“Balança de Cunha” estaria pendendo para governo; oposição vê impeachment perder força

Presidente da Câmara teria destacado dois pontos para não dar o pontapé inicial em um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff

Lara Rizério

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SÃO PAULO – De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vem negociando tanto com o governo quanto com a oposição para se manter no cargo após as acusações na Operação Lava Jato, teria destacado dois pontos para não dar o pontapé inicial em um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O primeiro deles é garantia pelo governo e pelo PT de que não prosperará o pedido de cassação de Cunha feito ontem pelo PSOL e pela Rede, que tramitará pelo Conselho de Ética a partir da semana que vem. 

Hoje (14), o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), entrega à Mesa Diretora o ofício com a representação apresentada pelos partidos e assinada por 48 deputados de outros cinco partidos (entre eles, PPS, PT e PSB). A partir da entrega, passa a contar prazo de três sessões deliberativas, ordinárias e extraordinárias, para que o documento seja devolvido ao conselho e o processo aberto.

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O Conselho de Ética tem 21 integrantes, sendo 9 do bloco comandado pelo PMDB e 7 do PT. Com os 16 votos, chegaria-se a uma ampla vantagem, o que seria suficiente para barrar a investigação contra ele. Se for aprovada a cassação no colegiado, o parecer vai ao Plenário da Câmara, em votação aberta. 

O segundo ponto das conversas giraria em torno da saída do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, do cargo. Ele é apontado por Cunha como responsável pelo vazamento das informações da Lava Jato contra ele. O parlamentar pede que o vice-presidente Michel Temer assuma a pasta, mas Dilma resiste. 

O jornal também afirma que Cunha sinalizou a dois ministros que queria ser absolvido ou pelo menos ter garantias de que a Operação Lava Jato “pegue mais leve” com ele. Mas, os ministros teriam afirmado que a missão seria “impossível” e que nem petistas foram “salvos”. 

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Com isso, oposicionistas avaliam que a tentativa de acordo está claramente em curso, com alguns já demonstrando descrença de que Cunha vá autorizar a tramitação de um pedido de impeachment contra a petista. Para eles, o presidente da Câmara tem chance bem maior de salvar o mandato em acordo com o governo do que em acordo com a oposição. 

Porém, a “esperança” é que o PT não entregue o Cunha exige, sendo que um exemplo disso foi a “debandada” de 32 deputados, que assinaram individualmente o pedido do PSOL e da Rede. 

Cunha ainda deve guardar na manga se não receber o prometido. É dado como certo por oposicionistas e governistas que ele irá arquivar possivelmente na semana que vem o pedido formulado pelos advogados Hélio Bicudo (ex­quadro histórico do PT), Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. Porém, ele guardará na gaveta pedidos que considera consistentes política e juridicamente, e que podem receber a qualquer momento a “canetada” favorável. Entre eles um novo pedido que Bicudo, Reale, Paschoal e da oposição.

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Porém, segundo integrantes da oposição, Cunha irá enfrentar uma guerra aberta por parte do governo e do PT, que buscará cassá-­lo a todo custo caso ele deflagre o processo de impeachment. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.