Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos operam sem direção definida na tarde desta quarta-feira

Investidores monitoram dados do varejo, IGP-DI e aguardam a ata do Fomc nos Estados Unidos com indicações sobre a política monetária americana

Bruna Furlani

Cálculo de impostos (Foto: Steve Buissinne/Pixabay)

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SÃO PAULO – Depois de começarem o dia em queda, as taxas pagas pelos títulos públicos negociados no Tesouro Direto passaram a operar sem direção definida nas negociações da tarde desta quarta-feira (7). Na atualização após o almoço, os prêmios dos papéis prefixados apresentavam queda, enquanto os retornos dos títulos atrelados à inflação subiam.

No radar local dos investidores estão as vendas no comércio varejista que subiram 1,4% em maio, mas desaceleraram frente a abril. O resultado veio abaixo das projeções dos analistas compilados pela Refinitiv, que aguardavam uma alta de 2,4% na comparação com o mês anterior.

Ainda na agenda local, investidores acompanham a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle e na audiência pública na Comissão Especial da Reforma Administrativa, em Brasília.

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Já no cenário internacional, as atenções estão voltadas para a ata da reunião de junho do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Segundo o documento, os membros agora veem menor clareza nos dados da economia americana, mas se preparam para reduzir compras de ativos.

O prêmio do título prefixado com vencimento em 2024, por exemplo, caía de 8,38% no começo da manhã para 8,31% na atualização após o almoço. Um dia antes, o mesmo título pagava 8,27%. Também durante a tarde, a taxa do título com vencimento em 2031 que paga juros semestrais, por sua vez, oferecia rentabilidade de 9,30%. Na sessão anterior, o mesmo título oferecia rentabilidade de 9,26%.

Da mesma forma, a taxa do papel prefixado com vencimento em 2026 recuava de 8,72%, no começo da manhã para 8,71% nas negociações da tarde. Anteriormente, o mesmo título pagava uma taxa de 8,78%.

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Entre os papéis com retornos atrelados à inflação, as taxas avançavam em relação às negociações da manhã. No começo das negociações de hoje, os títulos do tipo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 pagavam juro real de 4,08%, contra 4,13% nas negociações da tarde. Um dia antes, o mesmo título também oferecia rendimento de 4,13%.

Já os títulos indexados à inflação com vencimento em 2055 e juros semestrais ofereciam juro real de 4,39% nas negociações da tarde, ante 4,34% no início da manhã. Anteriormente, o mesmo papel pagava juro real de 4,40%.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta quarta-feira (7):

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Cena doméstica

Agora à tarde, o mercado segue acompanhando com atenção a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em sessões na Câmara dos Deputados. Para ele, o dólar em níveis mais elevados ante o real no Brasil está favorecendo a população mais pobre em várias partes do País, em função do turismo interno.

O ministro também afirmou ainda que, considerando o volume de exportações do Brasil nos últimos meses, o dólar “já era para ter afundado” no Brasil. Guedes reconheceu, no entanto, que a cotação do dólar sofre influência da crise política. “Com esta confusão que estamos fazendo aqui…”, disse o ministro. “Mas não critico. Democracia é barulhenta mesmo”, acrescentou.

Ao comentar sobre a tributação de dividendos e redução de impostos de empresas e assalariados, Guedes defendeu que “não adianta “jogar” impostos em cima de “30 milhões de brasileiros com renda relativamente baixa, enquanto do outro lado 20 mil proprietários de capital receberam 400 bilhões (de reais) de dividendos e tiveram isenção de 50, 60 bilhões”.

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“O que nós fizemos foi: vamos tributar os rendimentos de capital em aproximadamente 60 bilhões (de reais), 40 (bilhões de reais) nós devolvemos para as empresas e 20 (bilhões de reais) nós desoneramos o assalariado de baixa renda”, explicou.

Ainda no cenário local, o mercado monitora os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as vendas no comércio varejista que subiram 1,4% em maio, pelo segundo mês consecutivo.

De acordo com o IBGE, o setor acumula ganho de 6,8% no ano e de 5,4% nos últimos 12 meses. O aumento foi puxado principalmente pelo setor de veículos, que tem uma base de comparação muito baixa e também não está nos patamares pré-pandemia, mas desde abril vem se recuperando.

A agenda econômica também foi marcada hoje pela divulgação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que subiu 0,11% em junho, desacelerando em relação a maio (3,40%). Os números também vieram abaixo das expectativas (0,22%).

A perda da força da inflação no atacado ocorreu por causa da descompressão nos preços de commodities, que foi explicada principalmente pelo arrefecimento das cotações e pela recente apreciação do câmbio. Nos últimos 12 meses, o IGP-DI acumula alta de 34,53%.

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Além de indicadores, o mercado acompanha o ritmo de vacinação. De acordo com os analistas Alexandre de Azara e Fabio Ramos, do banco UBS, a expectativa do banco é que cerca de 85% dos adultos maiores de 30 anos tenham recebido pelo menos a primeira dose da vacina contra o coronavírus até agosto. As informações foram apresentadas hoje em relatório enviado a clientes.

No documento, eles também esperam que a economia volte a se comportar um pouco mais próxima do “normal”, em termos de reabertura e de consumo, em setembro, quando cerca de 83% dos adultos maiores de 30 anos já devem ter recebido a segunda dose.

Ainda no cenário local, investidores acompanham a CPI da Covid, que ouve hoje Roberto Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde acusado de pedir propina para adquirir doses da vacina da Astrazeneca.

Cenário internacional

Enquanto isso no cenário externo, as atenções estão voltadas para a ata do Federal Open Market Commitee (Fomc). De acordo com o documento, os membros viram uma menor clareza nos dados econômicos dos Estados Unidos. Para eles, o padrão de “melhora substantiva” na economia americana ainda não foi atingido.

Mesmo assim, a ata revelou que os membros do Fomc julgaram que, “por uma questão de planejamento prudente, era importante estar bem posicionado para reduzir o ritmo de compras de ativos, se apropriado, em resposta a desenvolvimentos econômicos inesperados, incluindo um progresso mais rápido do que o previsto em direção às metas do Comitê ou o surgimento de riscos que possam impedir o cumprimento dos objetivos do Comitê ”.

Contudo, a expectativa do mercado é o documento trouxesse novidades sobre uma postura mais hawkish do Fed com relação à política monetária americana do que foino comunicado passado.

Na zona do euro, a Comissão Europeia revisou para cima as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco para este ano e para 2022. Com isso, a comissão agora prevê que o PIB da zona do euro crescerá 4,8% em 2021 e 4,5% em 2022, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira.

No documento anterior, publicado em maio, as projeções eram de alta de 4,3% neste ano e de 4,4% no próximo. Segundo a comissão, as revisões estão relacionadas ao fato de que a atividade econômica ultrapassou as expectativas no primeiro trimestre deste ano e à melhora da situação sanitária, com uma reversão mais ágil dos lockdowns ao longo do segundo semestre.

“Essa é a maior revisão para cima que fizemos em mais de dez anos e está em linha com o avanço da confiança das empresas a um nível recorde nos últimos meses”, comentou Paolo Gentiloni, comissário da UE para a economia, referindo-se à projeção para 2021.

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