Após destacar política suja em eleição, FT fala sobre Petrobras: “asfaltada em corrupção”

Descobertas de corrupção relacionadas à companhia são destacadas pelo jornal britânico em matério desta segunda-feira, que reforça percepção com impunidade no País

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) segue sendo destaque no noticiário internacional e, desta vez, não pela sua produção, conforme ressaltado pelo Wall Street Journal. Desta vez, o foco é a corrupção na estatal, em que ela estaria”asfaltada”. Nesta segunda-feira (11), o Financial Times destacou a crise na companhia, ressaltando que “os homens no centro do que é potencialmente maior caso de corrupção do Brasil cometeram um erro descuidado”, ao lembrar a prisão do doleiro Alberto Youssef e sua ligação com Paulo Roberto Costa, um ex-executivo da Petrobras.

Vale ressaltar que, no final de julho, matéria do FT destacou que a corrida presidencial está repleta de denúncias de corrupção, envolvendo tanto Dilma quanto Aécio Neves, classificando como “política suja”. “A campanha presidencial até agora tem sido caracterizada por velhas rivalidades, táticas de intimidação e acusações de corrupção que não pouparam ninguém, incluindo a favorita, a presidente Dilma Rousseff”, destacou a reportagem de julho. 

Em matéria de hoje, o jornal destaca o caso específico da Petrobras com a fala de analistas políticos, ressaltando uma “falha perigosa em instituições nacionais do Brasil: a facilidade com que os políticos são capazes de usar empresas estatais como uma fonte de fundos de campanha ilegais.” “A verdade é que a maior parte dos partidos tentam usar empresas estatais em seu benefício”, afirmou ao FT Sérgio Lazzarini, professor do Insper. 

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Conforme aponta o jornal britânico, a descoberta de nomes de ex-integrantes da companhia em um documento aparentemente inofensivo, relacionado à compra de um Range Rover, levou a Polícia federal a descobrir diversos documentos que comprometem a companhia e destaca ainda a invasão à casa de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da companhia, confiscando o automóvel e mais de US$ 500 mil em dinheiro. 

E, para o FT, o caso pode ter impacto nas eleições, apesar das divergências das análises. “Elas pareciam uma corrida de cavalos para a presidente Dilma, mas passou a ser a disputa mais acirrada da história recente.” O jornal britânico avalia que os brasileiros estão em choque com as acusações de que criminosos se infiltraram na Petrobras, um ícone nacional e líder mundial em exploração de petróleo em águas profundas.  

O jornal aponta opiniões da oposição e da situação sobre o assunto. Para o senador Álvaro Dias, do PSDB, o “escândalo tem contribuído grandemente para a queda na popularidade da presidente”; porém, o PT nega as alegações de que estes escândalos têm prejudicado as chances de Dilma, já que a presidente foi inocentada de qualquer irregularidade nos escândalos”. 

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O centro de uma das polêmicas envolvendo Costa e Yousseff é uma refinaria perto de Abreu e Lima, no nordeste do Brasil, originada de uma parceria entre o Brasil e a Venezuela. No começo da construção do projeto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fotografado com o presidente venezuelano Hugo Chávez apertando as mãos no local. “A refinaria foi concebido para ser uma joint venture de negócios que iria processar petróleo pesado da Venezuela, mas Caracas nunca colocou um centavo nela”, afirma o jornal. 

O projeto era criar uma joint venture entre as duas estatais sul-americanas em Pernambuco. “Mas Caracas nunca colocou um centavo: até mesmo o anti-capitalista Chávez desanimou com os custos crescentes, fez piada um ex-executivo da companhia”, destaca o jornal britânico.

“A Petrobras sempre foi politizada. Porém, executivos do petróleo dizem que Lula e seus aliados aprofundaram a prática, com a atribuição de um maior número de altos cargos para indicados políticos”, apesar do PT rejeitar esses argumentos. Além disso, foi por volta de 2006 que a Petrobras embarcou em uma série de transações que estão atualmente a ser objeto de investigações de corrupção.

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Segundo o FT, analistas duvidam muito de que Dilma seja prejudicada por conta da Petrobras, sendo o “principal fator de risco um enfraquecimento da economia”, conforme diz João Augusto de Castro Neves da consultoria Eurasia Group.  

Por outro lado, aponta o jornal, o mais preocupante para o Brasil é a propensão aparente de empresas estatais serem usadas por políticos com a intenção de financiar suas campanhas. O jornal diz que  uma lei mais dura contra a corrupção poderia ajudar, mas executá-la seria vital, uma vez que sistema legal do Brasil permite por diversas vezes que pessoas com bons advogados evitem a prisão. 

E, para o jornal, “um homem que parecia compreender o problema da corrupção endêmica foi Costa. Em um notebook apreendido pela polícia de sua casa, ele anotou uma citação de Millôr Fernandes, escritor brasileiro: ‘Acabar com a corrupção é o objetivo final de quem ainda não chegou ao poder’.”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.