Governo assume perdas de R$ 4 bi no Fundo Soberano por conta da Petrobras

Na tentativa de alcançar a meta do superávit primário de 2012, governo se desfez das ações da Petrobras justamente quando elas estão desvalorizadas

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO – O Governo brasileiro assumiu um prejuízo de cerca de R$ 4 bilhões no FSB (Fundo Soberano do Brasil), por conta da desvalorização das ações da Petrobras (PETR3; PETR4), diz reportagens no Valor Econômico e na Folha de S. Paulo desta sexta-feira (11).

Desde que o Fundo Fiscal adquiriu os papéis, em setembro de 2010, as ações ordinárias da companhia perderam cerca de 37,4% de valor, somando cerca de R$ 3,1 bilhões de prejuízos para o Tesouro, considerando o preço do dia 31 de dezembro, quando foram alienadas. Somando-se ainda as perdas de R$ 1,1 bilhão nas ações preferenciais, a conta total fica negativa em R$ 4,2 bilhões.

Nesse meio tempo, o governo tem sido muito criticado pelo mercado por sua política intervencionista, com o controle nos preços da gasolina, o que leva a petrolífera a assumir perdas bilionárias na área de abastecimento.

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Governo pode recuperar perdas pelo BNDES
Para conseguir alcançar a meta de superávit primário, o governo resgatou R$ 12,4 bilhões do FSB, sendo R$ 8,8 bilhões em ações da Petrobras e o restante em títulos públicos. No entanto, como o comprador das ações foi o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), controlado pela União, o governo ainda pode reverter essas perdas, caso as ações voltem a se valorizar.

A opção por uma venda prematura e emergencial, para melhorar as contas do superávit primário, fez com que o governo não esperasse por esse movimento de alta.

Essa operação foi realizada de forma privada, sem passar pela bolsa de valores. Mas A CVM (Comissão de Valore Mobiliários) não autorizou uma possível recompra fora do pregão. Isso significa que quando o governo quiser recomprar as ações para mantê-las no fundo, deverá realizar a operação na bolsa, o que pode causar ainda mais volatilidade aos ativos da Petrobras.