Estresse vai se acumulando em fases até chegar ao adoecimento

O acúmulo de estresse acontece por conta da velocidade de evolução do cérebro humano, num percurso de três fases razoavelmente distintas, que leva à doença e a perda de qualidade de vida.

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Estar estressado é bem diferente de estar cansado. Quem já não chegou meio morto de cansaço em casa, mas feliz da vida tomou um banho, caiu na cama e acordou novinho em folha no dia seguinte? Já o estressado encontra-se a meio caminho da doença, num percurso de três fases.

Na primeira fase, sintomas como batedeira no coração, respiração curta, suores e diarreias eventuais, tensão muscular nos ombros e cabeça ao lado de insônia, inquietação, nervosismo e irritabilidade avisam que algo vai mal.

Na segunda fase o humor flutua, variando do enorme otimismo à depressão várias vezes ao dia. A irritação se completa com tendência ao cinismo, enquanto a ansiedade se torna frequente e afeta especialmente sono e sexo.

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O cansaço parece vir com mais facilidade, o raciocínio varia do acelerado ao lento, no geral confuso. A lógica parece diminuir, havendo tendência a adiar decisões, enquanto ocorre dificuldade em se estabelecer prioridades. A memória diminui para fatos corriqueiros, como números de telefone, datas e compromissos.

Se nada for feito, chega a terceira fase, com queda da resistência às infecções, aumentando a tendência ao herpes e maior número de gripes e resfriados. Aumentam as chances de crises de hipertensão arterial, diabetes, hipoglicemia, alergias, enxaqueca, gastrite e úlcera, além é claro das doenças do coração.

Na primeira fase do estresse, férias e descanso periódicos, ao lado de treinamento para aumento das aptidões pessoais anti-estresse, podem reverter o quadro. Da segunda fase para frente, provavelmente só um tratamento especializado.

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A reação de estresse “ruim”, aquele que nos prejudica, acontece por conta da velocidade de evolução do cérebro humano. A verdade é que possuímos não apenas um único, mas dois cérebros: um mais antigo e outro mais novo. Com o cérebro mais novo, raciocinamos e criamos. Já como o cérebro antigo, garantimos nossa sobrevivência biológica.

Por exemplo, se você estiver atravessando uma rua e ouvir o guinchado de um pneu cantando, não vai ficar pensando “bom, esse ruído é de um carro, ele pode estar vindo em alta velocidade, portanto acho melhor apressar meu passo…” Você simplesmente vai se sentir assustado e sair da rua o mais rápido que puder, de maneira automática e instintiva.

Essa reação ainda hoje nos salva de muitas situações. E se ela é importante ainda hoje em dia, imagine para nossos antepassados. Desde que o homem está na face da Terra, ele vem enfrentando uma série de desafios. E só sobrevivia a esses desafios quem tinha esse sistema de vigilância bastante apurado.

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Resultado: trazemos desde o nosso nascimento, armazenado exatamente nesse cérebro antigo, um sistema de vigilância bastante sofisticado, que garantiu a sobrevivência de nossos ancestrais.

Foi assim que nossos ancestrais sobreviveram. O problema é que esse sistema é extremamente eficiente para situações de risco físico, como a ameaça de um atropelamento ou outra situação hostil, mas muito pouco ou nada eficiente nas dificuldades que só apareceram no nosso tempo, como problemas no trabalho, dificuldades de relacionamento com pessoas, enfim, todas as situações do nosso dia a dia.

A situação começa a se complicar, porque nós experimentamos as mesmas sensações que só deveriam existir em situações de risco físico. Nosso cérebro antigo simplesmente não sabe diferenciar o perigo de uma situação concreta de risco de vida com uma dificuldade (mais sutil) da vida atual. Ele age exatamente como nos nossos ancestrais.

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Cada vez que seu cérebro antigo “achar” que você está em perigo, imediatamente, de maneira automática e instintiva, irá modificar seu corpo para “lutar ou fugir” do inimigo potencial. Essa reação de luta ou fuga basicamente tentará fazer com que seus músculos respondam prontamente, que sua atenção fique mais aguçada, que você tenha uma reserva extra de energia, enfim, que esteja preparado para um combate. O resultado dessa alteração é o que chamamos de estresse.

Grande parte do que chamamos “inconsciente” na realidade é simples desarmonia entre um cérebro antigo bastante atuante, mas que foi preparado para um meio ambiente que não mais existe, e a realidade que nos cerca, com desafios crescentes que exigem estratégias muito mais sutis que lutar ou fugir. A boa notícia portanto é que o estresse pode ser evitado com técnicas adequadas, e combatido com eficácia depois de instalado.

Para saber mais sobre estresse, visite
http://www.masci.com.br/#!estresse/c20wh

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Cyro Masci é médico psiquiatra e clínico geral.
Adota uma visão integrativa na medicina e na promoção da saúde. É autor dos livros “A Hora da Virada – enfrentando os desafios da vida com equilíbrio e serenidade” (esgotado) e de “Biostress – Novos caminhos para o equilíbrio e a saúde”.

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Website: http://www.masci.com.br/

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