Acionistas de bancos “torceram” para Aécio, mas “comemoram” com Dilma: ela não assustou?

Depois de mais de sete meses de rali eleitoral guiado por expectativa de que Dilma não fosse reeleita, bancos voltaram a subir forte após a reeleição da presidente

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Às 20h (horário de Brasília) do último dia 26, quando era praticamente certo que Dilma Rousseff (PT) seria alçada novamente à presidência, muitos investidores, principalmente das ações do setor bancário, devem ter ficado insatisfeitos com o resultado da eleição.

Afinal, boa parte do rali observado nos últimos sete meses e meio aconteceu desde que começaram as primeiras pesquisas sobre a corrida presidencial. Além das estatais como Petrobras e Eletrobras terem registrado uma forte alta durante esse período, os bancos também foram destaque.

Quando os candidatos da oposição viam suas probabilidades de eleição aumentarem (primeiramente, Aécio Neves, depois, Marina Silva, para depois voltar a ser Aécio), as ações do setor bancário registravam fortes ganhos, com a expectativa de que fossem adotadas medidas mais pró-mercado e que levassem a um crescimento maior da economia. Quando Dilma subia nas pesquisas, o movimento observado foi diverso, com forte queda de estatais e também dos papéis de instituições bancárias. 

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Desde o início do rali eleitoral até a última sexta-feira antes das eleições, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram valorizações superiores a 30%. No caso do BB a valorização entre 17 de março e 2 de setembro bateu 102,56%, com a ação saltando de R$ 18,33 para R$ 37,13, mas a ação perdeu força desde então e acumulou ganhos de 40,48%, cotada a R$ 25,75. 

Já entre os bancos privados, os destaques ficaram para o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC3BBDC4). No caso dos ativos ITUB4, a valorização entre março e hoje atingiu 25,85%, com os papéis saltando de R$ 26,34 para R$ 33,15 – se consideramos apenas até a máxima em 2 de setembro, os ganhos chegam a 56,49%. Já as ações ordinárias do Bradesco saltaram 19,08% no período, cotadas a R$ 32,89, enquanto os papéis preferenciais subiram 28,93%, a R$ 32,89. Até 2 de setembro porém, os ganhos eram de 48,15% e 59,08%.

Achavam que sim…
Assim, havia uma grande expectativa de que, com a reeleição de Dilma, os bancos devolvessem os ganhos registrados durante o rali eleitoral. Quando a notícia de que a presidente ficaria por mais quatro anos, na noite de domingo, muitos analistas passaram a ver uma forte queda do Ibovespa – e também de bancos – na segunda-feira.

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Na sessão pós-eleição, o dia foi de forte queda para o Ibovespa, com baixa de 2,77%, mas bem longe do que se imaginava para um pregão pós-eleição de Dilma. As ações do Itaú caíram 3,47%, os ativos do Bradesco tiveram baixa de 2,17% e o Banco do Brasil, 5,24%.

Porém, nas sessões seguintes, o movimento foi de recuperação, com o mercado passando a olhar de forma mais tranquila a reeleição da presidente, além de ver com bons olhos a adoção de uma postura conciliadora de Dilma logo após ganhar um novo mandato. Além disso, as especulações sobre quem seria o novo ministro da Fazenda (com grandes especulações de um nome pró-mercado), também animaram o mercado. 

A sinalização, três dias após a reeleição, de que haveria um combate mais sistemático à inflação através do aumento da Selic (além da alta dos juros beneficiar o setor bancário) também levou à alta dos papéis do setor bancário. Na sessão pós-Copom, na quinta-feira, a Bolsa subiu 2,52% e os papéis do Itaú Unibanco subiram 8,08%, enquanto os ativos do Bradesco subiram 7,03%. Enquanto isso, as ações PN do Bradesco também subiram forte, impactadas ainda pelo bom resultado apresentado na manhã do dia 30 de outubro. O banco apresentou os números do terceiro trimestre de 2014 com uma redução na previsão de crédito, mas mostrando elevadas margens e agradando o mercado.

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Assim, durante a semana passada, os papéis do Banco do Brasil subiram 23,41%, do Itaú Unibanco (+21,32%) e Bradesco (+21,18%), mostrando que o mercado não se assustou tanto assim com Dilma e que, independente do resultado das eleições, os investidores do setor bancário tiveram o que comemorar depois da eleição de Dilma, que era tão temida pelo mercado. E, mesmo com a queda da sessão desta segunda-feira, o saldo continua bastante positivo para o setor bancário desde a eleição de Dilma. E o noticiário setorial e econômico, aos poucos, vai repercutindo nas ações. 

Mas, nas próximas sessões, o mercado deve seguir de olho nas especulações sobre quem irá compor o novo ministério de Dilma, além das próximas sinalizações da presidente. Até aí, o mercado deve seguir olhando para a política, mas o noticiário do setor voltará mais à pauta. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.