Após afirmar que Copa expõe falhas horríveis, FT diz que Brasil defende ditadores

Matérias do último final de semana feitas pelo jornal britânico criticaram o governo brasileiro, tanto por conta da gestão da Copa quanto na política externa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Depois de destacar em suas páginas no último final de semana que a Copa do Mundo, que acontecerá em junho, expõe as “falhas horríveis” do Brasil – e afirmar que a presidente Dilma Rousseff poderá ter que “procurar outro emprego” se o País falhar na organização do evento -, o jornal britânico Financial Times também criticou a política externa nacional em suas páginas.

Em reportagem, o FT afirma que as fortes relações com países autoritários, como Venezuela, China, Cuba e Rússia podem atrapalhar o Brasil em seu objetivo de se estabelecer como uma importante força na geopolítica global. O último incidente, aponta a publicação britânica, foi sobre o referendo da Crimeia, feita pela ONU (Organização das Nações Unidas) em março. Brasil, China, Índia e Argentina se abstiveram, enquanto outros países consideraram inválido o referendo que decidiu a anexação da Crimeia pela Rússia.

Segundo o FT, o governo é amigo e defende ditadores, como classifica os governantes de Venezuela e Cuba. Por outro lado, o País não teria problemas em se posicionar contra os EUA, como no caso de espionagem à Dilma Rousseff pelos norte-americanos, além de também criticar as políticas da Europa. O FT diz que uma nação que pretende ter um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, “ser amigo de todos” não é mais uma opção e também pode prejudicar algo que o País diz estimar, que é a paz mundial. 

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“Falhas horríveis”
No último final de semana, o FT fez críticas ao governo brasileiro tendo como pano de fundo a Copa, que terá início em menos de dois meses. Segundo o jornal, o evento é uma nuvem negra no horizonte de Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição este ano.

Além de questionar a capacidade do governo em fazer com que o Brasil sedie este complexo evento, a matéria destacou ainda as manifestações ocorridas durante a Copa das Confederações, em junho de 2013, que teriam chocado a classe política brasileira. 

 A reportagem destaca que as manifestações se intensificaram mais no Rio de Janeiro, apontando a falta de infraestrutura e a falha das políticas de pacificação de favelas, fazendo a população ficar assustada. E avalia: “se os manifestantes retornarem às ruas, não serão necessários muitos incidentes envolvendo gangues cariocas e turistas para que ocorram dúvidas quanto a competência de Dilma Rousseff”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.