Bolsonaro diz na Febraban que não é assinando “cartinha” que alguém se torna democrata

"Democracia tem que sentir. Falar, todo mundo fala", disse o presidente durante o encontro com representantes de instituições financeiras

Reuters

O presidente Jair Bolsonaro discursa em cerimônia no Palácio do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição em outubro, voltou a criticar nesta segunda-feira as iniciativas da sociedade civil em defesa da democracia, afirmando que “cartinha” todo mundo faz.

Em discurso durante encontro com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Bolsonaro afirmou que quem deseja democracia precisa senti-la, e não assinar “cartinha”.

“Quem quer ser democrata tem que assinar cartinha não… se eu mandar lá assinar que ‘sou honesto’… todo mundo vai assinar que é honesto. Democracia tem que sentir. Falar, todo mundo fala”, disse.

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A Faculdade de Direito da USP, a Federação das Indústrias dos Estado de São Paulo (Fiesp) e outras entidades elaboraram cartas em defesa da democracia depois que Bolsonaro se reuniu com embaixadores em Brasília para repetir, desta vez para o público externo, seus ataques e alegações falsas contra o processo eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas.

Desde que os manifestos começaram a circular, Bolsonaro tem criticado duramente os documentos. A Febraban assinou a carta da Fiesp.

Em vários momentos do discurso na Febraban, Bolsonaro procurou rebater os questionamentos de que ele não seria a favor da democracia. “Mandei prender algum deputado?”, perguntou, numa possível alusão ao caso do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), que chegou a ser preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Ao mesmo tempo que disse não desejar brigas com outros Poderes, Bolsonaro voltou a questionar a segurança das urnas eletrônicas. O presidente falou que os bancos gastam fortunas com segurança cibernética, enquanto em Brasília, segundo ele, tem algo inexpugnável, numa referência às urnas eletrônicas. As urnas, porém, não entram em rede na internet, diferentemente dos aplicativos bancários.

Ao final do discurso, Bolsonaro foi aplaudido pelos presentes, mas alguns, como o presidente da B3, Gilson Finkelstain, e o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, não acompanharam os colegas.

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Bolsonaro também fez vários ataques ao líder das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda que sem mencioná-lo nominalmente, e repetiu feitos de seu governo e críticas usuais, como seus ataques às medidas de restrição de atividades que ajudaram a conter a Covid-19 no país.

Reconhecendo os problemas da inflação, agravados pela guerra na Ucrânia, Bolsonaro lembrou apelo que fez ao setor de supermercados em junho para reduzir lucro sobre a cesta básica, e fez um pedido aos banqueiros em relação ao custo do empréstimo consignado.

“Fiz uma videoconferência com os donos de supermercado do Brasil, apelei para eles: ‘Dá para diminuir a margem de lucro dos produtos da cesta básica?’… Agora, faço apelo para vocês: vai entrar o pessoal do BPC (Benefício de Prestação Continuada) no empréstimo consignado. Isso é garantia, desconto em folha. Se puderem reduzir o máximo possível, porque ainda estamos atravessando, estamos no final da turbulência”, disse o presidente.