Após rumor de limite a gastos, Lula defende investir em educação: “Oxigênio da nação”

Lula participou, no fim da tarde desta terça-feira (11), da cerimônia de premiação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), no Rio de Janeiro (RJ)

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Em meio aos rumores de que o Ministério da Fazenda pode apresentar uma proposta de mudança nas atuais regras orçamentárias para as áreas de saúde e educação, limitando o crescimento real dos pisos dessas duas áreas aos mesmos 2,5% ao ano estipulados no marco fiscal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender novos investimentos no segmento educacional.

Lula participou, no fim da tarde desta terça-feira (11), da cerimônia de premiação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), no Rio de Janeiro (RJ).

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“Não existe nenhum país no planeta Terra que conseguiu se desenvolver e crescer sem ter investimento na educação. A educação é o oxigênio de uma nação. A educação é a nossa capacidade de nos tornarmos competitivos com qualquer país do mundo”, disse Lula.

Em sua 18ª edição em 2024, o evento contou com mais de 18,3 milhões de participantes, do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Ao todo, 55,3 mil escolas públicas e privadas de 99,8% dos municípios brasileiros participaram da OBMEP.

O evento premiou 650 estudantes com medalhas de ouro. Os medalhistas são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica (PIC Jr.), iniciativa que oferece bolsa de R$ 300 a alunos de escolas públicas que integram o programa.

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“Havia muita descrença neste país em relação à tentativa de dar oportunidade aos jovens brasileiros, sobretudo os da periferia. Há muita descrença ainda sobre a qualidade da escola pública. E a gente queria provar que não tem um jovem mais inteligente porque o pai dele tem mais dinheiro ou porque a família dele tem mais posses. Todo mundo tem inteligência suficiente”, afirmou Lula. “O que faltava para a juventude era oportunidade. Era abrir a porta e falar: entrem, a casa é sua.”

Em seu discurso, o presidente da República disse, ainda, que “não quer prejudicar o filho de ninguém”. “A única coisa que eu quero é que todos, sem distinção, possam ter a mesma chance de disputar as mesmas coisas, para a gente ver quem é quem”, afirmou Lula.

“A elite econômica que governou este país desde que Cabral aqui colocou os pés e usurpou as terras dos indígenas brasileiros nunca se importou com a educação. Nunca levou em conta a questão das universidades”, criticou o petista.

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Lula também chamou atenção para a importância do trabalho dos professores em sala de aula. “Depende da vontade do aluno e da aluna e também da capacidade do professor. Nós precisamos aprender que o papel importante do professor em sala de aula não é apenas ensinar o currículo. Além de ensinar as matérias que tem de ensinar, o professor tem de fazer com que o aluno seja motivado a frequentar a escola”, defendeu.

Criada em 2005, durante o primeiro mandato de Lula na Presidência da república, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas é promovida com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC).

Além de Lula, participaram da cerimônia o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e os ministros Camilo Santana (Educação) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).

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Este foi o segundo dia consecutivo em que Lula teve agendas relacionadas à educação. Na segunda-feira (10), o presidente anunciou investimentos de R$ 5,5 bilhões para o setor, por meio de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (o Novo PAC).

Lula também fez um apelo pelo fim da greve de servidores nas universidades e institutos federais, que teve início há quase 2 meses.

Limite de gastos

Segundo reportagem publicada, nesta terça-feira (11), pelo jornal Folha de S.Paulo, a ideia da equipe econômica é a de que o crescimento real dos pisos de saúde e educação seja limitada aos mesmos 2,5% estipulados no marco fiscal.

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A Fazenda também analisa possíveis alterações nas regras de alguns benefícios previdenciários, entre os quais o auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), que passaria a ser desvinculado do salário mínimo.

As medidas vêm sendo elaboradas pelos ministérios da Fazenda, de Fernando Haddad (PT), e do Planejamento e Orçamento, de Simone Tebet (MDB). A própria ministra já defendeu recentemente a desvinculação do salário mínimo de algumas das maiores despesas do governo, como o piso das aposentadorias e pensões, abono salarial, seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Os temas são sensíveis ao PT, e as propostas foram criticadas pela presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PR).

O governo Lula vem sendo pressionado a apresentar medidas de ajuste fiscal pelo lado das despesas, o que ainda não ocorreu e é apontado como ponto fraco do arcabouço fiscal. Até o momento, após 1 ano e meio de gestão petista, o Executivo focou na busca por mais recentes para equilibrar as contas.

Questionado sobre o assunto, o ministro da Fazenda, Haddad afirmou que existem “vários cenários” discutidos sobre gastos do governo, mas que nenhum ainda foi levado a Lula.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”