Entenda as negociações entre EUA e China com o empresário Ricardo Guimarães

Os desacordos entre duas grandes economias mundiais não colaboram para o bom andamento dos Diálogos Estratégicos e Econômicos entre os países

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China e Estados Unidos (EUA) passam por momentos difíceis em negociações relacionadas à economia e à segurança da alta cúpula. Em dois dias de intensas conversas- em meio a incertezas no mercado econômico e em um momento em que, tanto um, quanto o outro se organizam para viverem modificações na liderança – os dois países não fazem muito avanços em relação a diversos desacordos. “Em comunicados oficiais de ambos os lados, a ideia que se passou foi de que os diálogos renderam resultados graduais”, diz o empresário brasileiro e presidente do Banco BMG, Ricardo Guimarães.

Com a eleição presidencial americana chegando, as negociações deste ano dos Diálogos Estratégicos e Econômicos, são as últimas da gestão do atual presidente do Estados Unidos, Barak Obama, esclarece Ricardo Guimarães. No caso da China, logo o país enfrentará sua própria transição de liderança. Sairão cinco dos sete membros do principal órgão de decisão do governo chinês, o Comitê Permanente Politburo, em 2017.

O compromisso da não desvalorização do yuan, a moeda chinesa, foi revalidado pelas autoridades da China, segundo relatos do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jacob Lew. O presidente do Banco BMG, Ricardo Guimarães, ainda conta que os chineses prometeram não focar na expansão do setor de aço, cuja crescente produção, de acordo com Lew, estava distorcendo o mercado.

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Algumas outras decisões ainda foram acordadas, ressalta o presidente do Banco BMG, uma delas foi que Pequim, a Capital da China, ofereceu aos investidores dos Estados Unidos uma cota de 250 bilhões de yuans, o que equivale a 38,1 bilhões de dólares americanos, para a compra de ações e títulos na China. “Isso significa um aumento relacionado ao acesso dos estadunidenses aos mercados financeiros chineses, que são fortemente regulados”, explica Ricardo Guimarães. Já outras questões causaram fortes discordâncias entre os dois países. A nova lei da China, que dá à polícia o poder de monitorar organizações estrangeiras sem fins lucrativos, não agradou nada as autoridades americanas.

Algumas perspectivas de avanços em questões como barreiras de investimentos, comércio e a política cambial da China foram limitadas por conta das reuniões estarem, justamente, acontecendo em um momento de tensões em torno do Mar da China do Sul- “Os americanos estão desafiando a afirmação de Pequim de soberania em relação às águas vizinhas, bem como as ilhas e recifes que estão sendo reivindicadas por outros países”, relata o presidente do Banco BMG, Ricardo Guimarães. Um dos focos de discordância de todas as negociações foi a lei, aprovada recentemente, que faz restrições a ONGs estrangeiras.

Contudo, sobressai o presidente do Banco BMG, apesar do mau progresso das reuniões, Estados Unidos e China também destacaram áreas onde os dois andaram trabalhando juntos , incluindo, inclusive, a não proliferação nuclear e as mudanças climáticas. Os americanos não abrem mão de que a os chineses pressionem a Coreia do Norte pela desistência de seu programa nuclear. O secretário de Estado americano, John Kerry, assegurou que as duas capitais, Washington e Pequim, comprometeram-se em cumprir as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas contra Pyongyang, que foram aprovadas no início de 2016. O conselheiro de Estado da China, Yang Jiechi, declarou que a China é a favor da desnuclearização da Península Coreana. Ambos concordaram em acelerar as discussões em um tratado de investimento entre as duas maiores economias mundiais, depois de anos de altercações.

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