Bolsonaro derruba rejeição e vai a 26%; Haddad empata com Ciro no Nordeste e chega a 10%, mostra XP/Ipespe

Grupo de eleitores que dizem que não votariam em Bolsonaro cai de 62% para 57% após atentado, taxa inferior à de Geraldo Alckmin e Marina Silva

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma semana após ser vítima de um ataque a facada durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o deputado Jair Bolsonaro (PSL) ampliou sua vantagem em relação aos adversários na corrida presidencial e viu sua taxa de rejeição deixar de ser a maior entre os candidatos. É o que mostra pesquisa XP Investimentos/Ipespe, realizada entre 10 e 12 de setembro. Segundo o levantamento, o parlamentar saltou de 23% para 26% das intenções de voto no intervalo de uma semana e agora está 14 pontos percentuais à frente de Ciro Gomes (PDT), adversário mais bem posicionado na disputa. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Na semana em que foi oficializado candidato – substituindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) chegou a 10% das intenções de voto no cenário estimulado de primeiro turno. O desempenho representa uma oscilação positiva de 2 pontos percentuais em relação à pesquisa da semana anterior e um salto de 4 pontos comparando com levantamento de duas semanas atrás.

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Com esse desempenho, Haddad aparece tecnicamente empatado com outros três candidatos na corrida presidencial: o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, que, em tendência de alta há três semanas atingiu seu maior patamar da série histórica, aos 12%; o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que apesar da larga vantagem em tempo de propaganda no rádio e na televisão, não consegue sair dos 9%; e a ex-senadora Marina Silva (Rede), que dá sinais de desidratação ao sair de 13% há duas semanas para 8% agora.

Entre os fatores que contribuem para o salto de Haddad nas últimas pesquisas, destaque para o bom desempenho entre faixas do eleitorado em que o lulismo é mais forte, caso dos nordestinos, grupo em que o petista saiu de 5% no fim de agosto para 19%, em condição de empate técnico com Ciro Gomes, líder na região com 21% das intenções de voto. Haddad cresceu para 15% entre os eleitores com Ensino Médio ou Ensino Fundamental. Há duas semanas, o apoio deste grupo ao candidato era de apenas 4%. Já na faixa com renda de até dois salários mínimos, o ex-prefeito paulistano foi de 4% há duas semanas para 10%.

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Em outro pelotão, outros quatro candidatos também pontuam. O empresário João Amoêdo (Novo) e o senador Álvaro Dias (Podemos) têm 4% das intenções de voto cada, tecnicamente empatados com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), com 2%, e o historiador Guilherme Boulos (PSOL), com 1%. Pela limite da margem de erro, de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, Amoêdo e Dias também estão tecnicamente empatados com Marina Silva. Já o grupo dos brancos, nulos e indecisos agora soma 23% do eleitorado, uma queda de 4 pontos em relação á semana anterior.

A pesquisa XP/Ipespe mostrou que o apoio a Bolsonaro também cresceu no cenário espontâneo, quando o entrevistado diz em quem pretende votar sem que lhe sejam apresentados nomes de candidatos. Nesta situação, o deputado tem 20% das intenções de voto. Uma semana atrás a taxa era de 16%. Logo atrás aparece o ex-presidente Lula, que, mesmo impedido de participar da disputa em função da Lei da Ficha Limpa, é citado por 9% dos eleitores. O ex-presidente chegou a 19% dos votos espontâneos há duas semanas. Já Ciro Gomes aparece com 6% das indicações espontâneas de voto, numericamente à frente de Haddad, com 5%. Alckmin tem 4% neste cenário, ao passo que Amoêdo tem 3% e Marina tem 2%, mesmo percentual de Álvaro Dias. Neste caso, o grupo dos “não voto” representa 47% do eleitorado, o que ainda indica o grau de imprevisibilidade desta eleição.

O levantamento também mostrou que, a três semanas do primeiro turno, cresceu o interesse pela eleição presidencial. Agora, 59% dos eleitores se dizem muito (34%) ou mais ou menos interessados (25%). Uma semana atrás a soma desses grupos representava 52% do eleitorado. A faixa de eleitores que se diz desinteressada com o processo, por sua vez, minguou de 26% para 21%.

Confira os cenários de primeiro turno para a corrida presidencial testados pela pesquisa:

Pesquisa espontânea: sem apresentação de nome dos candidatos

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Cenário 1: pesquisa estimulada

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Cenário 2: com Fernando Haddad, ‘apoiado por Lula’*

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*O cenário busca simular o potencial de transferência de votos de Lula a Haddad. Nesta situação, o nome de Haddad é apresentado pelo entrevistador juntamente com a informação de que é o candidato apoiado por Lula. O ex-presidente teve seu pedido de registro de candidatura indeferido pelo plenário do TSE, por 6 votos a 1, em 1º de setembro, o que fez com que o PT substituísse seu representante na disputa dez dias depois.

Migração de votos de Lula: Cenário Espontâneo para Cenário 2

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Confira a série histórica das pesquisas XP/Ipespe

Segundo turno

Foram testadas seis situações de segundo turno nesta pesquisa. Assim como na semana anterior, em função do aumento no número de entrevistas (de 1.000 para 2.000) e a consequente redução da margem de erro (de 3,2 p.p. para 2,2 p.p.), há modificação na interpretação de alguns dos cenários em comparação com levantamentos mais antigos.

Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 38% das intenções de voto, contra 28% para o petista, com 35% de brancos, nulos e indecisos. A diferença entre os dois chegou a ser de 16 pontos percentuais a favor do candidato do PSDB em três semanas. Em nenhum momento Haddad esteve à frente.

No caso de um enfrentamento entre Alckmin e Bolsonaro, o tucano aparece numericamente à frente pela segunda vez na série iniciada em maio, com placar de 37% a 36%, diferença dentro da margem de erro. Brancos, nulos e indecisos somam 26%. A diferença entre os candidatos chegou a ser de 7 pontos percentuais a favor do parlamentar na quarta semana de maio. Duas semanas atrás, os dois apareciam empatados com 35% das intenções de voto.

Em eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate técnico, com a ex-senadora numericamente à frente por 37% a 36%. Brancos, nulos e indecisos somam 27%. O deputado esteve numericamente à frente nos dois primeiros levantamentos da série, realizados na terceira e quarta semanas de maio, quando a diferença chegou a ser de 6 pontos percentuais, também dentro do limite da soma das margens de erro na época. Os dois estão tecnicamente empatados desde a primeira pesquisa, divulgada em 25 de maio.

Se o segundo turno fosse entre Ciro e Alckmin, os dois empatariam com 35% dos votos cada. Brancos, nulos e indecisos somariam 31%. É a segunda vez que os candidatos apresentam o mesmo percentual. A primeira havia ocorrido na última semana de junho. Em nenhum momento um dos candidatos teve vantagem superior ao limite da soma das respectivas margens de erro, mas na maior parte do tempo, Alckmin esteve numericamente à frente.

Caso Bolsonaro e Ciro se enfrentassem, o pedetista venceria com 40% das intenções de voto, contra 35% do parlamentar. Brancos, nulos e indecisos somariam 26%. É a terceira vez na série histórica que Ciro lidera esta simulação. Há duas semanas, o pedetista contava com vantagem de apenas 2 pontos percentuais. Nos dois primeiros levantamentos, em maio, o deputado vencia com diferença superior à soma das margens de erro.

A pesquisa também simulou um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Neste caso, o quadro também é de empate técnico, com o deputado numericamente à frente por placar de 40% a 38%. Nunca a diferença foi tão pequena. O grupo dos “não voto” soma 22%. Em abril, Bolsonaro chegou a contar com gordura de 11 pontos percentuais.

Rejeição aos candidatos

A pesquisa também perguntou aos entrevistados em quais candidatos não votariam em hipótese alguma. Bolsonaro apresentou um significativo recuo de 5 pontos percentuais na avaliação negativa e deixou a liderança deste indesejável ranking. Agora, o parlamentar é rejeitado por 57% do eleitorado, mesmo patamar registrado no início de agosto. À sua frente estão Marina Silva, com taxa de 64%, e Geraldo Alckmin, com 60%, sendo este último em condição de empate técnico com o deputado, próximo ao limite da soma das margens de erro de cada. Ainda desconhecido por 16% dos eleitores, Fernando Haddad tem a mesma taxa de rejeição de Bolsonaro, desconhecido por 5%. Já Ciro Gomes é repudiado por 56% dos eleitores, contra 49% de Álvaro Dias. O senador, porém, é desconhecido por 28%, contra 8% registrados do lado do pedetista. A trajetória dos índices de rejeição dos principais nomes nas últimas sete pesquisas está na tabela abaixo:

CANDIDATO DE 30/07 A 01/08 DE 06 A 08/08 DE 13 A 15/08 DE 20 A 22/08 DE 27 A 29/08 DE 3 A 5/09 DE 10 A 12/09
Jair Bolsonaro 57% 57% 58% 59% 61% 62% 57%
Marina Silva 59% 59% 60% 60% 60% 62% 64%
Ciro Gomes 61% 60% 59% 59% 59% 59% 56%
Geraldo Alckmin 60% 57% 59% 60% 59% 59% 60%
Álvaro Dias 47% 46% 48% 48% 48% 48% 49%
Fernando Haddad 58% 56% 54% 54% 56% 57% 57%

Fonte: XP/Ipespe

Metodologia

A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 10 e 12 de setembro, e ouviu 2.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.

O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima, estabelecida em 2,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-07277/2018 e teve custo de R$ 60.000,00.

O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais, a partir de 1998. O instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.

Em entrevista concedida ao InfoMoney em 12 de junho, Lavareda explicou as diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações bem feitas. Veja as explicações do sociólogo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.