UBS mantém otimismo com Bolsa brasileira e rejeita comparação com crise de 2008

Ronaldo Patah, estrategista do UBS Wealth Management, acredita em "postergação" de crescimento econômico, não em reversão de tendência

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – A forte queda das bolsas mundiais, inclusive a brasileira, na última semana pode ter assustado uma boa parte dos investidores, mas não deve ser considerada um divisor de águas em termos de fundamentos e perspectivas. Na visão da equipe do UBS Wealth Management, o movimento de aversão a risco fez parte de uma correção dentro do esperado e a avaliação do mercado de ações brasileiro segue positiva.

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“Não mudamos nossa alocação. Seguimos underweight [com exposição abaixo da média do mercado] em papéis prefixados e pós-fixados e strong overweight [exposição muito acima da média do mercado] em Bolsa”, afirma Ronaldo Patah, estrategista para mercados emergentes do UBS Wealth Management. “Mantivemos essa alocação, porque nosso cenário base é que a situação se normalize até o fim de março ou começo de abril.”

Em entrevista ao InfoMoney, Patah destacou que a expectativa de impacto do surto de coronavírus na atividade econômica neste ano justifica a correção de preços dos mercados vista nos últimos dias, ainda mais nos Estados Unidos, onde as bolsas operavam nas máximas históricas. Depois da queda de 8,4% do Ibovespa na semana passada, o índice opera em alta na tarde desta segunda-feira.

“Mesmo com a retomada ao longo do segundo semestre, há um impacto estatístico no PIB do ano que só vai ser compensado em 2021”, pontuou.

Para o estrategista, a tensão sobre os mercados deve continuar enquanto não houver estabilização no número de novos casos fora da China e, posteriormente, uma redução.

Ainda que não haja uma recessão de fato, Patah diz esperar um impacto relevante da epidemia sobre o PIB global, o que justifica, inclusive, a sinalização mais recente do Federal Reserve (Fed). Jerome Powell, presidente do banco central americano, disse na sexta-feira (28) que está monitorando a epidemia e que agirá de forma apropriada, se necessário.

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Com uma recomendação permanente de carteira diversificada entre diferentes classes de ativos (renda fixa, renda variável, mercado imobiliário, mercado internacional e fundos multimercados), a orientação da área de gestão de patrimônio do UBS aos clientes foi não reagir ao estresse da última semana. “A carteira como um todo não sofreu tanto. A grande recomendação foi ‘não faça nada’”, afirmou Patah.

2020 não é repetição de 2008

Embora as bolsas americanas tenham tido as maiores perdas em uma semana desde a crise de 2008, o estrategista refuta a comparação, ao destacar que os dois cenários são bastante diferentes e apontar que o contexto atual não representa um choque de demanda permanente.

“Em 2008, houve uma crise de crédito com quebra de bancos, uma incerteza global muito grande com aumento do desemprego. Agora é uma contenção. Você vai deixar de consumir, mas não desistiu de consumir. É uma ‘postergação’ de crescimento, não uma reversão de tendência de crescimento. Por isso não mudamos o call de brasil e continuamos otimistas.”

O UBS revisou, no início de fevereiro, a previsão para o crescimento do PIB brasileiro neste ano de 2,5% para 2,1%, mas aumentou a projeção para a expansão de 2021, de 2,5% para 2,8%. Nesta quarta-feira, será divulgado o desempenho do PIB brasileiro do último trimestre de 2019. O UBS espera mais um corte da Selic neste ano, para 4%.

Patah ainda destacou estar mais otimista com o cenário político, em meio à ameaça global estabelecida pela escalada dos casos de coronavírus. Em sua avaliação, o Congresso tem hoje maior incentivo para atuar diante do efeito da doença sobre a economia, com a possibilidade de as reformas serem encaminhadas em um ritmo mais acelerado, inclusive por conta das eleições do segundo semestre.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.