As 8 indicações sobre o Brasil que Joaquim Levy deu durante a reunião do FMI

Criação de banco de fomento, fala sobre dívida e meta de superávit primário foram algumas das indicações do ministro da Fazenda em reunião

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No último final de semana, o ministro da Fazenda Joaquim Levy participou de reunião do Comitê Monetário e Financeiro do FMI (Fundo Monetário Internacional) e deu diversas declarações importantes sobre o Brasil e a economia nacional.

Levy reuniu-se com o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Jacob Lew e disse que foi “excelente”. Confira as principais sinalizações que o ministro deu na reunião do FMI:

1. Banco de fomento. Em uma palestra nesta sexta-feira, 17, sobre infraestrutura, ele afirmou que é normal a criação de novas e fortes instituições. “Estamos construindo o Banco dos Brics”, disse. “Há interesse global para o desenvolvimento de bancos de fomento”, afirmou. 

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O ministro ressaltou ainda que, em breve, serão indicados representantes para o Banco dos Brics. Sobre sua experiência com este tipo de banco, voltado ao financiamento de investimentos, o ministro da Fazenda afirmou que equipes de qualidade e bons projetos “são o coração” para investimentos de sucesso.

2. Exportações. Segundo Levy, dada a diversidade da força de trabalho, o vigor do setor privado brasileiro e a solidez do sistema financeiro do país, a equipe econômica espera “uma realocação relativamente rápida de recursos e a recuperação do crescimento”, impulsionada pelo crescimento das exportações, entre outros fatores, de acordo com o documento.

3. País está comprometido com reversão rápida da situação fiscal. De acordo com o ministro, o país adotou um conjunto de medidas para restaurar o equilíbrio fiscal e preparar a economia para um novo ciclo de crescimento e investimento, de acordo com a declaração, que como de praxe é divulgada um dia antes da reunião.

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O ministro afirma que o Brasil está comprometido com uma “reversão rápida” na situação fiscal em direção a indicadores de endividamento mais estáveis e “eventualmente declinantes”. “O ano atual é um ano de transição para a economia brasileira”, afirma Levy no documento.

4. Meta do superávit é difícil, mas não impossível. Levy disse no sábado que a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, mas será difícil. Ele disse que  a meta de superávit primário é factível. “Vamos trabalhar duro. Toda meta envolve um esforço e é um esforço continuado”.

5. Petrobras “página virada”. Levy ainda destacou que tem a expectativa de ter “muito brevemente” a página do balanço da Petrobras virada. Ele ressaltou que a Petrobras tem tido mudanças importantes na parte de gestão e a produção de petróleo “vai bem”, incluindo o pré-sal.

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“A própria Petrobras tem dado alguns sinais de reorientação em alguns aspectos, em alguns segmentos, de maneira muito estratégica, olhando para frente, já respondendo a todas as condições de mercados globais que mudaram”, afirmou Levy aos jornalistas. “Foi trocada a diretoria. Tem se falado em renovação do Conselho e alguns minoritários já colocaram nomes bastante interessantes”, afirmou.

6. Novas formas de captação em infraestrutura. O ministro da Fazenda disse a jornalistas  que a reação de investidores de infraestrutura com os quais se encontrou esta semana nos Estados Unidos foi “muito positiva”. “Estamos cada vez evoluindo mais em ver novas maneiras para financiar o investimento, tanto com poupança local, como estrangeira.”

Levy disse que os investidores estrangeiros entenderam o novo papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será parceiro do mercado de capitais. “Isso significa uma possibilidade de ampliação de fonte (de recursos). A infraestrutura no Brasil é ganha-ganha”, afirmou o ministro. “O BNDES vai ter um papel em que o mercado vai conseguir completar, não faz tudo sozinho.”

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“O setor privado vai começar a se mexer quando ver que todas as votações no Congresso (sobre o ajuste fiscal) estão completadas, vendo que (o governo) não só tem apoio, mas que a primeira etapa foi concluída”, afirmou Levy. Ele indicou que o programa de concessões de infraestrutura será lançado em maio.

7. Dívida é útil, mas… Levy afirmou que a dívida bruta caiu no Brasil nos últimos dez anos, para abaixo de 60%, enquanto subiu na Europa para acima de 80%. “A dívida é útil. O segredo é que seja bem administrada e sustentável”, disse.

“É uma coisa ruim ter dívida? Depende da natureza dessa dívida”, afirmou Lagarde, destacando que há significativos efeitos colaterais em se ter um déficit elevado. O Brasil construiu um arcabouço fiscal que impediu um aumento da dívida do governo, disse Levy, citando a lei de responsabilidade fiscal. “Em alguns lugares (da economia mundial), esse arcabouço não foi forte o suficiente ou o choque foi muito grande”, destacou.

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8. Decisões difíceis. Em debate, Levy disse que o Brasil está tomando decisões difíceis e fazendo um ajuste das contas públicas de modo a garantir uma base para o crescimento.

“O Brasil está tomando decisões difíceis porque as pessoas confiam. Tivemos que colocar o ajuste fiscal em prática de modo que você tenha uma base sólida para alcançar o crescimento. As pessoas entenderam isso, o Congresso entendeu. Há legitimidade, há transparência”, afirmou o ministro.

“Muitos vezes as pessoas pobres pagam um preço alto por um alto déficit – pela inflação ou pela política fiscal”, disse o ministro respondendo uma pergunta da plateia sobre os efeitos da política fiscal para os mais pobres. “Ter uma responsabilidade fiscal é muito bom, uma proteção para as pessoas pobres”, afirmou.

(Com Agência Estado e Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.