Balanço mensal

Tesouro Direto: reviravolta na curva de juros leva títulos prefixados a valorizar até 6,5% em agosto; entenda

Papéis de prazo intermediário ou mais longo foram os que apresentaram maior alta nos preços neste mês

Por  Bruna Furlani -

Depois de registrar forte recuo nos preços dos títulos públicos em julho, chegando a até -9% em alguns casos, o mês de agosto foi marcado por uma reviravolta no Tesouro Direto. Os papéis valorizaram até 6,5% no mês, com destaque para os prefixados. A última vez que os títulos tinham apresentado alta em um mês tinha sido em março deste ano. A mudança está ligada à virada vista na curva de juros.

Em julho, houve forte subida das taxas, diante da perspectiva que vigorava então no mercado, de que seria necessário o Banco Central realizar um ajuste mais duro de política monetária, para além de agosto ou setembro, para conseguir domar a inflação. As projeções para a alta dos preços nos próximos anos só aumentavam.

Já em agosto, a situação se reverteu: a sinalização dada pelo autoridade monetária de que teria encerrado o ciclo de alta da Selic no patamar de 13,75% ao ano ganhou força. Além disso, estimativas de inflação para este ano e o próximo passaram por ajustes para baixo.

O resultado dessa combinação pôde ser visto nos preços dos ativos. O título que apresentou maior valorização foi o Tesouro Prefixado 2029, que subiu 6,48% em agosto. No começo do mês, a remuneração oferecida por esse papel era de 12,83% ao ano, sendo que o preço era de R$ 462,22. Já na manhã desta quarta-feira (31), o título era negociado com juros de 12,17% ao ano, e o papel era encontrado ao preço de R$ 484,72.

O efeito de aumento nos preços dos títulos, em momentos de recuo das taxas de remuneração, tem origem na chamada marcação a mercado. Durante a existência de um papel, seu preço é marcado diariamente conforme as taxas que o mercado precifica a cada dia.

Na prática, os papéis prefixados costumam valorizar quando as taxas de juros estão em tendência de queda. O contrário também é verdadeiro: os preços dos papéis normalmente caem quando as taxas de juros sobem, como estava ocorrendo nos meses anteriores, enquanto o mercado precificava uma provável continuação do ciclo de aperto monetário. Por isso, até o vencimento, alguns papéis ficaram com rentabilidade negativa em alguns momentos deste ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Leia mais:
Marcação a mercado da renda fixa vem aí: 13 perguntas para entender o que vai mudar nos seus investimentos

Prefixados são destaque

A mudança de visão com relação à política monetária fez com que os títulos com maior valorização em agosto fossem os prefixados. O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, por exemplo, registrou alta de 6,32% nos preços. No caso dele, a taxa oferecida no começo do mês estava em 12,92% ao ano e o preço era de R$ 851,38. Nesta manhã, o título oferecia retorno de 12,31% e o preço unitário do papel estava em R$ 890,26.

Chama a atenção também que os prefixados de prazo intermediário ou mais longo foram os que apresentaram maior alta nos preços. O Tesouro Prefixado 2025, em contrapartida, viu o preço avançar somente 2,9%. A explicação é que papéis com vencimento mais alongado tendem a ser mais sensíveis a alterações no cenário econômico.

Da mesma forma, títulos atrelados à inflação apresentaram valorização menor, de até 4,35%. O destaque ficou por conta do Tesouro IPCA+ 2045. No mês anterior, o preço do papel tinha recuado 8,82%.

Embora as taxas e os preços possam variar muito ao longo do tempo, o investidor precisa ter em mente que ele só poderá ter prejuízo (ou ganhos adicionais) com os títulos se resgatá-los antes do vencimento. Se carregá-los até o fim, a remuneração vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição.

Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em agosto de 2022 e no acumulado dos últimos 12 meses: 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

TítulosVencimentoÚltimos 30 dias (%)Em 2022 (%)Em 12 meses (%)Taxa de compra (%)Taxa de venda (%)
Tesouro Prefixado01/01/20252,93,623,312,1412,26
Tesouro Prefixado01/01/20296,4812,1712,29
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais01/01/20336,3212,3112,43
Tesouro Selic01/03/20251,198,0110,780,080,09
Tesouro Selic01/03/20271,128,2711,130,170,18
Tesouro IPCA+15/08/20260,634,657,425,896,01
Tesouro IPCA+15/05/20352,41-2,11-4,035,926,04
Tesouro IPCA+15/05/20454,35-9,83-16,55,926,04
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais15/08/20321,545,896,01
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais15/08/20402,280,63-0,55,916,03
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais15/05/20552,18-1,53-4,765,986,1

Fonte: Tesouro Direto. Valores levantados até 31/08/22. Obs.: Títulos sem rentabilidade acumulada no ano ou em 12 meses estão disponíveis a menos tempo e, por isso, não há cálculo de retorno no período. 

Newsletter InfoMoney
<b>Calculadora de renda fixa</b><br />Baixe uma planilha gratuita que compara a <a href="https://www.infomoney.com.br/planilhas/calculadora-de-renda-fixa/">rentabilidade dos seus investimentos de renda fixa:</a>
Insira um email válido.
done Sua inscrição foi feita com sucesso.
error_outline Erro inesperado, tente novamente em instantes.
Compartilhe