”Seremos autossuficientes e exportadores em 2020″, diz presidente da Petrobras

Em entrevista à TV Brasil, Graça Foster destacou feitos da companhia e afirmou que cenário é desafiador em meio ao grande número de projetos a serem realizados

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista à TV Brasil na noite do último domingo (17), a presidente da Petrobras (PETR3PETR4), Graça Foster, ressaltou os feitos realizados pela companhia, avaliando que o ano de 2013 será muito desafiador em meio aos grandes projetos a serem realizados pela companhia.

Sobre a produção da companhia, a presidente da Petrobras se mostrou ainda mais otimista, em meio ao cenário atual de grandes importações com prejuízo para a companhia, uma vez que os produtos fósseis nacionais apresentam grande defasagem de preços frente ao interno. “Seremos autossuficientes em derivados e exportadores líquidos de petróleo em 2020. Isso é mais certo do que qualquer outra coisa”, afirmou. 

A meta da companhia é de ter capacidade de produção de 4,2 milhões de barris de petróleo diário naquele ano, sendo 52% vindos do pré-sal e 48% das várias outras áreas. A presidente destacou ainda o recorde na produção de petróleo revelado no último dia 23 de fevereiro, com produção de 300 mil barris diários.

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O período em que isso foi conquistado também a anima, afirma Graça, uma vez que os poços começaram a ser explorados em 2006. No Golfo do México, foram necessários 17 anos para alcançar essa produção. “Isso decorre do alto conhecimento tecnológico da Petrobras”, avalia.

Reajuste: defasagem não foi o problema em 2012
Graça Foster ressaltou ainda que a defasagem de preços não foi o maior problema em 2012 para o caixa da Petrobras e sim a desvalorização do real frente ao dólar, que encareceu os produtos importados. Segundo ela, seria muito fácil corrigir os problemas aumentando os preços, mas essa não é a verdadeira fonte de problemas. “A Petrobras sofre com a defasagem, mas trabalhamos sempre para a convergência de preços”. 

Questionada se o governo atrapalha na condução da companhia ao controlar os reajustes de preços dos combustíveis, a presidente da petrolífera afirmou que o governo interage. Ela ressaltou que o mercado não se pode esquecer de que o governo é o controlador da companhia. “O governo é o grande maestro e é ele que conduz a indústria do petróleo”, afirma.

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Petróleo acima de US$ 40 já é suficiente
A autossuficiência pode demorar mais ou menos dependendo das variáveis econômicas que se colocarem em jogo, afirma Graça Foster. Entretanto, a presidente da petrolífera destaca que a companhia vive um bom momento com a cotação do barril de petróleo no patamar atual, acima de US$ 100 dólares. “O barril de petróleo acima dos US$ 40,00 já paga todo o investimento em pesquisa, participações governamentais, já sendo um resultado líquido positivo. Assim, a margem da Petrobras é grande e a companhia vai muito bem”, ressalta.

Graça Foster defendeu ainda a política de conteúdo local, criticada de modo bastante forte pelos investidores por não atender as necessidades e encarecer os custos da companhia. Segundo ela, todas as vezes em que as sondas e unidades de perfuração foram contratadas no exterior, elas atrasaram de um a um ano e meio. Já ao atuar localmente, a Petrobras consegue ter um trabalho de gestão permanente com os seus fornecedores, levando a bons resultados.

Transparência e “herança maldita”
Questionada se as afirmações feitas em fevereiro de que “2013 seria um ano desafiador para a companhia” desanimaram os investidores, Foster destacou que uma companhia que possui capital aberto na bolsa de valores tem como obrigação ser transparente frente ao seu controlador e aos investidores.

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Graça Foster avaliou ainda que eles precisam saber o grande potencial de produção que a companhia possui, com mais de uma descoberta por mês nos últimos 14 meses. Segundo ela, o ano é bastante desafiador devido aos grandes projetos em que a companhia está envolvida. Além das várias unidades de produção, conclusão de campanhas de poços, estão programadas cinco paradas programadas em poços.

Várias unidades de produção sofrerão manutenção e a companhia ainda tem que aumentar a produção de derivados, minimizar a importação com o aumento do diesel. “Esses movimentos não são fáceis de serem realizados”, afirma.

Frente à produção crescente no Brasil e ao crescimento do gás de xisto, ou shale oil nos Estados Unidos, Graça Foster afirmou que a descoberta e condução das energias renováveis perderam um pouco de brilho ultimamente ou pelo menos foram postergadas.

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Por fim, com relação ao seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, ela afirmou que não existe ”herança maldita”, forma como o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva costumava se referir à situação econômica deixada por Fernando Henrique Cardoso. “Eu fiz parte deste processo junto com Gabrielli, estive por anos ao lado dele na Petrobras”, apontou.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.