Às vésperas do Datafolha, agência chinesa questiona: a Copa decidirá às eleições?

Mercado segue na expectativa pela divulgação de novas pesquisas eleitorais, ao mesmo tempo que a população se anima com a Copa do Mundo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – À medida que a Copa do Mundo acontece no Brasil, o mercado repercute se ela trará consequências positivas ou negativas para a presidente Dilma Rousseff. Em meio a esse cenário, o mercado segue apreensivo com a pesquisa Datafolha para a presidência que sairá ainda nesta semana.

Isso porque, desde o último dia 19, quando foi divulgado o Ibope, o Ibovespa não consegue engatar uma tendência de alta, uma vez que a pesquisa mostrou uma estabilidade nas intenções de voto para a presidente Dilma. E a Copa está no radar dos acontecimentos, uma vez que o levantamento foi feito depois dos xingamentos a ela na abertura do evento, na Arena Corinthians, o que teria levado a uma maior empatia popular para a presidente. Ao mesmo tempo, o fato da organização da Copa estar surpreendendo positivamente também pode ser um bom sinal para que Dilma continue sustentando a sua candidatura neste ano.

Em meio a esse cenário, a agência estatal chinesa Xinhua fez uma reportagem ressaltando a seguinte questão: será que a Copa do Mundo pode decidir as eleições brasileiras? A reportagem de Michael Place se inicia lembrando dos protestos em todo o País durante a Copa das Confederações de 2013, ocasião usada pelo presidente da FIFA, Joseph Blatter, para enviar uma mensagem de alerta para Dilma sobre o que não deveria acontecer durante a Copa do Mundo no ano seguinte.

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Os incidentes, com a efervescência dos protestos em junho de 2013, balançaram a entidade máxima do futebol, que deixou claro que a repetição destes acontecimentos em 2014 não seria tolerada. “Estamos convencidos de que o governo e, especialmente, a presidente, encontrará as palavras e as ações para prevenir que isto aconteça de novo. Eles têm um ano para fazê-lo”, destacaou Blatter. 

Mas a Copa do Mundo chegou e os medos da FIFA, até agora, foram dissipados. Apesar de alguns episódios isolados, as previsões de tumultos como observados no ano passado não se concretizaram, aponta a Xinhua. 

Onde estão os manifestantes?
Com isso, a agência chinesa se pergunta aonde estão os manifestantes do ano passado, que estavam revoltados com a corrupção do governo e o aumento dos gastos públicos. “De repente a população ficou contente com os rumos do País?”, questiona.

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E a resposta é: não é bem assim, conforme ressalta a socióloga e historiadora Lorena de Oliveira, que reforça que a revolta tem sido sufocada pelo progresso da seleção ao avançar para as quartas de final, no último sábado. “As vitórias do Brasil significam que a população esquece das outras questões, mesmo que elas sejam importantes”, afirmou Lorena à agência. Porém, não são todos que pensam assim, destacando que o empenho do governo em trabalhar duro para tornar o País melhor para o torneio está tendo efeitos positivos no evento deste ano.

De acordo com Lorena, nada menos que a vitória na Copa será aceitável para os brasileiros, “que se acostumaram a dominar o mundo com o pentacampeonato”, ressalta a Xinhua. “Uma derrota brasileira, mesmo na final, seria considerada uma humilhação nacional”, diz a historiadora. “A reação com a queda do Brasil na Copa pode provocar novos protestos e maior insatisfação em relação ao governo”.

Conforme aponta a historiadora à agência, “o fato da Copa do Mundo ser realizada no mesmo ano que as eleições presidenciais deu as dimensões políticas rígidas de eventos. O governo vai tentar usar esta paixão pelo futebol para a sua vantagem.”

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Como destaca a Xinhua, ainda é cedo para saber o impacto da Copa nas eleições. Isso porque, a última pesquisa Ibope mostrou queda do índice de aprovação da presidente de 36% para 31%, enquanto a confiança na presidente também caiu de 48% para 41%. Por outro lado, as intenções de votos na presidente se mantiveram. 

Isso porque há outros fatores além da Copa:  o apoio da Dilma vem sendo atingido por um crescimento econômico estagnado, alta da inflação e denúncias de corrupção feitas contra a Petrobras (PETR3;PETR4).

Ainda com relação à Copa, a agência ressalta a fala de Dilma, que destacou que iria provar que os pessimistas estão errados. A Xinhua reforça ainda que não é a primeira vez que um político brasileiro tem tentado usar o futebol para angariar apoio popular. Os ex-presidentes Getúlio Vargas e Emilio Garrastazu Médici também adotaram a tática, com variados graus de sucesso. Porém, ressalta Lorena, nem todos triunfaram. Assim, a agência finaliza: Dilma só pode esperar que a seleção ganhe. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.