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Festa dos bonds: títulos de renda fixa globais caminham para retorno recorde em dois meses

Expectativa por queda nos juros nos EUA e Europa impulsionam ganhos nos mercados de crédito público e privado

Bloomberg

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O mercado de crédito global está prestes a registrar a maior variação positiva para dois meses da história, enquanto investidores aumentam as expectativas de que os bancos centrais de todo o mundo irão reduzir as taxas de juro no próximo ano. 

O Bloomberg Global Aggregate Total Return Index, que mede a variação de títulos de dívida em vários mercados do mundo, subiu quase 10% entre novembro e dezembro, o melhor resultado em dois meses desde 1990. 

Embora a variação positiva dos títulos tenha sido menor nesta quinta-feira (28), o nervosismo com os riscos de uma recessão global segue presente nos mercados. Isto reforça a necessidade de investir em crédito privado, já que os bancos centrais precisariam cortar juros agressivamente para impulsionar o crescimento econômico em 2024. 

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“O que vemos agora é um carnaval dos títulos”, disse Hideo Shimomura, gestor sênior de portfólio da Fivestar Asset Management, em Tóquio. “Os investidores de bonds estavam hibernando e agora sinto que querem sair das tocas”. 

Traders esperam corte de 150 pontos-base nas taxas dos Estados Unidos e do Inglaterra no próximo ano, além de cerca de 170 pontos-base na zona do euro, enquanto a confiança de que os BCs venceram a batalha contra a inflação aumenta. 

Essas perspectivas ajudaram a atrair uma forte procura por títulos do Tesouro americano de dois e cinco anos em leilões desta semana. Há leilão do título de sete anos hoje, um teste para avaliar como está a demanda. 

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A queda nas taxas também fez com que o dólar caísse globalmente, levando as moedas de vários países a máximas de vários meses e aumentando o retorno da dívida em outros locais. O euro, o iene e a libra estão nos níveis mais fortes em pelo menos quatro meses, enquanto o franco suíço tem seu nível mais alto desde 2015. 

A moeda do Japão recebeu impulso adicionado com as expectativas de que o Banco do Japão (BoJ) vai aumentar as taxas de juros pela primeira vez desde 2007. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, uma referência global para empréstimos, caíram quase 120 pontos-base desde o seu pico de outubro, para cerca de 3,82% nas negociações desta quinta-feira. Os títulos garantidos por hipotecas dos EUA (MBS, na sigla em inglês), os títulos do Tesouro e os títulos dos governos francês e alemão foram os maiores contribuintes para o ganho do índice em novembro e dezembro, mostraram dados da Bloomberg.

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O forte desempenho dos títulos garantidos por hipotecas desde meados de outubro desafia a teoria clássica de que normalmente apresentam um desempenho inferior ao de outros tipos de títulos de dívida quando os juros estão caindo. Isso ocorre porque os títulos foram subvalorizados à medida que seus spreads de rendimento aumentaram em relação aos títulos do Tesouro, disse Shimomura, da Fivestar.

“Muitos investidores estavam esperando o momento de comprar MBS e correram para comprá-los” quando o mercado de títulos virou, disse ele.

Os títulos corporativos considerados mais seguros também subiram em todo o mundo, com retorno de quase 11% desde o início de novembro, estabelecendo o melhor ganho de dois meses já registrado, com base em um índice da Bloomberg com dados que remontam a 2001. Um aperto nos spreads ajudou os títulos de dívida a superar a dívida pública durante esse período.

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“A ferocidade da recuperação do mercado de crédito aumentou os retornos totais para os investidores”, disse Vishnu Varathan, chefe de economia e estratégia do Mizuho Bank, em Singapura. “Há uma sensação de que os mercados estão sinalizando que estamos novamente no caminho de uma política monetária mais tranquila.”

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