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SÃO PAULO – Desde que a delação de Julio Camargo, da Toyo Setal, foi revelada, muita coisa mudou. Mas o principal é que, agora, as cartas estão na mesa após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciar que passará a ser oposição.
“O relacionamento de Dilma Rousseff e de Eduardo Cunha já era de rompimento não-declarado e, agora, ele foi declarado. Isso torna a situação ainda mais complicada para o governo, com ainda mais dificuldades na Câmara dos Deputados”, afirma o cientista político da Arko Advice, Cristiano Noronha.
Com isso, as expectativas são de que o presidente da Câmara adote uma postura ainda mais independente, inclusive podendo dar prosseguimento aos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Assim, Cunha, que já é contestado por diversos deputados, principalmente da base aliada, – por impor uma agenda própria e sem discussão suficiente entre os parlamentares -, pode ser ainda mais contestado e ser acusado de parcialidade nas votações.
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O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), por exemplo, afirmou ontem que nunca se votou tanto na Câmara, mas alertou que nunca se votou tão atropelado. “Nunca se desrespeitou tanto as comissões especiais. A Câmara está sob suspeita”, avaliou.
Sem briga com Temer
Aliás, Noronha avalia que Cunha não se indispôs com o vice-presidente da República, Michel Temer, principalmente por ter se mostrado bastante cauteloso ao dizer que a posição de sair do governo era pessoal, não institucional.
E, além disso, o PMDB reiterou que amanifestação de hoje de Cunha “é a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do PMDB”. A nota continua: “entretanto, a Presidência do PMDB esclarece que toda e qualquer decisão partidária só pode ser tomada após consulta às instâncias decisórias do partido: comissão executiva nacional, conselho político e diretório nacional”.
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Defesa de Cunha
Sobre as acusações de Cunha de que o governo estaria usando a Procuradoria Geral da República para enfraquecer o líder da Câmara, Noronha avalia que é muito difícil avaliar o cenário, mas que é improvável que isso tenha acontecido.
E este movimento faria ainda menos sentido porque o cenário que se desenha é de ainda mais instabilidade com a “irritação” de Cunha, gerando dificuldades ainda maiores para um governo já fragilizado.
Chance de impeachment em 30%
Conforme destacou a consultoria de risco político Eurasia, os sinais mais críveis de que Cunha será indiciado nos próximos dias na Lava Jato e Lula sendo oficialmente investigado pelo Ministério Público Federal não alteram avaliação de que Dilma tenha 30% de chance de não encerrar mandato.
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A acusação de Júlio Camargo contra Eduardo Cunha, afirma, precipitou rompimento formal com governo, o que prepara o palco para um 2º semestre muito difícil no Congresso e contratempos ao ajuste fiscal do governo tornaram-se prováveis.
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