Trump no poder: Por que a vitória do republicano impacta o Bitcoin e as criptomoedas?

Bitcoin atingiu US$ 75 mil nesta quarta-feira (6), o maior preço da história

Lucas Gabriel Marins

Donald Trump capa perfil
Donald Trump capa perfil

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Em junho de 2021, em uma entrevista à Fox News, Donald Trump afirmou que o Bitcoin (BTC) “parecia uma farsa”. Três anos depois, o recém-eleito presidente dos Estados Unidos mudou completamente o discurso, passou a participar de eventos do setor e declarou a intenção de transformar o país em uma “superpotência” das criptomoedas.

Devido a essa guinada pró-cripto, analistas, corretoras e players do setor estão demonstrando um otimismo renovado após a vitória do republicano. Eles acreditam que, além de uma possível valorização do Bitcoin no curto, médio e longo prazos, todo o setor poderá ser beneficiado por regulamentações mais favoráveis e pela aceleração de projetos envolvendo blockchain – a tecnologia que sustenta os criptoativos.

“Como candidato, Trump enviou sinais muito otimistas ao mercado, indicando apoio à indústria de cripto e ao fortalecimento do status dos Estados Unidos como um hub global e regulado para criptomoedas. Se implementada, essa abordagem terá repercussões globais significativas”, disse Hong Fang, presidente da OKX.

Confira 5 apostas para o setor e um alerta!

Valorização do Bitcoin

A gestora Bernstein, que no início da semana estimou que o BTC renovaria sua máxima histórica após a vitória de Trump, disse que o ativo pode alcançar entre US$ 80 mil e US$ 90 mil no curto prazo. A meta para o final de 2025, segundo a casa, é de US$ 200 mil. “O gênio do Bitcoin saiu da garrafa e é difícil reverter esse curso”, informou a empresa.

Nesta quarta-feira (6), antes da divulgação do resultado da eleição, a criptomoeda atingiu US$ 75 mil, sua máxima histórica. Em reais, o ativo digital bateu nos R$ 460.857 nesta tarde, patamar nunca antes alcançado, impulsionado não só pelo pleito, mas também pelo dólar, que chegou a subir quase 2% em relação ao real hoje.

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Mais políticas favoráveis

“Com a vitória de Donald Trump e uma provável maioria republicana no Congresso, o caminho para políticas favoráveis às criptomoedas pode ser mais tranquilo do que o esperado. As insinuações anteriores de Trump sobre a possibilidade de designar o BTC como um ativo de reserva estratégica já geraram otimismo no mercado”, disse Min Lin, diretor de negócios da Bitget.

Valter Rabelo, head de ativos digitais da Empiricus Research, disse que o mercado pode esperar maior clareza quanto ao entendimento de criptoativos no âmbito regulatório nos EUA, o que pode repercutir em outras partes do mundo. “Isso será refletido em leis como a FIT-21 (um plano legislativo do país para esclarecer o papel das diferentes agências reguladoras na supervisão do setor) e a revogação da SAB-121 (uma orientação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC, que dificulta a parceria entre instituições financeiras e empresas do setor cripto).

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Mais projetos de tokenização

Para Rabelo, o mercado também pode aumentar o uso de blockchains como infraestrutura do mercado financeiro, o que vai permitir “distribuição global, execução automática de serviços financeiros, redução de custos operacionais e disponibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana”, disse. No Brasil, a tokenização (processo de converter de ativos do mundo real em tokens blockchain) movimentou pouco mais de R$ 1 bilhão entre 2019 e janeiro de 2024, segundo levantamento do InfoMoney.

Efeito nas altcoins

Segundo a gestora Julius Baer, o avanço do setor também deve respingar nas altcoins (qualquer cripto diferente do BTC). “Em relação ao restante dos tokens, que atualmente vemos em grande parte como uma jogada de high-beta (com alta volatilidade e risco) no Bitcoin, os efeitos devem ser exacerbados, pois a maioria é mais branda na visão dos reguladores”, escreveu Manuel Villegas, analista da gestora de patrimônio, em relatório.

Queda de juros nos EUA é benéfica

A expectativa de corte de juros nos Estados Unidos também pode beneficiar o BTC, as altcoins os demais ativos de risco. Quedas nas taxas tendem a aumentar o apetite por risco. “A perspectiva do Fomc também contribuirá para o caminho de curto prazo para ativos de risco, com o mercado precificando um corte de taxa de 25 pontos-base”, disse Villegas, da Julius Baer.

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Por fim, o alerta

Apesar do otimismo que tomou conta do mercado, é importante ressaltar que, embora haja potencial de valorização, a volatilidade das criptomoedas continua sendo um fator decisivo, segundo Luiz Calado, planejador financeiro CFP pela Planejar. “A mesma característica que torna esses ativos tão atraentes para os investidores também representa um grande desafio, exigindo cautela e estratégias bem estruturadas para mitigar os riscos envolvidos”.