Tesouro Direto: taxas de títulos públicos operam sem tendência definida com maior cautela nos mercados

Movimento de queda nas taxas observado pelo manhã perdeu força durante a tarde, com cenário externo reduzindo o apetite por risco

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – A um dia da decisão de política monetária do Banco Central, com um esperada redução da taxa Selic, e em meio a dados piores que o esperado do varejo, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto operaram em queda na manhã desta terça-feira.

Na parte da tarde, contudo, o movimento foi anulado ou revertido, no caso dos prefixados, ou reduzido, entre os indexados à inflação. Entre os papéis prefixados, o prêmio do título com vencimento em 2023, que chegou a ser negociado a 4,14% pela manhã, voltou a subir ao nível de 4,20% da sessão anterior. O juro pago pelo mesmo papel com prazo em 2026, por sua vez, que pela manhã cedia de 6,29% para 6,24% a.a, subiu a tarde para 6,34%.

Entre os títulos indexados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 registrava há pouco taxa anual de 2,66%, frente aos 2,64% pela manhã, e aos 2,68% a.a. do pregão passado. Já o mesmo papel com vencimento em 2035 oferecia um prêmio de 4,02% ao ano, ante 3,97% pela manhã, e frente aos 4,07% na sessão anterior.

Pesou no humor dos investidores para o reajuste observado, declaração do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que ainda há um longo caminho até que as pessoas demitidas no auge da quarentena voltem a trabalhar. “As pessoas do setor de serviços encontrarão mais dificuldades para voltar ao trabalho”, disse.

Outro ponto de cautela no mercado são as informações de que a China fechou novamente escolas por conta do aumento no número de casos de coronavírus em Pequim, fortalecendo os temores de uma segunda onda da pandemia em locais onde a quarentena foi flexibilizada.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos ofertados nesta terça-feira (16):

Varejo em baixa

Destaque do noticiário do dia, as vendas no varejo no Brasil caíram 16,8% em abril na comparação com março, superando a expectativa de baixa de 12,1% esperada por especialistas consultados pela Bloomberg. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda mensal foi a mais acentuada da série histórica, iniciada em janeiro de 2001.

Na comparação com o mesmo mês de 2019, a queda também foi de 16,8%. A expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg apontava para uma baixa de 14,1% no período.

O dado reflete o primeiro mês cheio de quarentena e isolamento social, com shoppings fechados em diversas cidades para conter o avanço do coronavírus no país.

O número ainda reforça a expectativa de nova queda da taxa Selic nesta reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que tem início hoje e deve anunciar amanhã uma redução de 0,75 ponto percentual dos juros básicos da economia, para 2,25% ao ano.

Maior animação no exterior

Na cena externa, apesar das preocupações com uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus, os mercados têm um pregão de ganhos, apoiados no anúncio de novos estímulos fiscal e monetário por parte do Federal Reserve, o banco central americano.

Na segunda-feira à tarde, o Fed anunciou uma mudança em seu programa de compra de títulos, que passa a permitir a aquisição de bônus de empresas individualmente. Antes, o programa abrangia apenas os fundos negociados em bolsa (ETFs).

Além disso, o governo Trump prepara uma proposta de estímulo para infraestrutura de quase US$ 1 trilhão, como parte das medidas para estimular a maior economia do mundo, segundo pessoas com conhecimento do plano.

Segundo uma versão preliminar do Departamento de Transportes, a maior parte dos recursos seria reservada para obras tradicionais de infraestrutura, como estradas e pontes, mas também destinaria fundos para a infraestrutura sem fio 5G e banda larga rural, disseram as pessoas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve discutir o acesso à banda larga em zonas rurais em evento da Casa Branca na quinta-feira.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.