Privatização da BR Distribuidora parece ser o mais provável – e isso é uma oportunidade para investidores

Credit Suisse espera por privatização e melhora das margens da empresa 

Weruska Goeking

Bomba de gasolina

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SÃO PAULO – O segmento de distribuição de combustíveis passou por um rali desde as eleições e os analistas do Credit Suisse acreditam que esse movimento não é resultado apenas da melhora das perspectivas macroeconômicas. No caso da BR Distribuidora (BRDT3), por exemplo, a possibilidade de privatização está no radar dos investidores.

“O preço do papel já reflete alguma possibilidade de privatização, mas nossa leitura é de que ainda está longe de incorporar totalmente esta possibilidade”, afirma Regis Cardoso, analista do Credit Suisse. 

Neste contexto, o Credit Suisse elevou a recomendação da ação para outperform (expectativa de desempenho acima da média do mercado, o equivalente a compra) e elevou o preço-alvo de R$ 24 para R$ 34, o que implica uma valorização de 28% para o papel frente ao fechamento de quarta-feira (13).

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O aumento no preço-alvo em R$ 10 já incorpora um cenário misto entre privatização e manutenção do modelo de negócios. “Também incorporamos CDS e taxa de juros mais baixas somados ao fluxo de caixa dos recebíveis da Eletrobras”, acrescenta Cardoso, que vê o cenário de privatização como o mais provável.

As declarações públicas de membros do governo sobre suas intenções em privatizar diversas empresas, incluindo subsidiárias, ajudam a sustentar essa perspectiva. “Acreditamos que a Petrobras provavelmente alienará outras participações da BR Distribuidora e potencialmente abrirá mão de seu controle. Em nossa opinião, se a BR Distribuidora for privatizada o prêmio de risco deve ser reduzido significativamente e permitir redução de custos e melhora na eficiência”, afirma Cardoso em relatório enviado a clientes do Credit Suisse.

Ao avaliar a eficiência, a margem bruta é uma questão importante para a empresa e ela é competitiva em relação aos seus pares, mas Cardoso prefere uma análise mais detalhada nos custos da empresa. 

“Os custos de vendas (ajustados por DDA – débito direto autorizado) por metro cúbico estão bem acima dos competidores. Acreditamos que seja difícil fazer essa comparação com os competidores em função das diferentes formas de contabilizar custos, mas qualquer avanço nesta frente poderia ser bastante relevante para a melhora de margem da BR Distribuidora”, avalia. 

Cardoso explica que as margens são muito importantes no setor de distribuição de combustíveis e considera razoável que esse valor passe dos atuais R$ 70 a R$ 80 por metro cúbico para patamar próximo de R$ 110 por metro cúbico. 

Os motivos que justificariam esse movimento seriam a recuperação de volumes, a menor volatilidade nos preços de diesel, a troca dos consumidores por combustíveis mais caros e menor competição das importações.  Além disso, o analista diz que ficou claro nas recentes quedas de preços na refinaria que os distribuidores demoram um pouco para repassar a queda de preço aos consumidores.

No entanto, não é apenas a possibilidade de privatização que sustenta a tese de investimento em BR Distribuidora do Credit Suisse. O analista explica que mesmo com a margem estimada mantida em R$ 70 por metro cúbico, o valor ainda representa 9,5 vezes a relação entre o EV (valor da empresa) e o seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em 2019.

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Os riscos para a tese de investimento incluem concorrência e regulação no setor e retrocesso na economia brasileira. A assimetria de risco e retorno da BR Distribuidora está no modelo de privatização que a Petrobras pode adotar para a empresa. 

Em meio a riscos e oportunidades, o time de análise do Credit Suisse está otimista com o papel – e vê uma boa chance de ganhos com o papel.