Aliados de Bolsonaro preparam ofensiva contra institutos de pesquisa no Congresso e no TSE

Possibilidades são pedido de abertura de uma CPI para investigá-los ou uma investigação sobre o assunto perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Reuters

BRASÍLIA (Reuters) – Aliados do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) decidiram fazer uma ofensiva contra os institutos de pesquisa no Congresso Nacional e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após grandes divergências entre o resultado do primeiro turno e as sondagens eleitorais.

Em sua primeira fala após o resultado, Bolsonaro chamou os institutos de “grandes derrotados das eleições” diante da diferença entre as pesquisas e o resultado final. Com 99,99% dos votos apurados, a diferença entre Bolsonaro e Lula ficou em 5,23 pontos percentuais (48,43% a 43,20% dos votos válidos), bem diferente de pesquisas que apontaram até 16 pontos de distância entre ambos.

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Duas frentes estão em discussão entre os bolsonaristas contra os institutos de pesquisa, podendo ser adotadas ao mesmo tempo: um pedido de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigá-los e uma investigação sobre o assunto perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, disse no Twitter que já conversou com aliados na Câmara para ainda esta semana começar a coletar assinaturas para a “CPI dos Institutos de Pesquisa, tendo como fato determinado a discrepância não só nas intenções de votos para presidente, mas também para outros cargos”.

O também deputado federal reeleito Carlos Jordy (PL-RJ) confirmou que vai coletar as assinaturas. “Não é mais aceitável resultados tão bizarros e discrepantes da realidade quanto os do Datafolha e Ipec. Chega de fraude para induzir o eleitorado!”, afirmou, também na rede social.

Outro caminho em discussão é mover uma ação perante o TSE para pedir a apuração dos institutos de pesquisa sob a alegação de interferência nas eleições, segundo uma fonte a par das tratativas. A equipe da campanha de Bolsonaro já começou conversas preliminares sobre essa frente e deverá decidir nos próximos dias se levará adiante.

Especialistas ouvidos pela Reuters disseram que a diferença entre o cenário projetado pelas pesquisas eleitorais e o resultado oficial da disputa presidencial coloca em evidência, de um lado, o desafio enfrentado pelos institutos para definir as amostragens do eleitorado, e, de outro, votos não declarados aos pesquisadores, em um possível movimento de boicote.