Após vitória de seu aliado em Goiânia, Caiado crava: “Serei candidato a presidente”

O atual governador de Goiás já disputou o Palácio do Planalto uma vez, nas eleições de 1989. Ronaldo Caiado foi o 10º colocado no primeiro turno, com 488,8 mil votos (0,72%)

Fábio Matos

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Reprodução/Instagram)
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Reprodução/Instagram)

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), está, mais do que nunca, no páreo para a disputa da Presidência da República nas eleições de 2026. É o que afirmou o próprio governador, nesta segunda-feira (28), apenas um dia depois do segundo turno das eleições municipais em todo o país. 

No domingo (27), o ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil), candidato apoiado por Caiado, foi eleito prefeito de Goiânia (GO), ao derrotar o deputado estadual Fred Rodrigues (PL), que era o nome chancelado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).  

Mabel obteve 353.518 votos, o equivalente a 55,53% dos votos válidos (ou seja, desconsiderando votos em branco e nulos). Rodrigues, por sua vez, ficou com 283.054 votos (44,47%), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Cacifado como a vitória de Mabel em Goiânia e ostentando elevados índices de aprovação em seu segundo mandato como governador de Goiás, Caiado descarta concorrer a outros cargos e mira o Palácio do Planalto. 

“O que você pode ter certeza é que o Ronaldo Caiado vai estar no páreo e vai estar disputando a eleição para presidente da República em 2026. Isso é a maior certeza que você pode ter”, disse o político, em entrevista ao UOL

“Eu serei candidato a presidente da República. Não tem condicionante para a minha candidatura. Eu serei candidato em 2026. Se ele [Bolsonaro] será ou não, eu serei”, garantiu Caiado. 

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Questionado sobre outros possíveis nomes da direita para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)que também foi vitorioso nas eleições municipais, tendo apoiado o prefeito reeleito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) –, Caiado disse que é “normal” surgirem outros potenciais concorrentes. 

“É normal isso. Você tem mais, talvez quatro ou cinco candidatos da direita. Tem o Ratinho [Júnior, governador do Paraná] Tem o Eduardo [Leite], do Rio Grande do Sul, tem o [Romeu] Zema [governador de Minas Gerais], tem o Tarcísio e tem eu”, afirmou o governador goiano.

“Não voltarei ao Senado. Acho que cumpri meu mandato, como governador, [estou no] meu segundo mandato. Então, já decidi. Eu não tenho mais outro caminho. O meu caminho agora é a disputa da Presidência da República”, completou Caiado.  

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Desavenças com Bolsonaro

Na entrevista ao UOL, Ronaldo Caiado falou também sobre as recentes trocas de farpas com Jair Bolsonaro, que o criticou publicamente durante a campanha em Goiânia. 

“Eu tenho uma história de vida, não é um cidadão que vai dizer o que eu sou. Ninguém vai denegrir a minha imagem. Eu tenho credibilidade moral e intelectual para governar e para fazer política. Tanto é que eu mostrei que eu sei ganhar eleições, diferente dele”, disparou o governador.

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“[Foi a] Segunda derrota [de Bolsonaro em Goiás]. Na primeira, ele lançou um candidato contra mim para governador, eu bati no primeiro turno. Agora eu bati neles no segundo turno. Acredito que agora ele esteja em condições de poder acordar, cair a ficha, respeitar as lideranças estaduais e saber que não vale a pena vir com uma total deselegância”, prosseguiu Caiado. 

“Eu fui surpreendido, totalmente surpreendido, do dia para a noite. O Bolsonaro e um senador dele aí, o Wilder [Morais], chegaram aqui em Goiânia e falaram: ‘Olha, o candidato em Goiânia é este, o candidato ali em Aparecida é este, o candidato aqui em Anápolis é este’. Quer dizer, eu nunca vi isso”, criticou. “[Bolsonaro] Devia ter tido cuidado de saber quem era o candidato. O pessoal do PL acha que só o número 22 elege as pessoas.”

Atritos começaram na pandemia

Médico por formação, Caiado acabou rompendo com Bolsonaro logo no início da pandemia, em 2020, por discordar do descaso do governo federal em relação às medidas sanitárias para diminuir a propagação do coronavírus. Tempos depois, os dois se reaproximaram.

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Caiado já disse publicamente que pretende disputar a Presidência da República nas eleições de 2026, caso Bolsonaro continue inelegível. Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente não pode concorrer a cargos eletivos até 2030.

O atual governador de Goiás já disputou o Palácio do Planalto uma vez, nas eleições de 1989. Caiado foi o 10º colocado no primeiro turno, com 488,8 mil votos (0,72%).

Além de governador de Goiás por dois mandatos (desde 2019), Ronaldo Caiado foi deputado federal (de 1991 a 1995 e de 1999 a 2015) e senador da República (de 2015 a 2019).

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”