Por que investir em uma franquia acima de 80 mil?

Com a recessão econômica, as microfranquias têm crescido como nunca. Contudo, apesar do investimento ser menor, apostar em uma franquia mais barata envolve vários riscos ao franqueado. No artigo a seguir, o empreendedor Lorenzo Barbati, sócio-fundador da Cuordicrema, primeira franquia artesanal de gelato italiano do Brasil, comenta mais sobre o assunto e elenca seis motivos para você fugir das franquias com investimento inferior a R$ 80 mil.

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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O mercado de franquias é um dos poucos que tem se mantido quase que imune à crise. O setor continua registrando altos níveis de crescimento, além de presenciar uma verdadeira proliferação em número de redes. Até o fim de 2015 já eram 3.073 marcas.

Dentre elas, as chamadas microfranquias são as que mais têm crescido. Por serem mais baratas, com investimento total de até R$ 80 mil, elas acabam sendo uma opção até para quem perdeu o emprego e quer empreender com o dinheiro da rescisão trabalhista.

Sem dúvidas, algumas dessas redes são sérias e realmente lucrativas. Contudo, não podemos ignorar que muitas delas são mal formatadas, lideradas por profissionais despreparados que querem apenas surfar nessa onda. Por esse motivo, listei cinco motivos para você fugir das franquias baratas, aquelas que não entregam o que prometem.

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#1. De olho na taxa
Muitas redes não estão preocupadas com a sustentabilidade do negócio. Elas querem apenas vender novas unidades, fazendo a rede crescer a qualquer custo. Elas mal avaliam os candidatos, para ver se tem o perfil adequado para tocar a operação e fazer a marca crescer. O negócio delas é simplesmente ganhar na taxa de franquia. Então, depois que você paga essa taxa, seu sucesso não é mais uma preocupação do franqueador.

#2. Pouco suporte
Normalmente, franquias baratas são mal estruturadas. Como são formatadas por pessoas despreparadas, a rede possui problemas profundos na gestão, deixando o franqueado à mercê da própria sorte em muitas ocasiões. Cabe destacar que o princípio do modelo de franquia é justamente o de transferir o know how do franqueador, que poderá acompanhar os franqueados em etapas fundamentais para o negócio, como a escolha do ponto, a negociação do aluguel e a realização de treinamentos. Então, se o franqueador não possui unidades próprias, não vive os desafios da operação no dia a dia, provavelmente, ele falhará no suporte ao franqueado.

#3. Falta de planejamento
Como são negócios muitas vezes pautados por oportunidades, os franqueadores não costumam se dedicar muito ao planejamento do negócio. Eles formatam com pressa, a fim de colocar a rede para expandir o mais rápido possível. Nessa pressa, o plano de negócios é deixado de lado e a rede não tem sequer uma avaliação de cenários para o curto, médio e longo prazo. Falta planejamento em todos os sentidos.

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#4. Marca fraca
Franquias baratas também não costumam se preocupar muito com o posicionamento e fortalecimento de suas marcas. Raramente elas investem em ações propaganda e marketing, capazes de lutar pela preferência do consumidor e muito menos por sua fidelização. A identidade visual, site e marketing digital costumam ser feitos de modo quase que caseiro. Como não é uma prioridade, contratam qualquer fornecedor ou fazem isso internamente mesmo, com os famosos “quebra-galhos”.

#5. Vida curta
Como a prioridade dessas redes é vender novas unidades para ganhar a taxa de franquia, normalmente elas atraem uma grande quantidade de franqueados e depois ficam brigando com eles na Justiça, por anos. Logo, a fama se espalha e a rede deixa de existir. Uma prova de que quem não faz as coisas direito, com honestidade e planejamento, não dura muito. O franqueado não demora a perceber que entrou numa roubada e começa a agir para tentar minimizar seus prejuízos.

#6. Qualidade da rede
Por apresentarem um investimento mais baixo, as microfranquias tendem a atrair pessoas com menor nível de formação, preparação e recursos. Por isso, é importante colocar uma pequena régua em relação ao valor mínimo do seu investimento, para que tenha acesso a uma rede de qualidade mais elevada.

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Então, sabendo de tudo isso, investidor, antes de assinar a compra de uma unidade de franquia, avalie muito bem o histórico da marca e não se canse de visitar as unidades já em operação para saber das informações dos bastidores, aquelas que só um franqueado antigo pode saber. Tome muito cuidado, afinal uma decisão como essa pode impactar significativamente a sua vida e a de toda a sua família.
Lorenzo Barbati é sócio da rede de franquia artesanal de gelato italiano Cuordicrema.

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