Taxas de títulos públicos sobem nesta quinta-feira após nova alta da Selic

Investidores repercutiram sinalizações do BC para política monetária, CPI da Covid e pedidos de auxílio-desemprego nos EUA

Mariana Zonta d'Ávila

(CarlaNichiata/Getty Images)

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SÃO PAULO – Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 3,5% ao ano, em linha com as expectativas dos investidores, as taxas dos títulos públicos negociados no programa Tesouro Direto apresentavam alta na tarde desta quinta-feira (6).

O papel indexado à inflação Tesouro IPCA+ 2035 pagava uma taxa anual de 4,22%, ante 4,19% ao ano na tarde de quarta-feira (5). O título Tesouro IPCA+ 2026, por sua vez, oferecia um prêmio anual de 3,52% nesta manhã, ante 3,50% anteriormente.

Entre os papéis com retorno prefixado, o prêmio do título com prazo em 2024 subia de 8,02% para 8,11% ao ano, enquanto a taxa do Tesouro Prefixado com juros semestrais e vencimento em 2031 avançava de 9,21% para 9,29% ao ano.

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Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta quinta-feira (6):

Fonte: Tesouro Direto

Taxa Selic e CPI da Covid

Amplamente esperado pelo mercado financeiro, o BC promoveu na véspera o segundo aumento consecutivo na taxa básica de juros, de mesma magnitude da elevação de março, e o processo não deve se encerrar agora. No comunicado após a decisão, o BC sinalizou uma nova alta da Selic, de mesmo tamanho, em sua próxima reunião, em junho.

Em live realizada pelo InfoMoney na noite de ontem, especialistas avaliaram a decisão e apontaram que o BC criou um espaço para poder alterar sua estratégia se o cenário mudar, mesmo com as indicações já dadas.

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Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria, ressaltou que, com o comunicado, o Banco Central já deixou um sinal claro para o que esperar nos próximos meses.

No documento, a autoridade monetária afirmou que “para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude”, deixando a porta aberta para levar a Selic para 4,25%.

Alessandra, porém, reforçou que é preciso sempre ficar atento aos riscos que existem e que podem levar a mudanças nas sinalizações do BC, principalmente no que diz respeito às perspectivas para a inflação de 2022.

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Além disso, ela comentou que havia uma grande expectativa no mercado sobre o termo “normalização parcial”, diante da visão de que o BC já havia sinalizado a alta de juros este ano, mas sem afirmar que colocaria ela em seu nível de equilíbrio, ou seja, nem estimula e nem contribui para uma retração da atividade.

“O BC não abandonou o termo, mas eu diria que ele suavizou um pouco o peso dessa ‘normalização parcial’, falando que não está completamente fechado com isso, podendo alterar a estratégia dependendo do balanço de risco e expectativas de inflação”, afirma a diretora da Tendências.

Sobre o reflexo no mercado da decisão do Copom, Mário Schalch, sócio e gestor de multimercado da Neo Investimentos, acredita que o processo de aumento de Selic já está bastante precificado. “Essas sinalizações do BC, para nós, é como uma continuidade do que ocorre desde o começo do ano”, afirmou durante a live.

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Para ele, porém, o principal ponto de impacto pode ser no câmbio, com esse ritmo de altas de juros favorecendo o real, que ele acredita ter espaço para se apreciar nos próximos meses.

Em relatório, a equipe do Bradesco BBI aponta que a combinação de riscos fiscais e alta da inflação pode prejudicar a recuperação da atividade econômica no Brasil, suportando a visão de que o ciclo de aperto monetário deve continuar. O banco espera que a Selic encerre dezembro em 5,50% ao ano.

“Esperamos mais uma alta de 0,75 p.p., seguida por duas altas de 0,50 ponto e depois, um aumento final de 0,25 p.p, levando a Selic para a chamada ‘normalização parcial’ do nível de taxa de juros”, escreveu a instituição financeira, em relatório publicado ontem após a reunião.

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No radar político, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich prestou depoimento, nesta quarta-feira (5), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado Federal, que investiga ações e omissões do governo federal no enfrentamento à Covid-19 e o uso de verbas federais na crise sanitária.

A sessão marcou a segunda oitiva do colegiado com autoridades convocadas e ocorre na data em que estava previsto depoimento do general Eduardo Pazuello – sucessor do oncologista no comando da pasta –, que, por ter alegado contado com duas pessoas diagnosticadas com Covid-19, teve participação adiada para 19 de maio.

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A CPI da Pandemia recebeu hoje ainda o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Agência de Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.

Além disso, a temporada de balanços referente ao primeiro trimestre segue movimentando o mercado, com a repercussão dos números de Mercado Livre, Ambev, Grupo Pão de Açúcar, Ultrapar, Braskem, entre outras neste pregão. Após o fechamento da Bolsa, serão divulgados os resultados de empresas como B2W, Lojas Americanas, B3 e Banco do Brasil.

Auxílio-desemprego nos EUA

Na cena externa, os mercados repercutiram os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que somaram 498 mil na semana encerrada em 1º de maio, segundo o Departamento de Trabalho do país.

O dado veio abaixo do esperado pelos economistas consultados pela Reuters, que esperavam 540 mil novos pedidos na última semana.

Esse foi o nível mais baixo desde meados de março de 2020, quando fechamentos de negócios não essenciais foram adotados para conter a primeira onda do coronavírus.

Também nos Estados Unidos, o vice-presidente do Federal Reserve, Richard Clarida, afirmou ontem à rede de notícias CNBC que, com a melhora do quadro de emprego no país, é necessário que haja progresso considerável antes de o banco central americano se sentir confortável o suficiente para retirar todo o auxílio que vem promovendo desde o início da pandemia.

Nesta semana, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmou que as taxas de juros podem ter que subir para segurar o crescimento excessivo da economia americana, impulsionada por trilhões de dólares em estímulos do governo.