Após primeira vitória contra denúncia, quais serão os próximos passos de Michel Temer?

Peemedebista consegue sancionar reforma trabalhista e reverter situação complicada em comissão da Câmara, mas dependeu de repertório amplo de manobras políticas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Mais uma semana importante para a política se encerra, com dois personagens no centro das atenções: de um lado, o presidente Michel Temer acumulou importantes vitórias para sua sobrevivência no cargo, ao passo que, de outro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu sua situação se complicar com a condenação, em primeira instância, a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Enquanto o peemedebista conseguiu sancionar a reforma trabalhista, após aprovação por placar elástico no plenário do Senado Federal, e reverter situação complicada na CCJC (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) da Câmara, com a aprovação de relatório contrário à denúncia apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot, o segundo traça estratégias para evitar nova condenação na segunda instância, o que poderia impedir seus planos de candidatura nas próximas eleições presidenciais e até levá-lo à prisão.

O fantasma da cassação ainda está longe de ser dissipado por Michel Temer, mas mesmo não conseguindo evitar a conclusão da votação em plenário antes do recesso parlamentar, o governo obteve importantes vitórias graças a uma articulação intensa de liberação de verba para emendas, oferta de cargos e substituição de membros titulares da comissão. Ao derrubar o duro relatório de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que pedia a aceitação da denúncia, e aprovar o texto de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), favorável à sua permanência no cargo, o peemedebista mostrou habilidade política e conhecimento do funcionamento do Congresso. Conquistou o centrão, expôs o racha tucano e ainda deu sinais de que não será fácil derrotá-lo.

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Apesar disso, a substituição de mais de 20 titulares da CCJC deixa dúvidas sobre o real apoio com que o presidente contará em plenário, a despeito do que o placar de 41 votos a 24 poderia indicar. Da mesma forma, o fato de a votação ter ficado para agosto e depender de quórum de 342 deputados mantém Temer nas cordas, exposto aos riscos de fatos novos desfazerem todas as reconquistas dos últimos dias. Além de tudo isso, a ameaça que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), faz à medida provisória que será editada pelo governo para reescrever aspectos da reforma trabalhista, conforme combinado com senadores para que não houvesse alteração no texto votado, deixa a iminência de um conflito direto no horizonte e pode expor a fragilidade do peemedebista em cumprir acordos.

O analista político Paulo Gama, da XP Investimentos, explica a vitória parcial do governo e seus próximos desafios. Assista:

Do lado de Lula, embora lidere as pesquisas eleitorais nos cenários de primeiro e segundo turnos, o petista corre o risco de ser impedido de entrar na corrida eleitoral de 2018. Se a estratégia da defesa do ex-presidente é atrasar o julgamento no TRF-4 (Tribunal Regional Federal, 4ª região) de recursos à sentença da primeira instância, o presidente da corte, Carlos Thompson Flores, já deu seu recado: tudo será analisado antes das eleições.

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O analista político Paulo Gama, da XP Investimentos, explica a estratégia política de Lula e o futuro da esquerda. Assista:

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.