em bases sustentáveis.

“O Brasil deve produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo, ou estar entre os três primeiros, permitindo produzir aço verde, amônia verde, produtos intensivos em energia verde”, resumiu.

O secretário substituto do Departamento de Energia dos Estados Unidos, David Turk, que trouxe a perspectiva estrangeira para o debate, disse que, por ter uma cadeia de abastecimento reduzida, seu país deverá depender da atuação de parceiros internacionais para suprir a crescente demanda por painéis solares nos próximos anos, por exemplo. Segundo Turk, Brasil e Estados Unidos podem trabalhar em conjunto no setor, e parcerias entre a esfera governamental e agentes privados podem ser bem-sucedidas desde que haja um planejamento bem definido.

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“Se nós entendermos qual o papel efetivo de vocês empresários, de nós aqui do governo, nós temos como pegar essa questão da transição energética, a questão da necessidade que o mundo hoje busque alternativas, a questão do clima, e liderar esse processo”, complementou Filho.

“Quem apostou no etanol de segunda geração começou com a primeira planta sem sequer ter demanda. Ou seja, quem apostar na economia verde, quem apostar na transição energética no Brasil, que é sem dúvida nenhuma o país junto com a Índia, que protagonizará a descarbonização através dos biocombustíveis e da energia limpa e renovável, vai estar acertando do ponto de vista dos investimentos”, reforçou Silveira.